quarta-feira, 30 de maio de 2012

PAICV quer Câmaras com Provedor Municipal 

Na apresentação das 10 ideias políticas estratégicas do PAICV, o presidente do partido quer mais poder para os autarcas, mais diálogo e autonomia financeira, assim como a criação de um Provedor Municipal. José Maria Neves disse ainda que “os holofotes agora estão virados para os municípios, não para o governo” e adiantou que o estatuto municipal será revisto.

PAICV quer Câmaras com Provedor Municipal
Em conferência de imprensa, nesta terça-feira, 29, o líder ‘tambarina’ disse que o objectivo é ganhar as eleições autárquicas de 2012 e, para se sair vitorioso, o PAICV “tem de ganhar, pelo menos, 12 câmaras”.
“E estamos a trabalhar nesse sentido em todos os municípios, com a mesma força e sem desprezarmos os nossos adversários, para ganharmos a maioria das câmaras municipais do país. O PAICV parte para estas eleições com optimismo e confiança na vitória e não temo perder nenhuma Câmara Municipal”, assumiu José Maria Neves.
O presidente do partido apresentou também ideias de novas políticas públicas locais e, neste sentido, defende “mais poder para os municípios para que tenham mais recursos financeiros e mais capacidades humanas para o desempenho das novas atribuições para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”.
“Os municípios devem acompanhar a forte dinâmica de transformação do país introduzida nos últimos anos e promover uma boa governação a nível local, assim como reforçar a sua autonomia com mais meios financeiros e reforço da capacidade de mobilizar recursos”, esclarece o presidente do partido que, não conseguindo separar o seu papel como primeiro-ministro, adiantou que “o objectivo do governo é, até 2016, aumentar para 25 por cento as receitas que passam do Estado para as autarquias”.
O PAICV também quer que “as câmaras se descentralizem mais, devendo descentralizar os poderes dos paços dos concelhos para o interior das localidades”. E, neste sentido, o líder ‘tambarina’ defende a criação de um Provedor Municipal. “Para que os cidadãos possam acompanhar mais de perto, através de um ouvidor municipal que pode escutar as suas queixas, preocupações, e canalizá-las para as autoridades competentes para a sua resolução. É mais um espaço de intermediação entre o poder municipal, os cidadãos e a sociedade civil”, explica.
Uma governação local “com mais diálogo e uma nova dinâmica entre os diferentes níveis de poder” é outra ideia do partido, assim como o desejo de “um novo sistema de governo local, com mais poderes aos presidentes das Câmaras na formação e direcção do executivo municipal”.
Assim, José Maria Neves assegurou que “o PAICV trabalhará com as diferentes forças políticas para aprovar este modelo aquando da revisão do Estatuto dos Municípios”.
Aos jornalistas disse ainda que “estas eleições são autárquicas e não legislativas e não é o governo e as obras do governo que estão em causa”. “Os holofotes agora estão virados para os municípios, não para o governo, e devem ser os protagonistas municipais a apresentar as ideias e projectos que têm”, esclareceu, admitindo, no entanto, que vai “participar na campanha, de forma discreta, enquanto presidente do partido, apoiando os candidatos”.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

 

BI´s e Certidões arrastam candidaturas nos tribunais 28 Maio 2012

Ausência de fotocópias de Bilhetes de Identidade, certidões e declarações dos candidatados e cidadãos que suportam as candidaturas, sobretudo as independentes, arrastaram até domingo o processo de validação nos tribunais das várias comarcas do país. Estas exigências, classificadas pelas candidaturas como excesso de zelo mas definidas pelas autoridades como cautelas, advêm da suspeita de utilização de identificação falsa e inclusão de nomes nas listas à revelia da lei nos processos autárquicos anteriores.
Constânça de Pina

