sexta-feira, 29 de abril de 2011

Realeza britânica - Ao minuto: Emoção e tradição marcam casamento real


14h41: As centenas de milhares de pessoas que assistiram emocionados ao casamento real nas ruas de Londres começaram a dispersar. A pompa e a tradição marcaram a união de William e Kate, que estão já no Palácio de Buckingham para o almoço volante oferecido pela Rainha a 600 convidados.
OS recém-casados a caminho do Palácio Buckingham 
OS recém-casados a caminho do Palácio Buckingham 
14h38: Fotografias do bolo dos noivos: http://www.flickr.com/photos/britishmonarchy/sets/72157626482581411/

14h26: A Scotland Yard estima que esteve um milhão de pessoas ao longo da rota percorrida pelos noivos e estiveram 500 mil pessoas diante do Palácio de Buckingham para assistirem ao beijo dos duques de Cambridge na varanda do palácio.

14h02: Tudo acerca da recepção que decorre neste momento no Palácio de Buckingham.

13h29: Depois de aviões da Força Aérea terem cruzado os céus de Londres, os recém-casados voltaram para o interior do palácio.

Filomena Silvano: No espaço público de Londres as pessoas amontoam-se. O beijo - rápido e nada cinematográfico - fechou as etapas públicas do ritual. Ainda houve um segundo, a pedido, como em qualquer casamento. Os aviões sobrevoaram Londres e ficou claro que as coisas sérias do mundo também estão aqui em causa.

Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: Em Battersea - um dos bairros mais étnicos em Londres, vende-se jamaican fried chicken, jerkey e o ar cheira a xixa! E até se vendem pastéis de nata com champagne! Sente-se o entusiasmo internacional por um evento tão britânico!

Raquel Ribeiro: O beijo demorou mas a multidão ficou em êxtase quando os noivos se beijaram sob os aviões da Força Aérea.

Nuno Baltazar: A mulher do “Speaker” da Câmara dos Comuns, John Bercow, tem problemas de proporção a todos os níveis, a começar pela grande diferença entre ela e o marido – deveria ter tido o cuidado de pôr uns sapatos mais baixos. Depois, os ombros são demasiado largos e evidenciam o porte atlético que tem. A coordenação entre os diferentes padrões: vestido, clutch e toucado resultam mal. O adorno dos sapatos também não tem nada a ver com nada. E ter arranjado o cabelo não lhe tinha ficado mal. A noiva do príncipe Alberto do Mónaco, Charlene Wittstock, está bem. Como tem ombros largos, a opção de gola e decote do casaco afastados do pescoço foi muito bem pensada porque reduz a largura de ombros, para além de tornar a silhueta mais harmoniosa. As cores do look resultam bem com o tom de pele e cabelo, mas são demasiado próximas das cores escolhidas pelo noivo. A mulher do primeiro-ministro David Cameron, Samantha, tem uma silhueta bonita e anatómica. Gosto particularmente da cor do vestido, num azul mediterrânico, e gosto do contraste da pashmina laranja. Como aspectos negativos deste look podemos realçar dois: o comprimento das mangas que devia ser a três quartos e o cuidado de ter retirado o autocolante dos materiais da sola dos sapatos.

Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: Ao chegar a Battersea street party somos recebidos com um belo grito - William e a Kate estão a beijar-se no ecrã.

13h28: Kate e William deram um segundo beijo na varanda do Palácio de Buckingham.

13h26: Kate e William deram um beijo na varanda do Palácio de Buckingham.

13h24: Os recém-casados assomaram à varanda principal do Palácio de Buckingham para cumprimentarem os súbditos reunidos à frente do edifício.

13h12: Veja aqui algumas imagens do interior e dos jardins do Palácio de Buckingham onde decorre, neste momento, a recepção organizada pela rainha: http://www.flickr.com/photos/britishmonarchy/sets/72157626574681298/

12h42: O almoço oferecido aos convidados para a recepção que se segue ao casamento vai ser um buffet. Foram feitas as contas e cada convidado pode esperar comer 15 canapés – ao todo, foram feitos 16.900. Sandes de ovo, pastéis de milho miniatura, salmão fumado em pão integral, gelados miniatura, bolos de frutas, tartezinhas de limão caramelizadas e banana caramelizada são algumas das peças que compõem o buffet. Convidados a comentar o menu, alguns chefes britânicos disseram que parece mais um chá do que um almoço.Filomena Silvano: Rituais como um casamento real não escolhem períodos históricos. As pessoas casam-se, geração após geração. Mas adaptam-se aos tempos e por isso são lidos de formas diferentes. Em tempos de crise a vida irreal é precisa. A nossa sobrevivência depende disso. Precisamos de cinema, de desfiles de moda e de literatura. Precisamos de viver o irreal para reforçar a nossa capacidade de gerir o real. Talvez por isso, neste momento milhões de pessoas esperam, em frente aos ecrans, para ver um simples beijo. Igual aos outros todos, mas transformado, pela máquina das emoções colectivas, numa outra coisa. Um beijo de sonho como o de todos os adolescentes (tontos como já nós fomos um dia).

Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: Vários, já um pouco tocados com garrafas de champagne na mão e vestidos com a bandeira Union Jack, gritam que a Kate está linda e dançam! Um grupo disse-nos que tenciona festejar o dia e a noite toda vestidos de noivas e que planearam ir comer um english breakfast amanhã para curar a ressaca - remédio santo! Está tudo feliz! Muitos andam pelo campo a vender copos de morangos com chantilly, outros vendem garrafas de cidra e cerveja.

Filomena Silvano: A gestão das contradições que o casamento encerra terá seguramente sido pensada ao milímetro pelo que deve estar presente na totalidade do desenho do ritual. Algumas das coisas a que temos acesso, indicam que assim foi. A suspensão dos votos de obediência, uma das alterações mais referidas, compatibiliza-se com a concepção contemporânea do feminino e do papel da mulher no casamento. A opção pela forma clássica (enriquecida pelo valor intrínseco do trabalho artesanal) do vestido - traduz mais os valores seguros da burguesia do que a ostentação que dá forma ao poder simbólico da aristocracia. Mas, como assinala Nuno Baltazar, essa opção foi bem combinada com os ditames do mundo da moda, que organiza as formas de ostentação capitalistas que hoje são interclassistas (pelo menos enquanto modelos).

12h39: Houve uma detenção na Soho Square, depois de um anarquista ter resistido a uma operação de revista. Um grupo de cerca de dez anarquistas estava reunido no local, querendo levar a cabo a cerimónia alternativa “Casamento Zombie”.

12h26: Os recém-casados juntam-se nas próximas horas a cerca de 600 convidados para uma recepção oferecida pela rainha. A recepção constará de um almoço volante e de um brinde com champanhe. Logo à noite, o pai de William, o príncipe Carlos, irá oferecer um jantar apenas a 300 convidados (a família directa dos noivos e os amigos mais chegados). Depois do jantar e da dança, o irmão do noivo, o príncipe Harry, organizou uma espécie de after-party, igualmente no Palácio de Buckingham.

12h24 A aliança de casamento de Kate foi oferecida ao Princípe William pela Rainha Isabel pouco depois do anúncio do noivado. A peça foi encomendada à Casa Wartski e é feita de ouro galês. As alianças de casamento de Príncipe Carlos e de Camilla foram feitas pelos mesmos joalheiros.

12h22: Os duques de Cambridge já chegaram ao recinto do Palácio de Buckingham, onde decorre até meio da tarde de hoje uma recepção oferecida pela rainha. Os recém-casados irão surgir à varanda do palácio às 13h25, para cumprimentar os súbditos e brindar os espectadores com o tradicional beijo.

Raquel Ribeiro: A multidão começa a dispersar da avenida e a dirigir-se para o Palácio de Buckingham. Espera-se que a avenida se mantenha aberta para que as pessoas possam assistir ao esperado beijo dos recém-casados na varanda do palácio.Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: Camp Royal - a Royal sleepover em Clapham Common: para poder acampar no recinto os 3 dias tem que se pagar desde 75 a 3500 libras (para uma tenda de luxo) mas por agora está tudo sentado com piqueniques a frente do ecrã gigante a ver os noivos chegar a Buckingham. Muitos já começam a despir casacos porque o sol está aparecer entre as nuvens...

12h12: A multidão fica ao rubro à medida que avista o cortejo real. Felizmente não chove.

Filomena Silvano: A eficácia do ritual vem-lhe, é certo, da profundidade histórica. Mas há outras coisas. É um casamento que congrega em si coisas contraditórias e de gestão complexa. O príncipe representa, com toda a propriedade, a realeza no seu sentido mais estrito, mas é também o filho de uma mulher que trouxe para dentro da casa real a versão pequeno burguesa da vida familiar. O individualismo e a psicologia; a intimidade tida como algo que possui uma verdade intrínseca e que por isso é vista como superior às instituições. Tudo coisas que agradam às classes médias contemporâneas e que formatam a vida dos seus modelos mediáticos. Kate é uma rapariga com origens operárias que numa geração passa de burguesa (na versão mais delicada de gerir, a do "novo rico") a princesa, com a possibilidade acrescida de vir a ser Rainha. Por razões diferentes, os dois elementos deste casal congregam os valores de camadas da população que, para o resto, têm interesses diversos. E alguns rituais servem exactamente para isso: para suspender as divergências e produzir o sentido de unidade.

Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: Acabamos de atravessar a cidade para ir a outra festa. O ambiente no metro está morto em comparação ao que costuma estar - nunca o vimos tão vazio em Londres. Os que decidiram não ver ou festejar o casamento são poucos... Já vimos uma multidão de pessoas ao longe para no Camp Royal - um acampamento de 3 dias dedicado ao casamento.

12h08: Começou o cortejo real pelas ruas de Londres, entre a abadia e o Palácio de Buckingham. Os recém-casados viajam numa carruagem aberta que data de 1902 e que é puxada por quatro cavalos. O cortejo passa por alguns dos mais emblemáticos ex libris londrinos.

12h07: Kate e William, já casados, saem da abadia e sorriem à multidão. A entrada de Westminster está guardada por membros das Forças Armadas britânicas.

12h04: Os duques de Cambridge preparam-se para sair da abadia.

Nuno Baltazar: Elton John resolveu fazer pendant com a Rainha em versão coelho da Páscoa.

12h02: A carruagem em que William e Catherine farão a viagem entre a abadia de Westminster e o palácio de Buckingham é a mesma em que viajaram os pais do noivo (Carlos e Diana) no dia em que casaram. Trata-se de um veículo de 1902 construído para o rei Eduardo VI e que é usado frequentemente pela rainha Isabel II. Se o clima de Londres não tivesse ajudado e chovesse torrencialmente, a carruagem escolhida seria aquela em que Diana seguiu para se casar, fechada e construída em 1881. Foi a usada pela rainha Isabel II para regressar a casa depois de casar com Filipe de Mountbatten. Uma nota sobre os cavalos que vão puxar a carruagem: no Reino Unido, só os monarcas podem ser puxados por cavalos cinzentos, mas Isabel II decidiu permitir que William e Catherine usassem alguns, segundo o site da ABC News.

12h01: O bouquet de Kate contém alguns ramos da murta plantada pela Rainha Vitória em 1845, na Osborne House, na ilha de Wight. Ramos de murta foram usados pela primeira vez no bouquet pela filha mais velha da Rainha Vitória, a Princesa Vitória, quando se casou em 1858 por ser uma planta que representa a inocência tradicional de uma noiva. Filomena Silvano: Os cânticos encheram a cidade de Londres. Percebe-se que não é a parte do conto de fadas o que realmente faz sentido. É mais a partilha colectiva de emoções em torno de um casal que, e apesar das contradições que a sua união encerra, simboliza a unidade de um Reino.

Raquel Ribeiro: 11h50: Depois do “i will”, o hino nacional foi o momento mais alto da cerimónia. As Union Jacks esvoaçam entre cheers à Rainha e aos noivos.

11h50 13h25 é a hora prevista para William e Catherine chegarem à varanda do palácio de Buckingham. Segundo a revista History, da BBC, a tradição começou no reinado da rainha Vitória, que, com pena da multidão que se juntara nos portões do palácio no dia do casamento da sua filha Alexandra, em 1858, ordenou que a família fosse à varanda acenar. Foi preciso esperar por 1981 para se ver um beijo entre dois recém-casados – Carlos e Diana uniram timidamente os lábios (ele mais tímido do que ela), depois de a multidão ter exigido um beijo a sério e não o beijo na mão que Carlos dera à sua mulher. O príncipe André beijou na boca a mulher, Sarah, na mesma varanda. Os outros filhos da rainha, Ana e Eduardo, não beijaram os respectivos esposos em público. Tão pouco Carlos foi visto a beijar a segunda mulher, Camilla.

