BI´s e Certidões arrastam candidaturas nos tribunais 28 Maio 2012
Ausência de fotocópias de Bilhetes de Identidade, certidões e declarações dos candidatados e cidadãos que suportam as candidaturas, sobretudo as independentes, arrastaram até domingo o processo de validação nos tribunais das várias comarcas do país. Estas exigências, classificadas pelas candidaturas como excesso de zelo mas definidas pelas autoridades como cautelas, advêm da suspeita de utilização de identificação falsa e inclusão de nomes nas listas à revelia da lei nos processos autárquicos anteriores.
Constânça de Pina
Todos os mandatários das candidaturas já foram notificados pelos tribunais de Cabo Verde, que os informaram que as listas para as autárquicas de 1 de Julho foram aceites ou que os processos carecem de ajustes. Os casos mais complexos envolvem as candidaturas independentes cujos processos estão incompletos, segundo informações apuradas junto dos tribunais. Em São Vicente, por exemplo, a candidatura de Alcindo Amado é a única que ainda não tem o aval do juiz. Ao A Semana, Amado admitiu que já foi chamado várias vezes para levar mais documentos.
“Desde sexta-feira fui chamado diversas vezes ao Tribunal. Acho que está a haver excesso de zelo das autoridades judiciais. Agora, pediram-me mais uma declaração, que tenho de ir buscar na Comissão Regional Eleitoral. O juiz estendeu o prazo para fechar o meu processo de candidatura até domingo” frisava Alcindo Amado. Dificuldades idênticas enfrentam o GIUSD - Grupo Independente Unidos por São Filipe Solidário e Desenvolvido, liderado por Eugénio Veiga, e o GIASF - Grupo Independente Abraçar São Filipe, apoiado pelo MpD e encabeçado pelo médico Júlio Andrade.
O processo do GIDSBV - Grupo Independente para o Desenvolvimento Sustentado da Boa Vista - que vai disputar a edilidade com o MpD e o PAICV e cuja candidatura foi validada, decorreu de forma mais tranquila. Segundo Sérgio Korá, o processo foi aprovado pelo tribunal no limite do tempo inicialmente estabelecido, ou seja, às 17 horas da última sexta-feira. Nos Mosteiros, todas as candidaturas – PAICV, encabeçada por Fernandinho Teixeira e José Cruz, MpD, liderada por Énio Fontes e Miguel Monteiro, e CIGA – Candidatura Independente Ganhar Autárquicas - foram aprovadas, mas a fixação do edital foi adiada para sábado.
Mas é um facto que as candidaturas partidárias foram mais tranquilas, até porque não necessitavam de anexar aos processos fotocópias de BI dos seus apoiantes. Júlio Correia, coordenador nacional autárquico do PAICV, garantiu ao A Semana que todas as candidaturas tambarinas foram aprovadas dentro do prazo. Entretanto, é do conhecimento deste jornal que, pelo menos o dossier de Demis Lobo, na ilha do Sal, enfrentou dificuldades e só deverá ser aprovado nesta segunda-feira. Ao que conseguimos apurar, faltava a declaração de um integrante da lista que actualmente reside nos EUA.
Do lado do MpD, o coordenador nacional das autárquicas, José Luís Livramento, garantiu que até ao fecho desta edição quase todas as candidaturas ventoinhas já tinham sido validadas. Mas os ventoinhas enfrentaram problemas com documentos, como explicou ao A Semana uma fonte do Tribunal da Comarca de Santa Cruz. A UCID e o PTS também tiveram as suas candidaturas aprovadas, com menor ou maior grau de dificuldade, segundo admitiram a este jornal os presidentes dos respectivos partidos.
Separados pela política
O fenómeno de familiares separados pela política não é inédito em Cabo Verde e repete-se nestas autárquicas, prometendo uma disputa acirrada e episódios no mínimo inusitados. No Porto Novo, por exemplo, enquanto Jorge Martins integra a lista do PAICV como independente, o seu filho, Dénis Martins, é o terceiro nome da lista ventoinha. Amadeu Cruz, candidato a presidente da Câmara Municipal do Porto Novo pelo MpD, vai enfrentar o irmão Arlindo Almeida, que está na lista tambarina.
Outro facto curioso é a presença de um grande número de independentes nas listas partidárias - seja do MpD, PAICV, UCID e PTS - um pouco por todo o país.
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