BI´s e Certidões arrastam candidaturas nos tribunais
Todos os mandatários das candidaturas já foram notificados pelos tribunais de Cabo Verde, que os informaram que as listas para as autárquicas de 1 de Julho foram aceites ou que os processos carecem de ajustes. Os casos mais complexos envolvem as candidaturas independentes cujos processos estão incompletos, segundo informações apuradas junto dos tribunais. Em São Vicente, por exemplo, a candidatura de Alcindo Amado é a única que ainda não tem o aval do juiz. Ao A Semana, Amado admitiu que já foi chamado várias vezes para levar mais documentos.
“Desde sexta-feira fui chamado diversas vezes ao Tribunal. Acho que está a haver excesso de zelo das autoridades judiciais. Agora, pediram-me mais uma declaração, que tenho de ir buscar na Comissão Regional Eleitoral. O juiz estendeu o prazo para fechar o meu processo de candidatura até domingo” frisava Alcindo Amado. Dificuldades idênticas enfrentam o GIUSD - Grupo Independente Unidos por São Filipe Solidário e Desenvolvido, liderado por Eugénio Veiga, e o GIASF - Grupo Independente Abraçar São Filipe, apoiado pelo MpD e encabeçado pelo médico Júlio Andrade.
O processo do GIDSBV - Grupo Independente para o Desenvolvimento Sustentado da Boa Vista - que vai disputar a edilidade com o MpD e o PAICV e cuja candidatura foi validada, decorreu de forma mais tranquila. Segundo Sérgio Korá, o processo foi aprovado pelo tribunal no limite do tempo inicialmente estabelecido, ou seja, às 17 horas da última sexta-feira. Nos Mosteiros, todas as candidaturas – PAICV, encabeçada por Fernandinho Teixeira e José Cruz, MpD, liderada por Énio Fontes e Miguel Monteiro, e CIGA – Candidatura Independente Ganhar Autárquicas - foram aprovadas, mas a fixação do edital foi adiada para sábado.
Mas é um facto que as candidaturas partidárias foram mais tranquilas, até porque não necessitavam de anexar aos processos fotocópias de BI dos seus apoiantes. Júlio Correia, coordenador nacional autárquico do PAICV, garantiu ao A Semana que todas as candidaturas tambarinas foram aprovadas dentro do prazo. Entretanto, é do conhecimento deste jornal que, pelo menos o dossier de Demis Lobo, na ilha do Sal, enfrentou dificuldades e só deverá ser aprovado nesta segunda-feira. Ao que conseguimos apurar, faltava a declaração de um integrante da lista que actualmente reside nos EUA.
Do lado do MpD, o coordenador nacional das autárquicas, José Luís Livramento, garantiu que até ao fecho desta edição quase todas as candidaturas ventoinhas já tinham sido validadas. Mas os ventoinhas enfrentaram problemas com documentos, como explicou ao A Semana uma fonte do Tribunal da Comarca de Santa Cruz. A UCID e o PTS também tiveram as suas candidaturas aprovadas, com menor ou maior grau de dificuldade, segundo admitiram a este jornal os presidentes dos respectivos partidos.
Separados pela política
O fenómeno de familiares separados pela política não é inédito em Cabo Verde e repete-se nestas autárquicas, prometendo uma disputa acirrada e episódios no mínimo inusitados. No Porto Novo, por exemplo, enquanto Jorge Martins integra a lista do PAICV como independente, o seu filho, Dénis Martins, é o terceiro nome da lista ventoinha. Amadeu Cruz, candidato a presidente da Câmara Municipal do Porto Novo pelo MpD, vai enfrentar o irmão Arlindo Almeida, que está na lista tambarina.
Outro facto curioso é a presença de um grande número de independentes nas listas partidárias - seja do MpD, PAICV, UCID e PTS - um pouco por todo o país.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

CEDEAO mantém decisão de sanções e força de paz na Guiné-Bissau

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) abdicou do nome que havia indicado para liderar a transição na Guiné-Bissau, mas decidiu manter as sanções impostas ao país e o envio de uma força de manutenção de paz.