11h45: Pelo menos 17 pessoas já foram detidas no perímetro da zona de segurança, por motivos variados, incluindo desacatos, embriaguez, posse de droga e assédio sexual.

11h45: Após as cerimónias, os duques de Cambridge irão à varanda do palácio de Buckingham para agradecer ao povo nas ruas e para se mostrar. De seguida, participam no almoço volante que a rainha oferece a 650 convidados. À noite, 300 convidados regressam ao palácio para um jantar.

Nuno Baltazar: A rainha Isabel II está igual a si própria, num conjunto amarelo “mal-disposto”!

11h44: Este foi o 15.º casamento real a ter lugar no mesmo lugar sagrado de Westminster desde 110. A abadia foi fundada em 960, mas um edifício só foi construído entre 1040 e 1050, tendo sido depois reconstruído ao longo dos séculos.

Nuno Baltazar: As princesas Beatrice e Eugene de York estão medonhas!

11h44: O vestido de Kate, criado por Sarah Burton pela Alexander McQueen, é uma homenagem à sofisticada tradição artesã britânica. A aplicação de renda no corpete e na saia do vestido foi feita à mão pelos alunos da Royal School of Needlework, em Hampton Court Palace.

11h42: De acordo com a escritora Amanda Marcotte, Catherine limitou-se a seguir os rituais da Igreja de Inglaterra, que já tinha retirado das frases que a noiva proclama durante a cerimónia a palavra “obedecer”. Na verdade, explicou à BBC online, retirou-a palavra em 1922. O que quer dizer que todas as noivas reais que proferiram o voto depois dessa data o fizeram porque quiseram ou foram mal informadas. “Fico contente pró a família real ter progredido até aos anos de 1920 disse sarcástica, a escritora -, espero agora um futuro novo e vibrante em que as mulheres comecem a usar calças e ponham os homens a ter filhos”.

Miguel Esteves Cardoso: Tenho de ir dormir. Parabéns aos noivos e adeus a todos! Foi mais um momento histórico num dia já de si emocionante.

Nuno Baltazar: Camila surgiu num conjunto Anna Valentine, autora do seu vestido de noiva e responsável pela sua mudança do look. O vestido e casaco bicolor pela linha do joelho, em tons de champanhe e azul acinzentado na parte de cima, é muito discreto e o corte simples marca ligeiramente o tórax que é sempre uma boa solução para quando não se tem a cintura marcada. O destaque do vestido está na parte de baixo; em pregas e em aplicação de bordados dourados a fazer a junção das duas cores. O chapéu Philip Treacy tem uma aba larga mas virada na frente. que deixa iluminar o rosto.Raquel Ribeiro: 11h20: Estão casados!, diz Suzie. Estão a ouvir pela rádio e pelos altifalantes. Seguem também a cerimónia pelo programa. Sarah diz: não trocava por nada estar aqui, a ouvir a bela voz do arcebispo, e imaginar tudo!

Miguel Esteves Cardoso: Pelo menos não é o "Candle in the Wind". ("Não fales cedo de mais!", diz a Maria João).

Miguel Esteves Cardoso: Cala-te!

Miguel Esteves Cardoso: O irmão da Katie é um robô.

11h29: O último duque de Cambridge foi um neto de Jorge III, um militar que casou com uma plebeia por amor. De nome Jorge, casou com uma actriz, Sarah Louisa Fairnrother em 1847, quando ela já estava grávida do terceiro filho do casal. Recusou casar com a mulher que a família escolhera para si considerando que os “casamentos arranjados” estavam destinados a falhar. O seu casamento com a actriz nunca foi reconhecido pela prima, a rainha Vitória.

Miguel Esteves Cardoso: O irmão da Katie oferece os seus conselhos - uma seca sem fim.

Miguel Esteves Cardoso: Começou a fase do tédio.

11h28: A tiara de Kate foi-lhe emprestada pela Rainha Isabel que a recebeu de presente da sua mãe quando completou 18 anos. É uma tiara Cartier, de 1936.

Miguel Esteves Cardoso: Mau sinal: o Elton John está a sorrir.

Miguel Esteves Cardoso: Que casal tão caprichoso - ela recusa-se a dizer que obedece e ele, para se vingar, não usa aliança.

Miguel Esteves Cardoso: Não metam Deus no meio disto!

Miguel Esteves Cardoso: Não filmam a cara da Raínha Isabel. Deve estar a chorar, com certeza. Not.

Filomena Silvano: Ainda a noiva ... demasiado maquilhada. Parece arranjada por um cabeleireiro de bairro. Talvez seja a aproximação à versão princesa do povo.

Miguel Esteves Cardoso: O anel ainda tentou sabotar a coisa, mas acabou por entrar.

Miguel Esteves Cardoso: Pronto. O mal está feito.

Miguel Esteves Cardoso: O William está com vontade de se rir.

11h23: O hino "Guide Me O Thou Great Redeemer" ouvido antes do início da cerimónia, foi um dos temas ouvidos no funeral da Princesa Diana e é muitas vezes cantado em competições de râguebi, na Grã-Bretanha, desporto de que o Princípe Guilherme é um grande entusiasta.

11h18: O príncipe William e Kate Middleton estão oficialmente casados. Passam a ser o duque e a duquesa de Cambridge. O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, oficializou o acto do matrimónio com as seguintes palavras: “Declaro que sejam marido e mulher, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

11h17: Kate Middleton já tem no dedo a aliança de casada. O príncipe William não usará aliança.

Miguel Esteves Cardoso: A Katie está cheia de tiques. Pobre rapariga!

11h21: Catherine Middleton tem 29 anos. No momento em que for pronunciado que o casal já é marido e mulher, torna-se automaticamente sua alteza real a princesa Guilherme de Gales. Ainda hoje, ou nos próximos dias, torna-se princesa Catherine e, de future, acumulará o título de duquesa de Cambridge. Na troca de votos, foi retirada a palavra “obedeço” do ritual.

11h16: O príncipe William e Kate Middleton já proferiram os votos de casamento.

Nuno Baltazar: A maquilhagem escolhida por Kate é também discreta, sendo que o destaque centra-se nos olhos fumados que realça a cor dos olhos e dá profundidade ao olhar.Miguel Esteves Cardoso: Que "I will" mais engolido, William.

Francisca de Souto Moura e Alexandre Bros: A rua não é mais do que 30metros de comprimento tem um ecrã gigante no fim, está abarrotar de gente, muitos já a beber cerveja e cidra, muitos mascarados com bandeiras do Guilherme e da Kate, é milhares lá fora a espera de entrar. Agora parou tudo para ver a noiva a subir ao altar... As raparigas a nossa volta estão todas a comentar que a noiva está linda, e que o vestido é McQueen "Royal beauty!

11h13: Kate Middleton já não tem o véu em frente do rosto. Kate e William estão juntos no altar, lado-a-lado.

Miguel Esteves Cardoso: O Arcebispo fala do "horroroso dia do Julgamento". Medo!

Miguel Esteves Cardoso: A Katie e o William estão quase em coma.

Nuno Baltazar: Ao fazer a opção pelo vestido de Sarah Burton, Chaterine vem no fundo ao encontro dos desejos de todas as editoras de moda, e que é sem dúvida o primeiro passo para o ícone de moda que será.

Miguel Esteves Cardoso: Yada yada yada.

Miguel Esteves Cardoso: Começa a lenga-lenga.

Miguel Esteves Cardoso: Tantas medalhas tem o príncipe Carlos. De que são?

Miguel Esteves Cardoso: Mantenham o Elton John longe do piano.

Nuno Baltazar: O vestido de Kate, criado por Sarah Burton, a sucessora de AlexanderMcQueen, tem um look muito anos de 1950, com um corpo estruturado até à cintura. Todo em cetim duchesse (o rolls royce dos cetins) o corpo é sobreposto com renda chantily com decote em V e manga justa. A saia é toda rodada com pregas a partir da cintura, também típico dos anos 50, e parte de trás do vestido , as pregas ganha tridimensionalidade, que também ajuda a dar mais volume e comprimento à cauda. A cauda é em U, com o comprimento certo sem ser demasiado pesada. Esta escolha vem reflectir o espírito de modernidade da noiva que se manteve fiel a um designer britânico mas não dos mais tradicionais. Um vestido que vai ditar tendência, de certeza absoluta. Completamente intemporal: é bonito hoje e vai ter a mesma beleza daqui a muitos anos. O Bouquet de flores campestres, muito pequeno, é delicado. O único apontamento menos feliz será o volume do véu estar demasiado próximo da cara.

Miguel Esteves Cardoso: Tu também, William!

Miguel Esteves Cardoso: Ainda vais a tempo, Katie! Foge!

Miguel Esteves Cardoso: De acordo com o protocolo, Guilherme não pode olhar para trás enquanto a noiva percorre a neve da igreja e até lhe ser apresentada no altar.

11h09: Tudo sobre o vestido de noiva: http://www.officialroyalwedding2011.org/blog/2011/April/29/The-Wedding-Dress--Bridesmaids--Dresses-and-Page--Uniforms

11h06: As árvores que decoram o interior da abadia estão em vasos e serão replantadas após a cerimónia.

11h03: Kate Middleton percorre a nave da abadia acompanhada do pai.

Filomena Silvano: A princesa plebeia optou pela descrição classissista (um valor que compensa a insegurança de quem está a fazer mudar uma instituição).

Miguel Esteves Cardoso: E era isto um casamento discreto, só com uns poucos amigos.

Miguel Esteves Cardoso: O Príncipe Harry é um bocado orangotango a andar.

Miguel Esteves Cardoso: A guerra astral dos Super Bispos vai começar.

Miguel Esteves Cardoso: Pensa o pai da Katie: "Não era isto que eu queria para a minha filha".

Miguel Esteves Cardoso: O pai da Katie continua desolado.

10h59: A noiva, Kate Middleton, vestida com uma criação da estilista Sarah Burton, chegou à Abadia de Westminster. A cerimónia começa dentro de breves minutos.Miguel Esteves Cardoso: Há um problema nos mamilos com o vestido da noiva.

Nuno Baltazar: A irmã de Kate, que é muito bonita, é a única até agora de vestido comprido (mas pode porque é dana de honor) anatômico, cor de marfim, drapeado e a contornar muito o corpo.

Filomena Silvano: A noiva. Rendas brancas ... muitos metros. Cara tapada pelo véu ... entre a Pop star e a uma virgem de antigamente.

Nuno Baltazar: Do que deu para ver, o vestido da noiva parece muito bonito. Tem um corpo estruturado com uma sombra em cai-cai, sobreposto por um corpo de renda com uma manga justa e decote em V. Um compromisso perfeito entre o tradicional e o jovem, como ela é.

Miguel Esteves Cardoso: Aqui ao meu lado, a Maria João já está a avisar que vai chorar.

10h55: A irmã de Kate e sua madrinha de casamento, Philippa Middleton, vestida de branco, acaba de entrar na abadia acompanhada das crianças que ajudarão à cerimónia.

Nuno Baltazar: A mãe de Kate optou por um conjunto de vestido e casaco, em cor de Hortência, de Katherine Walker. Muito discreta e elegante, denuncia a excelente forma física em que se encontra.

Miguel Esteves Cardoso: Agora a sério: é pena não estar cá a Princesa Diana.

Miguel Esteves Cardoso: Comparando casamentos, a Diana vinha mais saloia.

10h58: Philip Treacy, o criador responsável pelo chapéu da Duquesa da Cornualha, é um dos chapeleiros preferidos de Lady Gaga e de Sarah Jessica Parker. O jornal Daily Mail apontou-o como o criador da peça que Kate levará no cabelo.

Miguel Esteves Cardoso: Se tudo der para o torto, estas são as imagens que nos vão amargar o resto da vida.

10h50: A primeira imagem de Kate Middleton vestida de noiva a entrar para o carro mostra um vestido com um decote de renda e um longo véu.

