segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Brito volta a sonhar com ‘Justino Lopes’

Atento, sereno e de poucas palavras, não fosse ele um guarda nocturno. João Brito Lopes, 52 anos, suspira ao recordar dos tempos áureos da empresa Justino Lopes, quando a banana estava à mão de semear. Com a Barragem de Figueira Gorda, que deve ficar pronta em dois anos, o agricultor sonha na reabilitação da Justino Lopes, onde trabalha desde os anos 60.

Brito, natural de Pingo Mel, é das poucas pessoas que teve a sorte de participar nas diversas fases da empresa Justino Lopes. Recorda que começou a trabalhar na era colonial, 1968, ainda menino, quando a empresa chamava-se Socofil. Mas viu os tempos áureos, quando a banana estava a mão de semear. Nessa altura, era pau para toda a obra: semeava, regava, era motorista, engenheiro e ainda cuidava das terras.
Em 1975, a empresa passou a chamar-se Justino Lopes, mas não regateou. Continuou a fazer o mesmo trabalho, a viver através das terras. Mas é com um olhar triste que recorda os anos 90, altura em que viu degradar uma das empresas mais importantes para a economia de Cabo Verde.
Mas com a construção da barragem de Figueira Gorda, João Brito Lopes, guarda nocturno há 20 anos, espera que a empresa recupere a sua importância que tinha no passado. Considera que é uma “grande riqueza” que entrou na Ribeira de Boaventura e que irá também beneficiar as pessoas de Achada Bel-Bel e Cancelo.
“Estou contente com o nascimento da Barragem. Quero que tenha a mesma utilidade que a barragem de Poilão”, deseja Brito, criticando, entretanto, os dois meses de salários em atraso com a Associação Justino Lopes.
Sobre este assunto, o presidente João Varela confirma as dívidas, mas diz que são “normais” e acontecem com quase todas as empresas do país. Mas justifica o “mau momento” da associação com o facto de haver pouca produção, esperando que a Barragem de Figueira Gorda venha dar outro alento à comunidade e também melhorar a situação com os agricultores e associados.
João Varela mostra uma “grande satisfação” pela infra-estrutura hidráulica e diz também que será um desafio para todos aqueles que vão beneficiar da água. Por outro lado, o responsável, diz que as localidades circundantes vão ser transformadas em pontos turísticos, outra forma de aproveitar todo o seu potencial. E um dos apoios virá da ADEI e do Novo Banco, que assinaram um memorando com a associação para ajudar na reabilitação da empresa e no benefício dos agricultores.

 

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