De acordo com o comunicado final da cimeira extraordinária da organização que se realizou nesta quinta-feira, 3, em Dacar para discutir a situação na Guiné-Bissau e no Mali, a organização defende que deve ser o parlamento guineense a eleger o Presidente interino de transição, bem como o presidente da Assembleia Nacional.
Segundo o comunicado lido pelo presidente em exercício da CEDEAO, o chefe de Estado da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, as pessoas escolhidas para liderar a transição não podem candidatar-se às eleições presidenciais, que devem realizar-se no prazo de 12 meses.
A CEDEAO havia defendido que a transição devia ser liderada pelo Presidente interino deposto pelos militares, Raimundo Pereira, mas o comando militar golpista recusou esta proposta.
Agora o comunicado vem dizer que o Primeiro-ministro deve ser uma "personalidade de amplo consenso, que deverá formar um Governo de transição também de amplo consenso".
A organização regional africana decidiu ainda manter as sanções impostas ao país no passado dia 30 de Abril “até o retorno à normalidade institucional” e ameaça que todos os que criem desestabilização durante o período de transição “serão alvo de sanções personalizadas”.
A CEDEAO também se mantém firme na decisão de enviar uma “força de manutenção de paz”, embora sem especificar uma data. Esta força, segundo o comunicado, vai avançar para Bissau para “garantir a segurança da retirada da Missang -missão militar angolana-, assegurar a transição e paralelamente apoiar a reforma de defesa e segurança”.
Apesar de defender que deve ser o parlamento a escolher as autoridades de transição, contraditoriamente a CEDEAO exige “o regresso imediato à ordem constitucional” e a “revisão da lei eleitoral”.
A organização regional africana apelou ainda às Nações Unidas (ONU) e à União Africana (UA) para que apoiem os seus esforços para resolver a crise na Guiné-Bissau após o golpe de Estado de 12 de Abril.
A CEDEAO decidiu na segunda-feira impor sanções contra os militares que tomaram o poder na Guiné-Bissau, após 12 horas de discussões com o líder dos golpistas, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai.
Os 15 Estados da organização já haviam decidido a 26 de Abril enviar uma força de estabilização de 500 a 600 militares para o país, bem como exigir a libertação de Raimundo Pereira e do Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, o que aconteceu no dia seguinte.

Guiné-Bissau: José Maria Neves preferia medidas mais radicais da CEDEAO

O primeiro-ministro preferia medidas mais radicais na cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a Guiné-Bissau, que aconteceu esta quinta-feira, 3, em Dacar, Senegal. José Maria Neves disse também que o processo é complexo e ainda não terminou.

"Teríamos de tomar medidas radicais, primeiro para garantir a reconstituição do Estado do Direito democrático, a reconstituição das instituições e a constituição de umas forças armadas republicanas. Aí exigiria medidas muito mais radicais", afirmou José Maria Neves no final da cimeira dedicada à situação na Guiné-Bissau e no Mali.
"Temos agora de analisar a situação concreta actual e ver que passos terão de ser dados para abrirmos caminho para a aceitação das decisões das instâncias internacionais e evitarmos um confronto militar e perdas de vidas na Guiné-Bissau. Há ainda decisões que terão de ser avaliadas por outras instituições. Sábado na CPLP, segunda-feira na ONU", declarou o Primeiro-ministro.
"Na Guiné-Bissau não se trata de um golpe de Estado, mas de uma situação de instabilidade, com derrube de presidentes e de governos legitimamente constituídos, de assassinatos políticos, de assassinatos das chefias militares e da criação de um ambiente de instabilidade institucional que não tem favorecido a consolidação do Estado de Direito democrático", descreveu.
"Há o problema do tráfico de droga, que permeia diferentes instituições do país, há uma grande fragilidade institucional e do Estado. A situação é muito complexa", afirmou o chefe do Executivo que marcou presença em Dacar com o ministro das Relações Exteriores, Jorge Borges.
José Maria Neves lembrou as decisões saídas da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da CEDEAO: "Há a decisão de se constituir uma força de interposição e de eleger uma nova mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP), que permitiria escolher um novo Presidente do Parlamento, que, por sua vez, assumiria a presidência interina do país”.
“Por outro lado, o vice-presidente do Parlamento assumiria a Presidência desse órgão e haveria ainda a indicação de um novo Primeiro-ministro de um governo de base alargada", afirmou.
Hoje, a CEDEAO abdicou do nome de Raimundo Pereira para liderar a transição na Guiné-Bissau, mas decidiu manter as sanções impostas ao país e o envio de uma força de manutenção da paz.
"Para se eleger uma nova mesa do Parlamento, é preciso que a actual renuncie”, afirmou José Maria Neves, recordando que “a mesa é eleita para todo o mandato e que as coisas ainda estão muito complexas e dependerão agora da aceitação de todos os actores políticos da Guiné-Bissau".
Expressando a "profunda preocupação" de Cabo Verde, José Maria Neves defendeu novas medidas, "mais profundas e radicais", para pôr definitivamente cobro à impunidade, e disse que o processo ainda não terminou.
"Há uma grande complexidade, há posições muito divergentes. Muitas vezes, entre o ideal e a decisão tomada há uma grande distância. Apesar dos princípios que são enunciados pela CEDEAO, foi a decisão possível, que pode não responder cabalmente aos princípios e aos ideais da CEDEAO", vincou.
"Mas há a recusa dos militares e há algum receio de confronto militar. Quer-se fazer um esforço no sentido de se evitar a guerra. Este é o compromisso essencial, tentando levar a actual mesa do Parlamento a renunciar para se poder eleger uma nova", acrescentou.
Já a manutenção de sanções aos revoltosos até ao final dos 12 meses de transição, quando se prevê um acordo entre todas as partes, "faz sentido".
"Faz sentido, até para pressionar os militares a aceitarem as decisões da comunidade internacional. Neste momento, há a decisão da CEDEAO, mas a própria CEDEAO vai articular-se com a União Europeia e com a ONU e poderemos ter também alterações, ou nuances, em relação à decisão da CEDEAO. É preciso continuar a pressionar os militares guineenses no sentido de tomarem as melhores decisões neste momento", sustentou.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Carta Aberta ao Presidente da Câmara Municipal de S. Vicente