10h56: No casamento de Diana, houve um imprevisto. Os designers não tiveram em conta que a futura princesa de Gales iria chegar à igreja numa carruagem apertada e o vestido, em tafetá, ficou completamente amarrotado. Kate terá tido este exemplo em conta quando escolheu o seu vestido de linha A e corpo cai-cai coberto por um top de renda com mangas. Das noivas reais do século XX, só Grace Kelly usou renda.

Miguel Esteves Cardoso: A Princesa Katie está oficialmente gira.

Miguel Esteves Cardoso: Aí vem a nossa Katie, com uma ave agoirenta à frente, onde deveria ser o lugar do condutor.

Miguel Esteves Cardoso: A rainha. De amarelo junto aos bispos fazem uma mancha dourada. O poder simbólico ... encenação perfeita.

Miguel Esteves Cardoso: A Raínha Isabel já se arrependeu do amarelo.

Filomena Silvano: A rainha. De amarelo junto aos bispos fazem uma mancha dourada. O poder simbólico ... encenação perfeita.

10h52: Quando terminou a faculdade, Kate já era a namorada do príncipe William e e, por isso, foi difícil integrar-se no mundo do trabalho. Juntou-se à empresa de moda Jigsaw, de onde acabaria por sair. Teve aulas de fotografia em Nova Iorque – e teve algumas aulas privadas com Mario Testino – e, oficialmente, passou a ser a fotógrafa da empresa dos pais, a Party Pieces.

Miguel Esteves Cardoso: A manta azul que a Raínha Isabel traz ao colo ficava-me melhor a mim.

10h45: A rainha Isabel II - vestida de amarelo - e o marido, o Duque de Edimburgo chegaram à Abadia de Westminster.

10h44: A ameaça de bomba em torno do Goring Hotel foi aplacada, diz o “The Daily Telegraph”.

Miguel Esteves Cardoso: A Raínha Isabel vem canarinha.

10h50: Camilla, a Duquesa da Cornualha, chegou à Abadia de Westminster num vestido de seda desenhado por Anna Valentine e num chapéu voluptuoso de Philip Treacy.Nuno Baltazar: O Príncipe William está bem, apenas com um ar mais velho. O facto de estar com menos cabelo puxa-o mais para o lado dos príncipes de Gales e abafa um pouco o sorriso terno que herdou da sua mãe. David Beckham surgiu num estilo demasiado clássico que não lhe fica muito bem: de fraque, com gola levantada e com um penteado muito formal. Já Victoria estava muito elegante, num vestido preto ou azul muito escuro.

Miguel Esteves Cardoso: A Rainha, ao menos, veio num Rolls Royce. Não é para brincadeiras nem para carrinhas Volkswagen.

Miguel Esteves Cardoso: Toda a gente cobiça a capa de oiro do Super Bispo.

Miguel Esteves Cardoso: A Rainha, ao menos, veio num Rolls Royce. Não é para brincadeiras nem para carrinhas Volkswagen.

10h46: De cada vez que um membro da família real sai do palácio de Buckingham ouve-se a saudação real tocada num atrompeta. O príncipe de Gales, a duquesa da Cornualha, o príncipe Harry, Carole e Michael Middleton (pais da noiva), Philippa “Pippa” e James Midlleton (irmãos da noiva) são os padrinhos. Serão eles a assinar o registo de casamento.

Miguel Esteves Cardoso: Lá está o paspalho do André.

10h45: O príncipe de Gales e a duquesa da Cornualha (pai e madrasta do noivo), vestida por Anna Valentine, chegaram à abadia.

10h45: O programa oficial do casamento está a ser vendido no percurso para a abadia de Westminster a duas libras cada exemplar. Os lucros revertem a favor da Fundação Príncipe Guilherme e Príncipe Harry.

Raquel Ribeiro: Aqui no Mall, conheci Sarah e Suzie Walter, mãe e filha. Suzie de 14 anos quer ser designer e aposta que Kate vai aparecer com um vestido sem alças, cabelos presos, luvas de renda e pérolas. Será?

10h40: O duque de York, a princesa Beatriz, a princesa Eugenie (tio e primas do noivo, respectivamente), chegaram à Abadia. Chegou igualmente a Westminster o príncipe.

Miguel Esteves Cardoso: Coitada da Camilla - também merecia um marido melhor.

Filomena Silvano: A mãe da noiva. De cinza claro e porte altivo, tenta reproduzir o charme discreto da burguesia.

10h43: William conheceu Kate na faculdade, na Escócia. Ambos frequentavam o curso de História da Arte e partilharam uma casa, com mais alguns colegas. Ter-se-ão apaixonado em 2003. O príncipe acabaria por mudar de curso, para Geografia, que completou antes de começar a sua formação militar. Kate licenciou-se em História da Arte e é a primeira vez que uma futura rainha britânica tem formação universitária.

Miguel Esteves Cardoso: Como é que o Carlos teve a lata de trazer a amante ao casamento do filho?

Miguel Esteves Cardoso: O vestido dourado do Bispo já é um sério candidato ao mais lindo do dia.

Miguel Esteves Cardoso: Que bom ser chapeleiro em Inglaterra!

Miguel Esteves Cardoso: Achtung! O chapéu da princesa Maria Eugénia é tóxico!

Miguel Esteves Cardoso: Chegou a aeromoça. Atenção às instruções de segurança.

10h37: Se o segredo em torno do vestido de Kate será mantido até ao último minuto, a namorada do Princípe Harry, Chelsy Davy fez questão de divulgar o que traria vestido pela imprensa. A jovem de 25 anos chegou num vestido Alberta Ferreti em tons de verde água.

Miguel Esteves Cardoso: Chegou o Napoleão.

10h33: A mãe de Kate, Carole Middleton, e o irmão de Kate, James, chegaram à abadia. Carole veste uma combinação de vestido de seda e casaco-vestido azul claro, criação da estilista Catherine Walker.

10h33: A polícia está a investigar um carro suspeito colocado à porta do hotel onde está instalada a noiva, o Goring Hotel, no centro de Londres. A área em torno do hotel foi entretanto evacuada.10h32: O vestido de Diana, a mãe do noivo, foi desenhado pela dupla de criadores londrinos Elizabeth e David Emanuel. Além de seguir as tendências da época (início dos anos de 1980), tinha como inspiração o vestido de casamento da rainha Vitória, que casou em 1840.

Miguel Esteves Cardoso: A Raínha da Dinamarca anda a comer do fiado.

Raquel Ribeiro: O que é mais impressionante é a quantidade de jovens e famílias inteiras com bebés e crianças nas ruas.

Miguel Esteves Cardoso: Que fizeram ao trânsito, meu Deus?

Miguel Esteves Cardoso: A Katie, como sempre, chega cedo de mais, à ganância.

Raquel Ribeiro: Quem chegou depois das 9h já não conseguiu entrar no Mall (a grande avenida que dá ao Palácio de Buckingham) onde milhares de pessoas, inclusive eu, já vimos o príncipe sair à caminho da Igreja e a cada momento é anunciado quem chega.

10h30: Kate conseguiu que nem uma palavra chegasse aos media quanto ao seu vestido de noiva, que só será revelado no momento em que sair da viatura. Mas a momentos da cerimónia a especulação continua e a BBC online noticia que foi vista a entrar na abadia de Westminster uma mulher que trabalha com Sarah Burton, a directora criativa da marca Alexander McQueen.

10h29: Dentro da abadia as árvores parecem continuar o espaço público. E o princípe fala, fala ... numa versão leve do cumprimento do ritual.

Miguel Esteves Cardoso: Que convidados tão feios!

10h22: O príncipe William, vestido em tons de vermelho e dourado, no seu uniforme de coronel da Guarda Irlandesa, saúda alguns dos convidados enquanto espera pela entrada da noiva, Kate Middleton, que chegará à Abadia muito perto das 11h00, altura em que começa a cerimónia.

Miguel Esteves Cardoso: Entre os convidados, discretamente, Sandokan.

10h25: O casamento da então princesa Isabel com Filipe de Mountbatten, em 1947, foi o primeiro a ser transmitido na televisão, mas chegou a 200 milhões de pessoas via rádio, através de uma emissão directa. O enlace de William e Kate será visto por dois mil milhões de pessoas.

Miguel Esteves Cardoso: Naquela farda, o Harry parece um presidente de uma república das bananas.

Miguel Esteves Cardoso: O meio-irmão ainda está ressacado.

Miguel Esteves Cardoso: Pelo menos não esconde a careca. Mesmo assim, quando teremos nós um casamento real com um príncipe jovem, ainda com cabelo?

Filomena Silvano: Londres, uma cidade investida por uma multidão que revive emoções vindas do passado. Pessoas, muitas pessoas, ruas vazias e um carro maravilhoso. Lá dentro um princípe.

Miguel Esteves Cardoso: Esta é a multidão que vai odiá-lo se ele fizer à Kate o que o pai dele fez à Diana.

10h21: Ao contrário do que aconteceu no casamento do seu pai, William optou por chegar à abadia de Westminster num carro e não numa carruagem aberta. Kate fará o mesmo. A viagem para o palácio de Buckingham, essa sim será em carruagem aberta.

Francisa de Souto MouraChegamos a Leonard Street, onde vai haver a maior festa "anti". Só abrem as portas às 10h30 mas já está um fila infinita que dá a volta ao bairro inteiro - sempre é verdade, seja qual for a geração, faça sol ou chuva, os ingleses adoram estar a espera nas filas...

10h19: Outra tradição que se cumpre: William, que pertence aos três ramos das Forças Armadas, veste um traje de gala militar, assim como seu irmão. O pai casou com um traje da Marinha, William optou pelo Exército e os trajes foram confeccionados pela firma Gieves & Hawkes, de Saville Row.

10h17: O príncipe William e o seu irmão e padrinho, o príncipe Harry, já saíram de Clarence House em direcção à Abadia de Westminster.10h16: Depois da lua-de-mel, o casal regressa ao Norte do País de Gales, onde William está incorporado na Força Aérea. A casa onde vão viver – e onde já viviam – é arrendada e custa cerca de 750 euros por mês. O príncipe recebe um salário próximo dos 1300 euros.

Miguel Esteves Cardoso: A Má da Raínha não quer que a Katie seja Princesa Catarina. Vai ser apenas Duquesa de Cambridge. Mas já tem direito a ser Her Royal Highness. Mas só se não fugir ao casório.

10h14: A noiva vai chegar ao altar ao som do hino da coroação I Was Glad, de sir Charles Hubert Hastings Parry, composto para a coroação do rei Eduardo VII na abadia de Westminster,,em 1902. Durante a celebração vão ser ouvidas composições clássicas de Elgar, Britten e Vaughan Williams, além do hino Jerusalém e da melodia inglesa Greensleeves.

10h09: O cantor Elton John e o seu marido, David Furnish, já estão na abadia.

Miguel Esteves Cardoso: Mas quem é que se lembra de casar às onze da manhã?

10h09: O príncipe William usará o uniforme de coronel da Guarda Irlandesa. Todos os pormenores acerca daquilo que usará o noivo e o padrinho, o príncipe Harry, aqui: http://www.officialroyalwedding2011.org/blog/2011/April/29/The-Bridegroom-and-Best-Man-Uniforms

10h13: Como é tradição, William vai assumir um título, o de duque de Cambridge. Kate será a sua alteza real a duquesa de Cambridge.

10h12: A abadia de Westminster, de estilo gótico, é considerada a igreja mais importante de Londres. É o local de coroação dos monarcas britânicos e ali se casou Isabel II.

10h05: Já se sabem pormenores acerca do vestido da mãe da noiva, Carole Middleton: vestido-casaco azul celeste, vestido de seda azul por baixo. Ambos desenhados pela estilista Catherine Walker. Sapatos de cetim com pequena abertura à frente. Chapéu desenhado por Jane Corbett.

09h57: O realizador Guy Ritchie, ex-marido da cantora Madonna e primo afastado de Kate Middleton, chegou à abadia acompanhado da actual namorada, Jacqui Ainsley, que está grávida de quatro meses.

09h54: De acordo com o @tweetminster, o assunto Casamento Real está a ser comentado no Twitter 67 vezes por segundo.

Francisca de Souto Moura e Alexander Bos: À boa moda inglesa, um dia de festa nacional não começa sem um céu cinzento. A estação de Westminster já fechou e então já viemos para East London, o bairro alternativo e hipster de Londres, onde as pessoas também decidiram festejar à sua maneira mesmo que a família real não ponha cá os pés desde da segunda guerra mundial!