Meu caro, li a sua entrevista no Expresso das Ilhas e ela deu-me algumas voltas ao estômago, pois jamais vi, nas linhas e entrelinhas da dita cuja, tanta aversão à Ilha de Santiago por parte de um político local, aversão só explicável por eventuais traumas e psicoses mal resolvidas. Recomendo-lhe vivamente uma ida a um psicólogo. Poderia recomendar-lhe alguns, possuidores de mestrados e doutoramentos na área de sentimentos recalcados, mas como são originários de Santiago, a sua situação clínica, certamente pioraria! Devo dizer-lhe também que jamais vi alguém tão perdido em seu (nosso) próprio tempo, alguém que hiperboliza em demasia as potencialidades da sua Ilha e apouca as da Ilha que na verdade é o sustentáculo do todo nacional - Santiago! E tive pena de si, por perceber quão enorme é a sua antipatia à minha ilha! Nada a fazer, a não ser recomendar-lhe que “chupe limão e passe creme nos cotovelos”!

Por: JOÃO GOMES

Carta Aberta ao Presidente  da Câmara Municipal de S. Vicente
Começo pelo título que o Expresso deu à sua “lavagem de alma” à laia de entrevista: “Se há dinheiro para o Porto da Praia e para a Cidade Administrativa tem de haver para S. Vicente”. Bem, uma vez que você anda perdido e não tem noção alguma de como as coisas foram decididas, deixe-me prestar-lhe alguns esclarecimentos. O MCC (Millenium Challenge Corporation), posto perante várias opções acerca do destino do dinheiro dos contribuintes norte-americanos, optou por aquele que lhe pareceu ser bem mais rentável, pois teriam de explicar ao Congresso dos EUA no quê e porquê o dinheiro foi gasto! E o porto da Praia ganhou destacadíssimo, com um forte apoio do então Embaixador americano, Johnson.
O nosso porto, a despeito da xenófoba gestão da Direcção da ENAPOR, já era, na altura, responsável por mais de 50% do movimento de cargas e mercadorias no país! Sabe quanto representa o porto da Praia nas receitas da ENAPOR? Sei que não sabe, por isso pergunte ao Franklim! Você que tanto hiperboliza as receitas altíssimas de SV, parece viver num país que não é o meu. Em 2010, as receitas aduaneiras de Santiago somaram ECV 7.255.752.388 e as de S. Vicente 4.016.878.657. E os números da alfândega do Mindelo devem-se em grande parte às mercadorias descarregadas com destino à Praia. Nem lhe indico as diferenças de receitas do IUR e IVA entre as ilhas, para você não ter um piripaque! Se for aprovada uma lei estatuindo que cada ilha fique com o que ela produz, você pensa que Santiago ficaria a perder?!
Meu caro, o norte-americano é um povo rigoroso e nada brincalhão com o dinheiro dos contribuintes, pois sabem que estes não deixam em paz os políticos que se portarem mal nesse, como noutros domínios. Assim, eles não são influenciáveis pela “linda cor dos olhos” de ninguém! Jamais aceitariam aplicar o dinheiro em opções como a da criação de um “1st world university campus” com piscinas e recintos desportivos olímpicos, cujos estudantes, como forma de rentabilização económica, seriam transportados de barco.
De onde? De Santiago, obviamente! Seria um regresso ao passado! Você estava pensando que são os Governos que impõem ao MCC onde o dinheiro norte-americano é aplicado? Caia na real, oh homem! No dia em que, ao invés de você querer investimentos públicos por causa de pretensas vocações especiais de S. Vicente, cimentadas em tempos que já lá vão, você passar a apresentar projectos com viabilidade e rentabilidade garantidas, garanto-lhe que tudo será diferente! Moderniza-te, pá!
Outro aspecto da sua entrevista que me provocou algumas gargalhadas é essa proverbial mania de alguns (felizmente poucos) bairristas do seu cutelo, de afirmarem estar tudo a ser feito em Santiago! Vou citar ipis verbis um comentário de um internauta (peço licença a esse internauta para usar o que ele escreveu) a respeito de um artigo escrito por um tal Miranda Lima num dos jornais on-line sobre a transferência de ministérios civis para SV: “o que você está a propor basicamente é isto - não se invista em Santiago para preservar a historia e o simbolismo de S. Vicente. Bonito! O artigo (acrescento eu, a sua entrevista também, meu Caro Augusto) é de conteúdo bairrista e contra o desenvolvimento de S. Vicente porque induz a transformação da Ilha numa “dependente” da vontade dos Governos de turno que decidem mais ou menos investimentos de acordo com interesses políticos imediatos e não incentiva o empreendedorismo do cidadão de S. Vicente. A teoria que você desenvolve é comunista: “Ricos, sejam menos ricos para que os pobres sejam menos pobres”.