09h53: Hoje é o dia em que a realeza britânica casa com o seu povo. Nunca na História de Inglaterra um príncipe herdeiro do trono (neste caso o segundo na linha da sucessão) casou com uma plebeia. É certo que a rainha mãe era plebeia, mas não casou com o herdeiro da coroa, casou com o irmão dele que acabou por ascender ao trono como Jorge VI por abdicação do irmão.

09h48: Sir John Major, antigo primeiro-ministro, chegou à abadia.

09h40: O primeiro-ministro britânico, David Cameron, já chegou a Westminster.

09h36: O presidente da câmara de Londres, Boris Johnson, já chegou à abadia, acompanhado da mulher. O mayor londrino vai oferecer aos noivos uma bicicleta de dois lugares. Johnson é um grande defensor dos transportes públicos na capital britânica e mais ainda dos “transportes limpos”.

09h16: David e Victoria Beckham chegaram à abadia de Westminster. Victoria veste de azul-escuro, num vestido largo que cobre que cobre a sua barriga de grávida

09h10: A Clarence House prometeu detalhes do vestido de Kate Middleton em primeira mão através da sua conta de Twitter: http://twitter.com/#!/ClarenceHouse09h02: O nadador olímpico Ian Thorpe e a namorada do príncipe Harry, Chelsy Davy, já entraram na abadia

09h00: As primeiras imagens do interior da abadia mostram que foram colocadas árvores no interior da nave central

08h30: Alguns convidados começam a chegar à abadia de Westminster. Entretanto, os tripulantes da Estação Espacial Internacional gravaram um vídeo em que desejam felicidades aos noivos: http://www.youtube.com/watch?v=hDQ2O8fO1sI&feature=player_embedded

08h00: William e Kate terão os títulos oficiais de duque e duquesa de Cambridge. Esse será o nome pelo qual deverão ser tratados depois do casamento. O Palácio de Buckingham anunciou igualmente outros dois títulos para ambos: conde e condessa de Strathearn e barão e baronesa de Carrickfergus.

William e Kate - Um casamento real com muito sonho à mistura


O mundo esteve de olhos postos no troço entre a Abadia de Westminster e o Palácio de Buckingham para assistir àquele que está a ser apontado como o casamento do século. Kate Middleton, uma plebeia, transformou-se em Sua Alteza Real, a Princesa William de Gales num vestido Alexander MacQueen, desenhado por Sarah Burton. Um segredo mantido até ao momento em que a noiva entrou no carro, minutos antes de se dirigir a Westminster.
William e Kate minutos depois de terem dito o "sim" 
William e Kate minutos depois de terem dito o "sim" 
A primeira surpresa foi a simplicidade do vestido que de cauda curta (recordemos o vestido da Princesa Diana com uma cauda de mais de sete metros e meio de comprimento) deixava a curta distância a irmã e madrinha de casamento, Philippa Middleton. O vestido da noiva, um dos temas mais discutidos desde o anúncio formal do noivado, não era o guarda-roupa de um conto de fadas, mas um encontro feliz entre a modernidade da Casa McQueen e a sobriedade que se esperaria de alguém sem ascendência nobre. Simbolicamente, o vestido foi uma homenagem ao trabalho artesanal britânico com aplicações de renda feitas à mão pelos alunos da Royal School of Needlework.

O Príncipe William chegou à Abadia de Westminster no seu uniforme de gala da Guarda Irlandesa cerca de meia hora antes da cerimónia para cumprimentar os convidados e as muitas pessoas que aguardavam junto de Westminster. Entre os convidados, David e Victoria Beckham, não sendo da realeza foram das presenças mais aclamadas à entrada da abadia, assim como Sir Elton John.

Depois de uma cerimónia curta com 1900 convidados entre famílias reais, amigos dos noivos, políticos e outros membros da administração britânica, os recém-casados saíram com o título de Duques de Cambridge para enfrentar uma multidão expectante.

Milhares de britânicos e estrangeiros espalharam-se pelas ruas da capital na tentativa de ver o casal ou em festas pelos bairros em frente a ecrãs de televisão.

A procissão de carruagens, encabeçada pela State Landau, de 1902, que transportava William e Kate foi recebida nas ruas de Londres com alguns raios de sol e muita imaginação das pessoas que aguardavam pela oportunidade de ver o casal trajados com coroas de plástico, cabeleiras a evocar a antiga nobreza ou óculos com as cores da bandeira do Reino Unido.

O momento alto de todo o evento teria lugar já no Palácio de Buckingham, onde o beijo estava marcado para as 13h25 na mesma varanda onde 30 anos antes os pais de William o tinham representado. Ao aparecer por detrás das cortinas, os lábios de Kate desenharam o som do “Uau!” perante a vista privilegiada da multidão que os esperava. O beijo aconteceu minutos depois e foi seguido por outro que já não estava programado. Com voos baixos de aviões da força aérea britânica terminou o espectáculo. Seguem-se agora os festejos reservados aos convidados que durarão o resto do dia.

Notícia corrigida às 15:40 ( Sua Alteza Real e não Sua Majestade Real)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

BOAVISTA - PAICV INCONDICIONAL A ARISTIDES LIMA

A candidatura de Aristides Lima vai ter o apoio “incondicional” do PAICV na ilha das dunas. Fontes tambarinas confirmaram ao asemanaonline que toda a estrutura está com o candidato presidencial natural da Boa Vista, contrariando assim a decisão do Conselho Nacional do PAICV de apoiar Manuel Inocêncio Sousa.

PAICV na Boa Vista confirma apoio a Aristides Lima
“Toda a estrutura do PAICV está com Aristides Lima, os militantes, as pessoas da Boa Vista estão com Aristides Lima”. No entanto, esta mesma fonte esclarece que a Comissão Regional ainda não formalizou esse apoio ao "candidato da cidadania" porque antes quer discutir o assunto com o presidente do partido, José Maria Neves.
O asemanaonline apurou mesmo que Walter Évora, líder "tambarina" na ilha das dunas, encontra-se na cidade da Praia onde irá tentar um encontro com o presidente do PAICV. Évora deverá explicar a questão a José Maria Neves e depois anunciará a posição oficial da estrutura do PAICV na Boa Vista sobre o apoio presidencial.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

António Neves vai deixar TACV

António Neves vai deixar de ser PCA da TACV já no próximo mês e, com ele, devem cair os demais membros do Conselho de Administração da nossa companhia aérea de bandeira. É o fim de um ciclo turbulento, marcado por muitos conflitos entre dirigentes e trabalhadores da TACV. O ministro das Infra-estruturas e Recursos Marinhos, José Maria Veiga, não abre o jogo mas vai deixando escapar que “o PCA disse não estar interessado em continuar na TACV”.

António Neves vai deixar TACV  
 
O contrato de gestão de António Neves, que já tinha sido prorrogado, expira em Maio e não será renovado. Tudo leva a crer que o governo resolveu fazer uma mudança total na equipa dirigente do CA da TACV que há muito está de costas voltadas para todo o mundo – não só trabalhadores, sindicatos, ASA, mas também várias empresas com as quais uma empresa como a TACV é obrigada a lidar e a negociar quase de forma permanente. Os processos que a companhia perdeu nos tribunais e que motivaram o pagamento de avultadas indemnizações, bem como, o congelamento das contas bancárias da empresa também pesaram nesta decisão do executivo.

Confrontado com esta informação, o ministro das Infra-estruturas e Recursos Marinhos, José Maria Veiga, afirma que nada está decidido, mas garante que a questão será analisada em breve no Conselho de Ministros. “No nosso primeiro encontro, o PCA disse não estar interessado em continuar a gerir a TACV. Vamos fazer uma discussão interna e ver se é o momento certo para isso acontecer”, frisa Veiga.

António Neves tomou posse a 1 de Julho de 2008, substituindo Gilles Filiatreault, que esteve 19 meses à frente da TACV. Em Março de 2009, Neves escreveu uma longa carta aos trabalhadores alertando-os que a empresa estava “muito doente” e corria sérios riscos. E para não continuar a definhar, dizia, a Administração precisava tomar decisões sérias, que passavam pela harmonização do regime de trabalho com a prática internacional. Em simultâneo, o PCA suspendeu o pagamento das horas extras, reajustou os subsídios vigentes. Os trabalhadores frente às medidas “restritivas dos seus direitos” não as aceitaram de ânimo leve e, desde então, travam uma guerra surda dentro da TACV, em prejuízo da empresa.

Mas o caso mais gritante envolveu os pilotos. Em Novembro de 2010, estes anunciaram que a sua paciência tinha esgotado, em reacções aos pronunciamentos de António Neves que debitava na classe a responsabilidade dos problemas da companhia. Na altura, Neves chegou a perguntar o quê alguns desses pilotos faziam ainda na TACV se podiam estar na “Air France ou Singapore Airlines”.

Respondendo ao repto, estes diziam que, ao contrário de Neves, um piloto cabo-verdiano pode trabalhar em pé de igualdade com qualquer outro profissional do mundo. “Nós, os pilotos, consideramo-nos desvinculados de todos os acordos e memorandos que ele encontrou na TACV e a que não deu sequer seguimento”. E prometiam lutar: “Cada piloto tem direito a quatro folgas por mês, podendo ceder até três à companhia. A partir de agora, vamos deixar de voar nos períodos da nossa folga. Portanto, não contem da nossa parte com qualquer esforço extra. Está no regulamento e vamos cumpri-lo”, radicalizava Luís Semedo, presidente da Associação de Pilotos.

O conflito com os novos pilotos e a consequente “dispensa” de muitos deles só serviu para levar ao rubro um clima já no vermelho.

Mas para quem pensava que já tinha visto tudo, a situação tornou-se insustentável em Fevereiro de 2011, logo após as eleições, com António Neves a dar por findas as comissões de serviço de vários directores de serviços que entraram nas listas do MpD ou apoiaram esse partido nas legislativas. E o caldo entornou com a veiculação da notícia sobre a compra dos novos aparelhos, que motivou uma resposta violenta, inclusive com ataques pessoais, do PCA contra o jornal A Semana.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Real Madrid: Mourinho responde a Di Stéfano


 
O treinador português respondeu hoje à glória "merengue" Alfredo Di Stefano, afirmando-se como o técnico da equipa, com a responsabilidade sobre "as decisões".
"Di Stefano é uma das personalidades mais importantes da história do Real Madrid. É preciso respeitar e não vale a pena comentar, mas o treinador sou eu. Sou eu quem faz a equipa. Sou eu o treinador, mais ninguém. As decisões são minhas", afirmou o técnico português, em conferência de imprensa, no Estádio Mestalla, Valência, palco, quarta-feira, da final da Taça do Rei de Espanha.
Numa coluna de opinião na imprensa espanhola, Di Stefano tinha criticado as opções defensivas de Mourinho durante o último "clássico", no sábado, que terminou 1-1, a contar para a Liga espanhola.
O antigo futebolista e presidente honorário do clube madrileno considerou que o FC Barcelona "foi superior" ao Real Madrid, que "jogou como um ratinho diante do leão", e avaliou o avançado argentino dos "blaugrana" Lionel Messi como "o melhor do Mundo".
"Não há favorito. O jogo de amanhã não vai ter nada a ver com o encontro do campeonato. Com a bola, nós vamos atacar e tentar marcar. Sem a bola, temos de defender e fazê-lo muito bem", concluiu Mourinho.

Última ceia de Jesus pode ter sido numa quarta-feira e não na quinta-feira santa

 

A última refeição que Jesus partilhou com os seus 12 apóstolos aconteceu um dia antes, ou seja, a uma quarta-feira e não na quinta-feira santa. Esta é a conclusão de um estudo publicado esta semana por Colin Humphreys, professor da Universidade de Cambridge.

Última ceia de Jesus pode ter sido numa quarta-feira e não na quinta-feira santa  
 
O investigador assegura no seu livro intitulado “The Mystery of the Last Supper” (“O Mistério da Última Ceia”, tradução livre) que os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas usaram um calendário mais antigo do que o de João, causando discrepâncias sobre a data da refeição.

O académico explicou à BBC que enquanto Mateus, Marcos e Lucas dizem que a Última Ceia foi uma refeição pascoal, João afirma que aconteceu antes da Páscoa judaica.