Por outras palavras diz, transfiram parte das INSTITUIÇÕES que estão na Praia (porque não deviam lá estar) para reduzir a macrocefalia da Capital e para que S. Vicente (que tem história e tradição) recupere a dignidade perdida”. Não é por esta via tortuosa que o Senhor consegue o desenvolvimento de S. Vicente. Pergunto se você sabe que na década de 70/80 todo o investimento público na área Industrial foi concentrado na Ilha de S. Vicente: CABNAVE (Estaleiros Navais) ONAVE (Metalomecânica) PESCAVE E INTERBASE (Pescas e Frio) MOAVE (moagem), SOCAL (Sapatos), MORABEZA (confecções), etc. e para ilhas do Sul, Santo Antão e S. Nicolau, só se investiu no sector Agrário? Não sei se lembra da teoria tripolar de desenvolvimento, que vigorava então?
Não deixa de ser um disparate e um bairrismo primário considerar que o desenvolvimento de S. Vicente passa pelo retrocesso de Santiago. Tenho que dizer-lhe ainda que a maior parte de investimentos importantes no sector industrial, construção e grandes superfícies comerciais, em Santiago, deve-se a privados: INFARMA (medicamentos), SITA (tinta), CERVEJA, TECNICIL e EDITUR (construção), SUPERMERCADOS CALÚ E ANGELA (supermercados) etc. Mais: Santiago conheceu mais investimentos privados na década de 90, na Democracia. Pudera, o privado não vai investir por questões afectivas. Investe lá onde tira o maior rendimento do seu capital e lá onde tem mercado, logo maior numero de consumidores/habitantes. Outro factor que tem contribuído para que haja mais investimentos em Santiago é o amor que o “BADIU” tem à sua Ilha. Não vive do passado. Não! Labuta lá fora, ganha dinheiro, para investir na sua Ilha, criando empresas, construindo prédios e dinamizando a Economia e não exigindo que se transfira nada de parte alguma para Santiago. S. Vicente durante vários anos teve a protecção do Governo, quando o comércio não estava liberalizado. Os comerciantes tinham um plafond de importação e comodamente usufruíam de chorudos lucros que esta condição lhes facilitava, já que dominavam todo o comércio das outras Ilhas, inclusive Santiago que também se aprovisionava de S. Vicente. A situação era justa”? Fim de citação! Bravo, sr. Internauta, o seu comentário serve como uma luva nesta minha carta! Touché!
Na década de 90, com a liberalização económica, durante a qual S. Vicente demonstrou não saber funcionar em concorrência, também se investiu num outro enorme “projecto” - o Terminal de contentores, o qual, englobado no pacote de 12 milhões de dólares relativo à expansão do porto grande, está ainda a ser pago pelo povo cabo-verdiano, de S. Antão à Brava! E investimentos em obras estruturantes nunca deixaram de ser feitas em S. Vicente e acho deselegante e ingrato, você não reconhecer isso. Santiago, não obstante ser onde está a Capital da Nação, esperou 30 anos por um aeroporto internacional, sempre com a explicação de se evitar o colapso do Sal; não se investiu no porto da Praia, para não pôr em causa a vocação do porto grande. Mas por que carga de água tem Santiago de diminuir para que as outras ilhas cresçam? Curiosamente, bastou ser inaugurado o aeroporto internacional da Praia para, num abrir e fechar de olhos, S. Vicente ser contemplada também com um aeroporto internacional financiado por um banco europeu, avalizado pelo Governo, com capacidade para movimentar o dobro dos passageiros do aeroporto da Praia e, no entanto não movimenta, por enquanto, nem uma décima parte. Ou seja, enquanto as obras em SV são feitas para o futuro (acho bem e assim deveria ser em todas as ilhas), as em Santiago são feitas para corrigir erros do passado. É claro que quando são inauguradas já estão obsoletas. E mais! O Governo, como forma de viabilizar a infra-estrutura aeroportuária de S. Vicente, gastou ainda mais de 2 milhões de contos (sim, dois milhões de contos) para desbastar os montes ao redor do aeroporto, enquanto para se aumentar mais 400 metros de pista no aeroporto da Praia, o dinheiro não aparece! E tens o desplante de falar de falta de investimentos públicos em S. Vicente? Não seja ingrato, meu caro Augusto!
Meu caro, você conhece Santiago? Sei que não conhece nem quer conhecer, pois a sua, e a de alguns como você (felizmente poucos), aversão a esta Ilha, é patológica! Se você visitar o interior desta Ilha, certamente irá ficar com a mesma sensação com que ficou o seu conterrâneo Eng. Manuel Inocêncio quando visitou pela primeira vez essa porção da Ilha maior, na qualidade de Ministro das Infra-estruturas. Dizem que ele ficou perturbado por constatar o estado primitivo com que bastas populações ainda viviam - sem água, sem luz, sem estradas, sem habitação condigna, sem telefone, sem nada. Viviam (e algumas ainda vivem) como gente na Idade da pedra, enquanto povoações de pouco mais de cem pessoas em algumas Ilhas do norte, há muito foram contempladas com todos esses bens básicos! S. Vicente, por exemplo, já vai na 3ª fase do Projecto de saneamento básico, enquanto Praia (não Santiago) ainda nem saiu da 1ª fase! Foi por essas e outras que o actual Primeiro-Ministro, num acto de coragem e audácia, reconheceu que o Estado de Cabo Verde é, profundamente, devedor da Ilha de Santiago, tendo vindo os Governos a fazer esforços enormes no sentido de colocar Santiago na senda dos investimentos públicos! Estes parecem ser muitos, porque, durante muitos anos, em ST não tinha sido feito nada, ou quase nada!
Meu caro, deixe-me colocar um ponto num “i” em relação a uma baboseira sua e de alguns (felizmente poucos) como você. Não corre em vossas veias nenhum sangue diferente do de outros cabo-verdianos que tiveram o azar de nascer fora de S. Vicente. A notoriedade que S. Vicente teve em momentos da nossa história, é porque, além do porto Grande, foi concentrado aí o único liceu da altura e todos, a duras penas, tiveram de lá ir estudar, inclusive o meu pai e este tem brilho em qualquer parte do mundo! Não foi S. Vicente que deu notoriedade ao liceu mas sim o contrário, pois se o mesmo tivesse sido instalado noutra Ilha qualquer, com os mesmos mestres e os mesmos ilustres estudantes (Jorge Barbosa, Pedro Cardoso entre muitos outros não originários de SV), os resultados teriam sido os mesmos! Ou você acha que o simples ar de S. Vicente transforma burros em espertos e o marasmo em dinamismo! Se assim fosse, S. Vicente estaria em níveis estratosféricos e não haveria razões de queixa. Com a criação de liceus pelas ilhas, todos tiveram as mesmas chances de estudar e hoje o maior número de mestres, doutores, mestrandos e doutorandos são de Santiago, mais precisamente de S. Catarina! E imagina meu caro, que uns até estão ganhando prémios internacionais de poesia, de literatura e outros estão entre os 100 melhores cirurgiões de Nova Iorque. E não nasceram em S. Vicente? Como é possível?!
Meu caro, as Sedes das empresas que você citou (ENACOL, SHELL, ELECTRA) ficam onde os accionistas quiserem. A mudança territorial das mesmas não deve ser objecto de actos administrativos do Governo. Lembro-lhe apenas que elas, não obstante estarem sediadas em S. Vicente, têm o principal mercado em Santiago e é por causa deste mercado que conseguem os resultados que apresentam! Só a estação de Chã de Areia da Shell (hoje VIVO) vende mais gasóleo que toda a Ilha de S. Vicente. Sabia disso? Aposto que não! O mesmo se diga da ENACOL e até mesmo da Electra (a pior empresa do mundo), a qual tem na Praia, apesar dos furtos de luz e das perdas na rede, a sua maior fonte de receitas. Quer isso dizer que até as receitas apresentadas por elas nas sedes em S. Vicente, devem-se ao mercado consumidor que é Santiago!
Para terminar, volto a citar o internauta supra mencionado: “Para que S. Vicente se desenvolva, é minha opinião, que primeiro deve-se deixar de pensar que se está a retirar algo de seu a S. Vicente e ter presente que a situação actual da ilha é derivado da dinâmica de desenvolvimento de Cabo Verde que os empreendedores de S. Vicente não souberam acompanhar preventivamente. Em segundo lugar, esquecer-se que “tempo qui gato Mané João tava engorda na gemada”, passou. Cabo Verde mudou! As práticas do empreendedorismo também têm que mudar. Terceiro, que todas as ilhas têm que ser competitivas e isso passa pelo aproveitamento das suas vocações e pelo empreendedorismo dos seus cidadãos. Por último e não disse tudo, é preciso dar combate ao bairrismo doentio e à vitimização injustificada”. O Estatuto Especial para a Capital é um ditame constitucional; para haver um também para SV, só com uma Revisão Constitucional. Passe bem e venha comer connosco um bom cabrito com mandioca à moda de Santiago! Fadjádu!