“Há séculos que isto tem confundido os estudiosos da bíblia. Na verdade, alguém disse que este é ‘o assunto mais controverso’ do Novo Testamento,” disse Humphreys, explicando que esta mudança de datas faz mais sentido tendo em conta o contexto histórico.

“Jesus não pode ter sido preso, interrogado e julgado em apenas uma noite. Os especialistas e os cristãos acreditam que a última ceia começou depois do pôr do sol de quinta-feira, e a crucificação foi realizada no dia seguinte de manhã. O processo de julgamento de Jesus aconteceu em várias áreas de Jerusalém e os investigadores já percorreram a cidade com um cronómetro para perceber como as coisas terão acontecido e a maioria concluiu que era impossível tudo acontecer em tão pouco tempo”, explicou o professor.

Segundo a investigação, Mateus, Marcos e Lucas terão usado um calendário antiquado - adaptado do que era utilizado no Egipto nos tempos de Moisés - em vez do calendário lunar que era largamente adoptado pelos judeus na época.

“A solução que encontrei é que todos têm razão, mas que se referem a dois calendários diferentes.”
Analisando e confrontando os dois, Colin Humphreys concluiu que a Última Ceia, aconteceu na verdade, na quarta-feira, dia 1 de Abril, do ano 33.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Inocêncio quer manter a estabilidade política e projectar Cabo Verde no mundo

 

Manuel Inocêncio Sousa, natural do Mindelo onde nasceu em Junho de 1951, define-se como um homem “muito reservado e muito discreto” mas com uma “alegria imensa” no seu interior. O candidato à Presidência da República, que conta com o apoio do PAICV, diz que está a terminar de montar a estrutura de campanha e nos próximos dias vai começar um périplo pela Europa e América, para mais tarde seguir até às comunidades em África. A ser eleito, diz que, “inevitavelmente”, será um fiscalizador do governo mas, mais do que isto quer ser um Presidente com “espírito de cooperação” entre os órgãos de soberania trabalhando para garantir a estabilidade política do país, um bem fundamental para Cabo Verde. Quer um arquipélago desenvolvido, sem desemprego e onde os cabo-verdianos vivam com dignidade. Não teme os adversários, independentemente de quem sejam, e assume a máxima: quantos mais melhor. Afinal, “é muito melhor estar numa competição forte do que estar numa competição morna”.

Inocêncio quer manter a estabilidade política e projectar Cabo Verde no mundo
Não se viu ainda na história de Cabo Verde, o Norte a ocupar cargos de soberania. Sente-se especial por ser candidato à Presidência?
Não, de forma nenhuma. Tenho tido uma participação política de âmbito nacional, para além de ter tido, sem dúvida, uma experiência de liderança regional em São Vicente. Mas de há muito que a minha actividade política ganhou uma dimensão nacional. Estive no governo durante 10 anos, estou habituado à actividade política de âmbito nacional. É a continuação de um percurso.
Se for eleito, fará história.
Penso que sim. Se merecer a confiança dos cabo-verdianos, e for eleito, será sem dúvida um momento marcante, na medida em que será a primeira oportunidade de termos na Presidência um político que vem da região Norte do país e isso, com certeza, a acontecer será um sinal de que Cabo Verde é mesmo uma nação e não um somatório de regiões, vai mostrar que os cabo-verdianos, do ponto de vista político, têm uma visão integrada e unitária da sua nação.
Mas ainda existe um regionalismo, certos sentimentos bairristas, que podem prejudicar a sua candidatura?
Não, não acredito, isso dá-se em algumas elites. O cabo-verdiano é cabo-verdiano onde quer que ele esteja, de onde quer que ele venha, ele é essencialmente cabo-verdiano e isso tenho sentido ao longo deste processo que me está a dizer isto mesmo: que o cabo-verdiano é essencialmente mais cabo-verdiano, do que regionalista.
Já fala badio?
(Risos) Não, não falo badio, porque o meu crioulo de origem é o de São Vicente.
Como tenciona convencer o eleitorado do sul?
(Risos) Falando o meu crioulo como tenho falado sempre. Tenho falado o meu crioulo e discursado em todas as ilhas, e tenho podido comunicar com os cabo-verdianos de todas as ilhas com o meu crioulo da mesma forma que vejo cabo-verdianos de todas as ilhas a comunicar entre si cada um com o seu crioulo. É normal.
Mas é precisamente na região Sul que lhe faltam manifestações de apoio, nomeadamente da Comissão Política Regional de Santiago Sul.
As estruturas partidárias não têm de manifestar regionalmente apoio à minha candidatura. O PAICV já manifestou. O órgão dirigente máximo entre os congressos é o Conselho Nacional. É o CN que tem as competências para decidir e já manifestou e já decidiu. As estruturas regionais não são obrigadas e não têm de o fazer. Houve tomadas de posição de algumas que, entretanto, se reuniram no quadro dos seus próprios programas, e aproveitaram as ocasiões para se regozijarem com a minha candidatura e reforçar o apoio que já tenho do PAICV.
A sua estrutura de campanha já está montada?
Estou em processo de montagem. Isto é um trabalho esforçado, na medida em que temos de montar não só a estrutura nacional mas também todas as estruturas regionais da candidatura. E é nesse processo que estou, com relativo avanço.
Está a ser consensual o apoio nas estruturas?
Sim. As estruturas nacionais e regionais do PAICV estão, e vão estar, alinhadas, como é do timbre do PAICV. Há todo um trabalho de todas estas estruturas, um esclarecimento de todo este processo, porque existem alguns equívocos no ar. Há um trabalho de esclarecimento do processo e de federação de todas as vontades do PAICV à volta do objectivo do partido que é o de apoiar a minha candidatura. Nesta matéria não encontrei, até agora, nenhuma dificuldade. Por outro lado, tenho estado, naturalmente, a contactar com personalidades da sociedade civil, nas diversas ilhas, pessoas que estou a convidar para pertencerem à estrutura da minha candidatura, nomeadamente para meus mandatários, personalidades que gostaria de ver envolvidas em comissões da minha candidatura. Este processo está em curso e tenho recebido e encontrado uma grande abertura das pessoas com quem tenho conversado e a quem tenho dirigido convites. A montagem da minha estrutura está a correr aceleradamente.
Quem é o mandatário nacional da sua campanha?
Ainda não. Vou dizer no momento próprio. Vamos apresentar a minha candidatura, não temos interesse em lançar nomes assim.
Disse que está a dialogar também com a sociedade civil. Quer reunir apoio para além do partido?
Naturalmente. As candidaturas presidenciais, como já foi vastas vezes repetido, não são candidaturas partidárias. Tenho o apoio do PAICV mas desde o princípio, quando comecei a trabalhar, o que fiz foi exactamente contactar personalidades da sociedade civil. Encontrei-me com grupos de pessoas, com cidadãos, não envolvi as estruturas partidárias, porque a minha primeira intenção era verificar se havia condições e receptividade a nível da sociedade civil. Antes de pensar no apoio do PAICV, quis verificar se havia receptividade na sociedade para a minha candidatura. Foi, e é, a minha primeira condição. A segunda era efectivamente conseguir o apoio partidário que era mais um objectivo do ponto de vista pragmático para dar suporte, digamos, a todo um trabalho que estou e terei de desenvolver para fazer uma candidatura de sucesso. Verifiquei a receptividade da sociedade civil, durante o ano de 2010, e foi isso que me levou a decidir avançar. Foi através do jornal A Semana que, em Novembro, confirmei a minha intenção mas, na altura afirmei que era candidato e que só prosseguiria se conseguisse mobilizar o apoio do PAICV.
Nessa altura já tinha indícios de que o partido o viria a apoiar?
Não, não tinha. Estava a trabalhar para isso, para mim era objectivo essencial, porque sem isso não me candidataria. Foi com muito trabalho, muitos contactos com muitos dirigentes nacionais e regionais do PAICV que consegui reunir as condições, ter a maioria do Conselho Nacional e o apoio do PAICV.
O seu trabalho, enquanto ministro, deu-lhe visibilidade a nível nacional e é conhecido em todo o território. E na diáspora sabem quem é Manuel Inocêncio Sousa?
Na diáspora também porque, hoje em dia separar os cabo-verdianos que residem no país e fora dele, é artificial. As pessoas estão a acompanhar permanentemente, no dia-a-dia, o que acontece em Cabo Verde. Quando comecei no governo, em 2001, como ministro dos Negócios Estrangeiros, tive oportunidade de percorrer esse mundo todo e encontrar-me com todas as comunidades cabo-verdianas que existem no mundo.
Mas já lá vão 10 anos.
O que quero dizer é que nessa altura, uma das grandes preocupações que tínhamos, quando visitávamos as comunidades, era a de informar os cabo-verdianos na diáspora de como estava o país, as suas perspectivas, como evoluía, como encarávamos as soluções dos problemas, etc. Hoje, quando circulamos pela diáspora, já não temos essa preocupação, porque estão informados. Neste espaço de tempo houve uma grande evolução na utilização das tecnologias de informação e comunicação em Cabo Verde. Os jornais online, nomeadamente o vosso que deu, e dá, uma grande contribuição na informação dos cabo-verdianos que estão por esse mundo. Hoje, os cabo-verdianos têm acesso online a todos os meios de comunicação de Cabo Verde e portanto estão a acompanhar o dia-a-dia do país, como um cabo-verdiano em Cabo Verde acompanha. Não há diferenças. As pessoas estão informadas e sabem o que é que cada um faz e não há problema. Tive a oportunidade de percorrer a diáspora inteira, há cerca de oito anos, mas nunca mais parei de visitar uma e outra comunidade cabo-verdiana no exterior. E no quadro deste processo preparatório da candidatura já estive em alguns países, mas vou iniciar agora uma nova agenda de visitas a todas as comunidades.
Vai começar por onde?
A minha próxima deslocação será a Portugal e à França e a seguir Estados Unidos. Depois virá Holanda, Luxemburgo.
Vai ser Europa e Américas?
Sim, as primeiras viagens serão à Europa e América e a seguir às comunidades em África. Vou visitá-las todas nesta fase, ainda antes da pré-campanha.
E como está a sua imagem perante a comunidade internacional? Que ligações tem?
(Risos e pausa) Penso que a minha candidatura é bem recebida pela comunidade internacional. Tive oportunidade de conversar sobre ela com várias figuras. Algumas são representantes de alguns países parceiros de Cabo Verde, que estão cá, mas também falei com gente de outros partidos políticos e de outros países e penso que a minha candidatura será bem recebida na comunidade internacional.
Tem alguma estratégia para chegar a esta elite?
Vamos conversando naturalmente.
Quais são as principais prioridades do seu programa de candidatura?
Para já tenho de concluir a montagem organizativa da candidatura e, paralelamente, vou desenvolvendo contactos com os cabo-verdianos nas ilhas todas que vou visitando, com a sociedade civil que tenho vontade de envolver, pessoas influentes, vou fazendo encontros com jovens. A minha intenção, nestes meses, é falar mais com os cabo-verdianos, ao mesmo tempo que vou montando todo o sistema organizativo da minha candidatura.
Está a dar-se a conhecer a quem, eventualmente, tem uma imagem errada de si?
Não, não é dar-me a conhecer, porque o que verifico é que as pessoas me conhecem. Saio aqui, num bairro da Praia, para contactar com pessoas e, praticamente, toda a gente me conhece. Mas uma coisa é uma pessoa me conhecer através da televisão e outra é o contacto pessoal. É esse contacto olhos nos olhos que estou a fazer agora, porque não tive oportunidade de o fazer com tanta gente assim. Já percorri este país, já contactei e conversei com muita gente ao longo destes anos mas, num processo desta natureza, precisamos de chegar às pessoas e conversar com elas sobre as nossas ideias e intenções. Mas posso dizer que, normalmente as pessoas se dirigem a mim e me conhecem.
Tem ideia de que há quem o julgue um pouco antipático ou mesmo arrogante?
Não. O Manuel Inocêncio não é nem antipático nem arrogante. (Risos) Não é. Se tiver o cuidado de escolher uma amostragem de pessoas que me conhecem e falar com elas vai verificar que nenhuma delas lhe vai dizer que sou antipático ou arrogante. Sou uma pessoa muito reservada, muito discreta, e isso faz com que as pessoas que não têm contacto directo comigo vejam em mim uma pessoa com, enfim, alguma arrogância ou antipatia. Não tem nada a ver, é a minha personalidade, uma simples atitude de discrição e reserva. Não sou uma pessoa muito aberta, muito eufórica. Não, não sou. Sou muito tranquilo e reservado mas sou uma pessoa muito alegre, tenho uma alegria interior enorme. Não me lembro de estar com tristeza. Sou uma pessoa com uma alegria enorme mas tranquila, no meu lugar, com algum recato. E isto pode parecer antipatia para algumas pessoas.
Algumas pessoas que serão a maior parte do eleitorado.
Isso quebra-se naturalmente com os contactos que vou fazer.
Vai mudar a sua imagem?
Não vou mudar a minha imagem, porque acho que é uma boa imagem. (Risos).
Ganhando as eleições, que PR os cabo-verdianos podem esperar?
O que me motiva para a candidatura à Presidência é, no essencial, continuar a trabalhar para a realização da visão que eu tenho para o desenvolvimento deste país.
Que visão é essa?
A visão de um país desenvolvido em que os cabo-verdianos tenham condições de vida e dignidade, em que haja emprego e rendimentos para todos os cabo-verdianos. Esta é a visão para a qual tenho trabalhado ao longo de toda a minha vida, e em várias etapas, com participações das mais diversas: no parlamento como deputado e, nos últimos anos, mais intensamente na governação, que nos dá outra possibilidade de intervir, conhecer e envolver na solução dos problemas da Nação. É essa visão para a qual contribuo há muitos anos. Agora, fechado o ciclo de governação, pensei que estava chegado o momento para um outro projecto político, de outra envergadura, como é o caso de um projecto presidencial ou de um regresso à actividade profissional. Acabei por reunir as condições para avançar com o projecto político presidencial e é nessa perspectiva que avanço. Não tenho nenhuma grande apetência pessoal por altos cargos, não é um projecto pessoal de poder para mim, é a continuação da participação na realização de um desígnio que é nosso, que é um desígnio nacional. É essa a minha perspectiva e na Presidência da República estarei dentro dessa perspectiva, fazendo tudo o que estiver ao meu alcance e que esteja dentro das competências que a Constituição confere ao Presidente da República. E dentro desse quadro, farei o máximo e o melhor que puder para que Cabo Verde continue a progredir e a avançar no seu desígnio colectivo, de nós todos, o do desenvolvimento do país. Vou trabalhar pela garantia da estabilidade política, que é fundamental para Cabo Verde. Os progressos que tivemos, ao longo dos anos todos, têm muito a ver com o facto de termos tido sempre governos estáveis, de legislatura, o que tem dado condições para programarmos, planearmos a médio e longo prazo e para mobilizarmos a comunidade internacional no sentido de trabalhar em permanência connosco na realização dos nossos objectivos. Esta estabilidade política também nos tem permitido ambiente social para trabalharmos, para as instituições públicas trabalharem, para o sector privado também ter confiança e investir em Cabo Verde. A estabilidade política é essencial, é fundamental para que Cabo Verde continue a progredir. Na Presidência farei tudo o que estiver ao meu alcance para continuar a garantir esta estabilidade política que temos tido no país. Também precisamos de estabilidade social. O diálogo entre os parceiros sociais deverá continuar e aprofundar-se, sobretudo num ciclo de governação em que antevemos maiores dificuldades do que nos ciclos anteriores. O nível dos desafios do país que temos hoje de vencer, nomeadamente o desafio do emprego num contexto difícil, exige que, efectivamente, haja ainda maior diálogo entre os parceiros sociais.
E o que pode fazer o Presidente da República?
Pode contribuir incentivando, mobilizando, motivando todas as forças sociais para uma visão colectiva dos objectivos, para congregar todas as forças sociais na linha da consecução dos objectivos da Nação. Esse é um papel que o Presidente da República pode ter desígnios para os quais deve contribuir. A estabilidade social será também uma das minhas grandes preocupações. Por outro lado, penso que o Presidente da República, no contexto mundial em que vivemos, também tem que, conjuntamente com o governo, ter uma acção muito forte na arena internacional, muito forte mesmo. Num contexto internacional tão móvel, como o que temos hoje, com mudanças tão rápidas e repentinas e sendo Cabo Verde um país que ainda vai continuar a precisar do suporte, da parceria, da comunidade internacional para conseguir os seus objectivos. O Presidente da República também deve, e muito, contribuir para encontrarmos novas parcerias, consolidar as existentes, abrir novas linhas de relacionamento e de cooperação com outros países do mundo. Precisamos de novos paradigmas para motivar a comunidade internacional, convencer os nossos parceiros de que vale a pena trabalhar com Cabo Verde, vale a pena investir em Cabo Verde. Portanto, são papéis que o Presidente da República pode, no quadro das suas prerrogativas constitucionais, desempenhar, e que pretendo desempenhar. Por outro lado vou interessar-me pela política interna do país. Vou procurar estar presente nas comunidades, com os jovens, com os mais desfavorecidos. Vou estar atento às questões ambientais. Enfim, vou estar atento às grandes questões nacionais para contribuir positivamente para a sua solução.
Depreendo das suas palavras que será um Presidente mais parceiro do governo que fiscalizador.
Inevitavelmente terei de ser fiscalizador na medida em que um dos poderes constitucionais de um Presidente da República é, precisamente, garantir o cumprimento da Constituição. Terei de exercer os poderes que estão previstos, da promulgação e da garantia da constitucionalidade de todos os diplomas que são de iniciativa governamental mas também de iniciativa parlamentar. Portanto os poderes de fiscalização irei exercê-los, inevitavelmente, irei cumprir com as minhas obrigações constitucionais. Mas não quero só fazer isso. Quero ser um Presidente que traga um espírito de cooperação com os outros órgãos de soberania, um contributo activo para a solução dos grandes problemas da Nação.
De que forma tenciona posicionar Cabo Verde em África, nomeadamente na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e na União Africana (UA)?
Cabo Verde vai continuar a desempenhar o papel que tem procurado desempenhar nos últimos anos. Quando lançámos a ideia da parceria especial com a União Europeia, ao mesmo tempo procurámos aprofundar o nosso relacionamento com a União Africana e, nomeadamente, com a nossa sub-região da África Ocidental. Isso, numa perspectiva de sermos úteis no diálogo entre a Europa e África. E temos procurado ser referência, temos trabalhado no sentido de mostrar ou de ser um exemplo na nossa região, de que é possível termos democracia, consolidarmos a democracia e governar bem, com transparência, com políticas para o benefício dos cidadãos. São exemplos que valem só pelo facto de existirem. Sem demasiadas pretensões, queremos efectivamente ser um exemplo de sucesso, e de desenvolvimento em África. Com outros países africanos, como nós, que têm seguido a mesma linha, queremos dizer que África pode desenvolver-se e que vale a pena investirmos no aprofundamento da democracia, nos direitos dos cidadãos, da boa governação, porque isso resulta sempre em progresso para os nossos povos, para o nosso continente. Na nossa sub-região defendemos estes valores, procuramos e devemos continuar cada vez mais a aprofundar a defesa desses valores da paz, da democracia, da boa governação, das boas estratégias para o desenvolvimento dos países, etc.
A África tem potencial económico. Cabo Verde poderá virar-se mais para o continente?
Cabo Verde, como tem sido visão dos governos de Cabo Verde, deve explorar a sua localização nesta sub-região, nas relações económicas, comerciais entre África Ocidental e o resto do Mundo – África Ocidental/Europa/Américas. Temos procurado fazer isso e é nesta linha que temos de continuar a trabalhar. Todos os poderes em Cabo Verde têm a mesma visão. Há um largo consenso, não há diferenças neste objectivo, podemos encontrar diferenças de metodologia mas a visão é partilhada e o Presidente da República deve trazer a sua contribuição para a realização desta visão, no seu relacionamento com os seus homólogos africanos e a nível dos países europeus, Brasil, América, etc.
Pedro Pires participou na mediação de alguns conflitos no continente. Manuel Inocêncio Sousa está preparado para ter também um papel activo ou será mais reservado?
Com a ponderação e os cuidados que se deve ter no envolvimento em processos desta natureza, tendo em conta a dimensão de Cabo Verde e o seu nível de influência, com essa ponderação penso que não podemos perder oportunidades de projectar Cabo Verde no mundo. Onde houver oportunidades e interesse do envolvimento de Cabo Verde em processos de paz, estaremos, com certeza, disponíveis e vamos fazê-lo no sentido de projectar Cabo Verde no mundo.
Os críticos à sua candidatura dizem que, por ser engenheiro, não tem o perfil ideal para Presidente da República. Que comentário tem a fazer?
(Risos) Não sei qual é a formação ideal para ser Presidente da República, porque se observar os outros países do mundo encontro na Presidência pessoas com as mais diversas formações. Nunca ouvi falar de um perfil do ponto de vista académico para a Presidência da República, não existe. Para Presidente da República é preciso um político maduro, experiente, que seja capaz de representar e defender bem os interesses da Nação cabo-verdiana. Alguém que pelo seu exemplo possa motivar, mobilizar a Nação para os seus desígnios. Estes são os requisitos que penso que deve ter um Presidente da República. Ser engenheiro, jurista, economista é uma questão irrelevante, porque o que vale é a vontade, a força anímica e as cumplicidades que o PR tem que construir com a Nação. Qualquer formação académica de base serve desde que tenha, de facto, de base esta experiência, esta vivência da realidade do país e a capacidade de interpretação. Quanto à questão do engenheiro, só lhe falo da minha experiência de ministro dos Negócios Estrangeiros. Quando em 2001 fui convidado pelo Primeiro-ministro para assumir a pasta das relações exteriores de Cabo Verde, muita gente fez essa interrogação: um engenheiro na diplomacia? No final de dois anos de exercício da função já ninguém se lembrava que Manuel Inocêncio Sousa era engenheiro. As pessoas que falaram comigo sempre me falaram bem do meu desempenho nos Negócios Estrangeiros. E foram dois anos cruciais para a nossa diplomacia.
A abstenção tem sido alta nas eleições presidenciais. Tem algum projecto específico para a combater?
Nas presidenciais tivemos uma elevada abstenção, em 1996, porque tínhamos um único candidato. Mas, nas outras, a taxa da eleição tem rondado os 75 por cento.
Não deixa de ser a eleição que tem mais abstenção.
É natural. A ideia que o cabo-verdiano tem das eleições legislativas e presidenciais é que as legislativas é que determinam quem governa. E as pessoas mobilizam-se mais, porque nas legislativas joga-se mais o futuro de Cabo Verde do que nas Presidenciais. Mas as pessoas dão muita importância às eleições presidenciais. Tenho participado e verifico que há uma grande mobilização, salvo esse caso particular, de um único candidato. Ao contrário desta, que conta com vários candidatos. Vai haver mais mobilização?
Creio que sim. Já há três candidatos, eventualmente poderá aparecer um quarto, quem sabe. Não está fora de questão. E quanto mais competição mais gente se mobiliza, se motiva e portanto há mais participação. Acredito que estas eleições vão ser muito concorridas e competitivas. E quando é assim, há forte mobilização e participação – e isso é bom.
É também um desafio maior?
É um desafio maior para nós candidatos, mas é muito melhor assim. É muito melhor estar numa competição forte, que motiva, que mobiliza, que interessa à cidadania do que estar numa competição morna.
Esta quarta candidatura poderá ser a de David Hopffer Almada, mais uma personalidade da sua ala partidária?
Não sei, não estou a antever nenhuma em especial, estou a dizer que, eventualmente, pode aparecer. Tudo está em aberto ainda.
A entrada na corrida de Aristides Lima já mexeu com a sua candidatura?
Não. A minha candidatura tem as condições que eu precisava de reunir para avançar com ela. Com essas condições estou a trabalhar e vou fazer o melhor para ter sucesso.
Não exige mais esforço da sua parte?
Um pequeno esforço suplementar para contribuir para a federação de todas as vontades do PAICV. Um pequeno esforço. O PAICV é um partido que, normalmente, se congrega facilmente à volta dos seus objectivos, não é preciso um grande esforço.
Se David Hopffer Almada, também, entrar na corrida o partido vai ficar ainda mais dividido. Será mais um pequeno esforço?
Não sei se essa possibilidade se coloca.
É uma possibilidade que existe.
Não sei, não vi ainda nenhum sinal nesse sentido.
Manifestou-lhe algum apoio à sua candidatura?
Sim, no dia da reunião do Conselho Nacional. A declaração dele foi no sentido do apoio.
Como vê esta possível impugnação do apoio do MpD à candidatura de Jorge Carlos Fonseca?
É difícil opinar sobre isso, na medida em que é um processo que não conheço.
Não teme, como já foi dito, que Carlos Veiga avance com uma candidatura à Presidência?
Se Carlos Veiga avançar será um novo adversário. Será mais um. Como já lhe disse, eu já reuni todas as condições que considerava essenciais e fundamentais para o avanço da minha candidatura e ela vai avançar com toda a força. Os adversários serão aqueles que aparecerem.
Houve sondagens a apresentar Carlos Veiga como o candidato do Mpd mais bem posicionado para ganhar. E com essas “rachas” no PAICV, o terreno é propício à sua aparição.
Será um adversário. Quando decidi candidatar-me, havia a perspectiva da candidatura do Dr. Carlos Veiga e portanto não me decidi candidatar porque o Dr. Carlos Veiga decidiu não se candidatar. Quando decidi assumir um projecto desta envergadura ponderei tudo. Sou uma pessoa que toma decisões com cautela e ponderação. Portanto quando decidi entrar, contava com todos os cenários possíveis. Estou preparado para enfrentar qualquer adversário neste processo. Não escolho os adversários.
As últimas sondagens colocam-no um pouco mais abaixo dos outros candidatos assumidos. Dá importância às sondagens?
Não, essas sondagens foram publicadas numa fase muito prematura. De qualquer maneira devo registar que, através do jornal A Semana, tomei conhecimento de uma sondagem realizada, há cerca de um mês, que me colocava numa evolução muito interessante. Estamos em movimentos de sentido contrário, eu estou a subir e os restantes candidatos estão a descer, e isto para mim já é um sinal. Acredito que será esta a tendência futura, vou trabalhar para isso. Uma leitura estática, e tirar conclusões, de uma sondagem num determinado momento é muito arriscada. As sondagens só podem ser lidas de uma forma dinâmica. A dinâmica das sondagens no processo é que nos pode dar indicações do que se pode esperar no futuro.