Cabo-verdiana em concurso de fotografias da House Power Dance

Neia Marques, estudante cabo-verdiana na Universidade Católica de Braga, Portugal, é uma das muitas concorrentes do 3º concurso de fotografias para eleger a modelo para o novo catálogo de primavera - verão da agência de moda e eventos House Power Dance. Para ganhar o concurso e entrar para o mundo da moda, a estudante precisa apenas de “gostos” (likes) de todos os seus amigos na sua foto no Facebook.

Cabo-verdiana em concurso de fotografias da House Power Dance
 
São escolhidas duas mulheres e dois homens. Quem conseguir mais “gostos” na maior rede social do mundo ganha os seguintes prémios: fazer o catálogo primavera-verão 2012, receber ofertas da loja Star Fashion, oferta de um livro fotográfico, sessão fotográfica com dois fotógrafos profissionais.
Mais: terá ainda direito a um desfile de moda com tudo pago, ser capa da nova revista da agência House Pawer Dance e ainda participar em workshops de fotografias grátis de oito horas. Todas as candidatas terão ainda a oportunidade de participar no próximo vídeo clip do cantor T-Love.
Para participar é preciso juntar duas fotos de cara e corpo e enviar com nome, idade, contacto e cidade para o email da House Power Dance: house-power-dance@hotmail.com. A concurso decorre até o próximo dia 1 de Junho e já conta com dezenas de participantes.
Para vencer o concurso, a estudante cabo-verdiana lança o apelo na sua página no Facebook para que todos os amigos a ajudam nesta oportunidade de entrar no mundo da moda.