Lei da violência doméstica preocupa juristas: Prazos impraticáveis e excessiva vitimização O sistema judicial poderá sofrer um colapso por causa dos prazos impostos pela lei da Violência Baseada no Género. Juristas e Procuradores mostram‑se apreensivos com os danos colaterais que o diploma vai ter nos Tribunais mas também nas famílias. As Mulheres Juristas já convocaram os magistrados para um debate, na cidade da Praia.

A aplicação da lei da Violência Baseada no Género (VBG) poderá vir a sobrecarregar as Procuradorias, congestionar os Tribunais e gerar situações melindrosas no seio das famílias cabo‑verdianas. A legislação, que vigora desde 11 de Março último, visa dar tratamento urgente aos casos de agressão doméstica, porém alguns magistrados começam a temer pelos danos colaterais que poderá provocar tanto nos agregados como no próprio sistema judicial.

As questões levantadas são de vária ordem. Elas englobam desde a actual capacidade de resposta das Procuradorias, dos Tribunais, das autoridades policiais, dos serviços de saúde, etc., aos impactos que as medidas legais previstas podem ter na família, na sociedade. Isto sem contar com o esforço financeiro a que vai obrigar o Estado – que vai ter de apetrechar todas as ilhas de centros de acolhimento e casas de abrigo às vítimas. Mais: tem de ser criado um fundo, para auxiliar os ofendidos e as crianças envolvidas. Tudo isto no espaço de um ano.

 “Estamos perante uma lei que tem um objectivo nobre, mas que nos provoca alguma apreensão. Doravante, a violência doméstica passa a ser um crime público. Isto significa que o procedimento criminal contra o suspeito tem lugar, independentemente de haver queixa; e as denúncias já podem ser feitas por qualquer pessoa. Mais: o processo tem tratamento urgente e prioritário, sendo inclusive mais prioritário que os casos de arguidos presos”, compara um magistrado do MP, salientando que, com a adopção desta lei as entidades policiais são obrigadas a comunicar ao Ministério Público todos os factos relacionados com violência doméstica de que tenham conhecimento, no prazo máximo de dois dias. E, por sua vez, o MP terá que apresentar o suspeito ao juiz para aplicação da medida de coacção, em apenas quarenta e oito horas. Ainda cabe a esta instância determinar que tipo de acompanhamento a vítima deve ter junto dos serviços sociais de apoio e apresentar ao Tribunal um pedido provisório de fixação de alimentos.

Com o assunto em mãos, o Tribunal tem o poder de determinar a saída imediata do arguido da casa onde reside com a vítima e accionar uma acção de alimentos. Não o fazendo, o juiz tem que elaborar um despacho “especialmente fundamentado” para justificar a sua decisão.

“Independentemente das demais medidas aplicáveis, presume‑se sempre necessária a aplicação da medida de proibição de permanência em casa de morada de família, quando arguido e vítima habitem a mesma residência, enquanto cônjuges ou em condições análogas”, estipula, entretanto, a mencionada lei. Esta estabelece ainda que o julgamento dos processos deve decorrer no prazo máximo de dois meses após a data da ocorrência.

Faca de dois gumes

Para o citado magistrado, tudo isso cria um “quadro sensível”, que pode levar a Justiça a errar. Ressalva que, na sua percepção, o prazo de 48 horas imposto na lei deve começar a ser contado a partir da constatação da infracção pelo Ministério Público, ou a Polícia Nacional, e não para seguir uma mera denúncia. “Isto para se evitar que pessoas mal intencionadas venham a usar esta lei para prejudicar outrem, sabendo de antemão que as autoridades terão que agir à pressa; e todos sabemos que a pressa é inimiga da perfeição”, realça a nossa fonte, que se mostra apreensiva com as consequências sociais desta lei, apesar de reconhecer a necessidade de se pôr cobro aos numerosos casos de violência doméstica, em Cabo Verde.

A urgência imposta pela lei para o tratamento da violência doméstica pode ser, na perspectiva de outro Procurador da República, uma faca de dois gumes. “A urgência é tanta que o Ministério Público pode ser obrigado a suspender uma audiência de julgamento se lhe surgir um caso destes de rompante”, elucida, relembrando que os crimes de violência doméstica vão disparar daqui para a frente, porque a denúncia já não depende apenas da vontade da vítima. E esta perdeu a capacidade de retirar uma queixa, mesmo que queira. Tratando‑se de um delito público, qualquer pessoa ou instituição que tenha conhecimento dele é obrigada a accionar as autoridades competentes. Estão especialmente consignados os médicos e enfermeiros que tenham dado tratamento a alguém vítima de maus‑tratos no seio da família.

Difamação, injúria e assédio

Outro aspecto há que, segundo um jurista, irá fazer disparar as estatísticas: é o facto de a Lei da VBG passar a enquadrar as ofensas verbais – como injúria e difamação –, as agressões físicas simples e agravadas e o assédio sexual, por exemplo, dentro dos seus parâmetros. Isto é, se uma dessas situações ocorrer no quadro do relacionamento conjugal ou parental, é tratado como tal. E, segundo este advogado que trabalha na ilha de Santiago, o grosso dos crimes cometidos no país relaciona‑se exactamente com ameaças, injúrias, difamação e ofensas físicas. “Esta lei vai exigir um esforço grande do sistema judicial, as Comarcas terão de estar adaptadas para poderem dar vazão aos casos de violência baseada no género. Caso contrário, esse dispositivo vai bloquear o andamento de outros processos também urgentes”, alerta.
Mas, por aquilo que apurou este semanário, nos próximo tempos será quase impossível uma adaptação das Comarcas às exigências desta lei. Isto, no entendimento de uma fonte fidedigna, iria implicar a disponibilização de mais magistrados às Comarcas onde esse género de crimes é mais frequente, quadro que ele descarta neste momento.

“O funcionamento das Procuradorias não pode ser condicionado a uma lei. Isto violaria o princípio da igualdade e da proporcionalidade imposto pela Constituição”, sublinha a nossa fonte, para quem será “missão quase impossível” os procuradores e juízes cumprirem os prazos de 48 horas impostos pela lei da violência doméstica. Salienta que, por lei, nenhum juiz pode suspender um primeiro interrogatório a um processo com arguido preso para realizar outro acto. E, na sua opinião, os magistrados do MP não devem dar prioridade a processos de violência doméstica sobre outros com arguidos presos, sob pena de estarem a ferir o princípio da igualdade e da proporcionalidade.

“Vir dizer que tudo é urgente quando há magistrados com dois mil processos pendentes é brincar. Ou teremos Procuradores específicos para este tipo de crime, o que é impossível, ou vamos ter que andar dentro daquilo que é humanamente possível”, afirma a nossa fonte, que tem dúvidas se a lei da VBG irá resolver os problemas da violência doméstica em Cabo Verde. “Nem tudo pode ser resolvido com o rigor da lei e as pessoas partiram de uma falsa ideia de que a nossa legislação não dava tratamento a esta questão. Temos que aplicar a lei, é claro, mas também é preciso ver qual será o seu alcance na sociedade”, diz, pois o seu receio é que as medidas aplicáveis venham a desestruturar ainda mais as famílias, quando o objectivo é o contrário.

Excesso de vitimização

Um dos alertas lançados pela comunidade jurídica é se esta lei, da forma como foi concebida, não vai estimular um excesso de vitimização. Isto porque a lei da VBG, contrariamente às demais existentes, centra a sua atenção na vítima, que é amplamente protegida.  Ela tem todos os seus direitos salvaguardados, incluindo os laborais, e beneficia ainda de um amplo amparo do Estado. O processo tem tratamento privilegiado em todas as instâncias legais, mesmo no Supremo Tribunal de Justiça, em caso de recurso.

“É o primeiro diploma centralizado na defesa da vítima. Mas é preciso não vitimizarmos em demasia as mulheres, que são a parte normalmente mais frágil dos laços conjugais, porque pode dar espaço a situações de manipulação e de vingança”, entende um dos magistrados referenciados, que já começou a tratar casos de violência doméstica à luz da nova lei. Numa rápida análise, acredita que as repercussões dos casos que já tem em mãos podem ser negativas para a estabilidade das famílias envolvidas. E cito um caso caricato que chegou outro dia aos tribunais – um casal teve um grave desentendimento por causa da “birra” de uma filha de dez anos. Os pais começaram a discutir, o assunto ganhou proporções imprevisíveis e acabou dentro da Procuradoria. Agora o pai corre o risco de ser retirado da casa, quando essa não é a vontade do casal e tão pouco da criança.

Debate entre magistrados e mulheres juristas

A aplicabilidade da lei da VBG pelo sistema judicial vai ser alvo de um debate promovido pela Associação das Mulheres Juristas com um grupo de vinte magistrados, dez do Ministério Público e dez Judiciais, na cidade da Praia. Em princípio, várias das questões – levantadas nesta reportagem – deverão provocar uma ampla discussão nessa mesa‑redonda, que irá acontecer na próxima terça‑feira. O resultado dessa reunião é uma incógnita colocada no futuro, mas para já a jurista Maria das Dores, presidente da AMJ, e Filomena Amador, Assessora do Ministério da Justiça e Coordenadora das Casas do Direito, reconhecem que alguns dos aspectos suscitados pelos Procuradores têm a sua pertinência, nomeadamente a questão da capacidade do MP em cumprir os apertados prazos estabelecidos.

“A questão é pertinente porque, realmente, o número de denúncias dos casos de violência doméstica vai aumentar. A meu ver, esta lei traz algo positivo que é o facto dessa violência passar a ser tipificada como crime público. Mas não deixa de ser uma questão delicada”, entende Filomena Amador, que pretende ver de que forma o Ministério da Justiça pode ajudar na socialização deste novo diploma.

Este dispositivo legal, para a jurista Maria das Dores, é bastante ambicioso nos seus objectivos. Contudo, reconhece que a sua aplicação poderá enfrentar barreiras de ordem financeira, técnica e de disponibilidade de recursos humanos adequadamente formados. “Mas não deixa de ser uma lei sensata. A minha esperança é que consigamos aplicá‑la como deve ser”, diz a Presidente da Associação de Mulheres Juristas, para quem há muito trabalho à espera dos organismos competentes para a efectivação dos desígnios defendidos pelo diploma. Uma delas é a sensibilização dos funcionários das instituições públicas, nomeadamente dos médicos e enfermeiros, para a necessidade de estarem atentos aos casos de violência doméstica que dão entrada nos serviços de urgência.

A partir do dia 11 de Maio, os tribunais começam a julgar os processos de violência doméstica com base na nova lei. Isto porque, tratando‑se de processos abreviados, terão que ser resolvidos no prazo máximo de dois meses a partir da data da ocorrência. E deprende‑se que aquilo que não vai faltar nas salas de audiência serão casos de agressão verbal, física e psicológica, assédios e tentativas de violação sexual enquadrados como crimes domésticos.

domingo, 17 de abril de 2011

Klaus Regling, o alemão que reúne os milhões de que Portugal precisa

PM garante que combate à pobreza e exclusão social é prioridade do Governo
14-Fev-2011
ImageO Primeiro-Ministro, José Maria Neves, garantiu segunda-feira  que o combate à pobreza, às desigualdades e a todas as formas de exclusão social vai  ser uma “orientação fundamental” do primeiro Governo da VIII legislatura empossado hoje pelo Presidente da República, Pedro Pires. Discursando na cerimónia de posse do Executivo, resultante da vitória do PAICV nas eleições legislativas do passado dia 06 de Fevereiro, José Maria Neves, sublinhou o novo Governo vai procurar alargar os serviços sociais e melhorar a sua qualidade. “Atenção particular será dada à implementação de políticas públicas orientadas para a promoção da família e para o aumento dos rendimentos. Orientaremos os nossos esforços para a universalização da cobertura da segurança social”, prometeu. José Maria Neves prometeu ainda um “salto qualitativo” na Saúde, um melhor combate á criminalidade e particularmente à delinquência juvenil e à pequena criminalidade. A criação de mais empregos e de qualidade para atender a uma mão-de-obra “jovem e instruída” é a outra prioridade de José Maria Neves, que defende a “expansão e a diversificação da base económica” como a chave para conseguir vencer este desafio. “Temos de intensificar os esforços para transformar Cabo Verde num centro internacional de prestação de serviços, apostando em sectores e clusters já identificados, designadamente  o turismo, os transportes  as tecnologias  informacionais, as  industrias  culturas, as finanças  internacionais, o mar”, sublinhou. Nesta VIII legislatura, o sector privado, considerado por José Maria Neves como “a peça chave desta engrenagem”, merecerá também atenção especial. “Iremos implementar uma nova abordagem para que as questões que têm a ver com investimos privados, em ordem a estimular e agilizar os circuitos e procedimentos e acelerar decisões”, assegurou. Por sua vez, Presidente da Republica, Pedro Pires, recomendou ao novo Governo, uma maior aposta na eficiência, segurança e qualidade, como forma de responder às exigências dos parceiros externos e garantir a competitividade do país. “Tenho verificado que os parceiros externos com os quais tenho contactado apreciam a qualidade da nossa democracia, a nossa cultura e a forma de estar, a garantia jurídica que desfrutam e a segurança que o país lhe oferece. Pedem porem, maior eficiência dos nossos serviços”, disse o chefe de Estado. Pedro Pires, que durante o seu discurso alertou para as dificuldades advenientes sobretudo da conjuntura internacional, afirmou que é investindo na “maior competitividade do país e em mais vantagens competitivas” que se consegue ultrapassar os actuais desafios. O Presidente da República defendeu, por outro lado, que o combate ao desemprego e a integração de jovens na vida produtiva requerem o estímulo ao empreendedorismo e o incentivo ao empresariado nacional, incorporando as pequenas e microempresas e agregando a agropecuária.  “Pois serão elas as grandes geradoras de emprego e de riqueza e responsáveis pelos fortalecimento do tecido económico nacional”, frisou. O chefe de Estado lembrou ainda as situações de dificuldades, declarando que “gostaria que o quadro fosse diferente”, mas demonstrou optimismo quanto ao futuro do país. “Estou convicto de que as crises internacionais, mesmos as mais graves, são sempre portadoras de janelas de oportunidades que são incentivadoras da criatividade dos actores políticos e dos agentes económicos e sociais. Estas oportunidades reclamam sempre por mais arte e maior engenho  na gestão da economia e do país”, advogou. “Compete-nos agir com inteligência e agilidade a fim de descobrir  e aproveitar, em tempo útil, as oportunidades e  os nichos específicos que nos estarão reservados”, concluiu. O Governo da VIII legislatura é composto por 21 membros, sendo 18 ministros e 3 secretários de Estado, entre os quais oito mulheres.  


PM garante que combate à pobreza e exclusão social é prioridade do Governo
14-Fev-2011
ImageO Primeiro-Ministro, José Maria Neves, garantiu segunda-feira  que o combate à pobreza, às desigualdades e a todas as formas de exclusão social vai  ser uma “orientação fundamental” do primeiro Governo da VIII legislatura empossado hoje pelo Presidente da República, Pedro Pires. Discursando na cerimónia de posse do Executivo, resultante da vitória do PAICV nas eleições legislativas do passado dia 06 de Fevereiro, José Maria Neves, sublinhou o novo Governo vai procurar alargar os serviços sociais e melhorar a sua qualidade. “Atenção particular será dada à implementação de políticas públicas orientadas para a promoção da família e para o aumento dos rendimentos. Orientaremos os nossos esforços para a universalização da cobertura da segurança social”, prometeu. José Maria Neves prometeu ainda um “salto qualitativo” na Saúde, um melhor combate á criminalidade e particularmente à delinquência juvenil e à pequena criminalidade. A criação de mais empregos e de qualidade para atender a uma mão-de-obra “jovem e instruída” é a outra prioridade de José Maria Neves, que defende a “expansão e a diversificação da base económica” como a chave para conseguir vencer este desafio. “Temos de intensificar os esforços para transformar Cabo Verde num centro internacional de prestação de serviços, apostando em sectores e clusters já identificados, designadamente  o turismo, os transportes  as tecnologias  informacionais, as  industrias  culturas, as finanças  internacionais, o mar”, sublinhou. Nesta VIII legislatura, o sector privado, considerado por José Maria Neves como “a peça chave desta engrenagem”, merecerá também atenção especial. “Iremos implementar uma nova abordagem para que as questões que têm a ver com investimos privados, em ordem a estimular e agilizar os circuitos e procedimentos e acelerar decisões”, assegurou. Por sua vez, Presidente da Republica, Pedro Pires, recomendou ao novo Governo, uma maior aposta na eficiência, segurança e qualidade, como forma de responder às exigências dos parceiros externos e garantir a competitividade do país. “Tenho verificado que os parceiros externos com os quais tenho contactado apreciam a qualidade da nossa democracia, a nossa cultura e a forma de estar, a garantia jurídica que desfrutam e a segurança que o país lhe oferece. Pedem porem, maior eficiência dos nossos serviços”, disse o chefe de Estado. Pedro Pires, que durante o seu discurso alertou para as dificuldades advenientes sobretudo da conjuntura internacional, afirmou que é investindo na “maior competitividade do país e em mais vantagens competitivas” que se consegue ultrapassar os actuais desafios. O Presidente da República defendeu, por outro lado, que o combate ao desemprego e a integração de jovens na vida produtiva requerem o estímulo ao empreendedorismo e o incentivo ao empresariado nacional, incorporando as pequenas e microempresas e agregando a agropecuária.  “Pois serão elas as grandes geradoras de emprego e de riqueza e responsáveis pelos fortalecimento do tecido económico nacional”, frisou. O chefe de Estado lembrou ainda as situações de dificuldades, declarando que “gostaria que o quadro fosse diferente”, mas demonstrou optimismo quanto ao futuro do país. “Estou convicto de que as crises internacionais, mesmos as mais graves, são sempre portadoras de janelas de oportunidades que são incentivadoras da criatividade dos actores políticos e dos agentes económicos e sociais. Estas oportunidades reclamam sempre por mais arte e maior engenho  na gestão da economia e do país”, advogou. “Compete-nos agir com inteligência e agilidade a fim de descobrir  e aproveitar, em tempo útil, as oportunidades e  os nichos específicos que nos estarão reservados”, concluiu. O Governo da VIII legislatura é composto por 21 membros, sendo 18 ministros e 3 secretários de Estado, entre os quais oito mulheres.  



Já foi dado como potencial sucessor a Jean-Claude Trichet na presidência do BCE, embora a Alemanha não o queira perder da liderança do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Figura despercebida, homem da confiança da chanceler alemã, Klaus Regling é, há pouco menos de um ano, o ‘tesoureiro dos aflitos’.
<p>Regling (1º à esq.), numa imagem de 1998, ao lado de Tietmeyer, Trichet e Strauss-Kahn </p> 
 
Director do fundo de ajuda aos países em dificuldades na zona euro desde Julho, este alemão de 60 anos que foi conselheiro de Angela Merkel entre 2008 e 2009 é o rosto do veículo de ajuda que está a ser desenhado para Portugal no âmbito do fundo de socorro aos países em dificuldade na zona euro fundo (FEEF ou EFSF, na sigla convencionada internacionalmente).

Antes de Portugal pedir socorro, Regling dizia estar pronto para o accionar. E voltou a repeti-lo agora com mais detalhe: dez dias depois de a “troika” formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) definir finalmente o montante e as condições do plano de ajuda, estará pronto para avançar com o programa.

Regling assumiu a liderança do FEEF como o seu primeiro director quando muitas questões estavam em aberto sobre o futuro do fundo. A Grécia tinha sido socorrida pela União Europeia em Maio, fora do quadro de ajuda do FEEF, e cuja criação foi decidida nesse mesmo dia.

A The Economist elogiava-lhe na altura o currículo. Sobre ele escreveu que o passado profissional recomendava um nome como o de Regling para um programa essencial, dizia a revista britânica, para assegurar a assistência financeira de emergência na zona euro num momento de crise.

Passou décadas entre Washington, Berlim e Bruxelas, a saltar entre funções governativas na Alemanha e gabinetes do FMI e da Comissão Europeia.

No ano em que termina o mestrado em Economia (1975), na Universidade de Regensburg, já formado em Hamburgo, vai para Washington como investigador e economista do FMI. Cinco anos mais tarde, regressa a Berlim e por mais cinco aqui fica: primeiro, no departamento económico da associação de bancos alemães (durante um ano) e, depois, como economista no Ministério alemão das Finanças, onde voltará mais tarde, em 1991.
Pelo meio, regressa ao FMI, como responsável pela divisão internacional de mercados de capitais – e, aqui, trabalha em Washington e em Jacarta, quando está com o dossier dos países africanos e asiáticos.

A aproximação ao círculo de Bruxelas dá-se, precisamente, nos oito anos em que passará por três departamentos do Ministério alemão das Finanças: nos anos 1990, é uma peça fundamental na criação do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) – uma exigência alemã para aderir ao euro.

O FEEF de Regling

Um interregno de dois anos em funções governativas, como analista do Moore Capital Strategy Group, dá-lhe tempo para depois voltar aos corredores da UE. Desta vez, já não como responsável da Alemanha, mas com assento na Comissão Europeia. Regling passa a director-geral dos Assuntos Económicos e Financeiros, assumindo a pasta durante oito anos, até passar a consultor da chanceler alemã através de um comité de avaliação de políticas financeiras.

É depois disso que fica com a direcção do fundo criado na União Europeia. O modelo grego inspirou a ajuda que depois Regling coordenou à Irlanda. E já depois disso, as incertezas quanto ao futuro de uma Europa a lidar com os países periféricos a lutarem contra a crise da dívida soberana, Regling viu adiadas para Junho deste ano medidas para flexibilizar o FEEF, enquanto já se acerta o mecanismo que vai substituir o actual fundo de ajuda em 2013.

Ao mesmo tempo, tem sido colocado na lista dos potenciais candidatos para presidir ao BCE, quando Jean-Claude Trichet terminar, em Outubro, o mandato de oito anos. A favor teria o facto de ser alemão (depois de Weber se afastar da corrida), mas Berlim quer assegurar o lugar no FEEF e contra si joga também o facto de nunca ter sido governador de um banco central.

Reformas em troca de assistência

“A estratégia adoptada para preservar a estabilidade financeira na zona euro funciona. Isso não quer dizer que todos os problemas estejam resolvidos. Mas o euro, enquanto tal, não está em questão”, dizia Regling numa entrevista publicada no início da semana passada simultaneamente nos jornais Irish Times (irlandês), La Tribune (francês) e Der Standard (austríaco).

A Irlanda foi socorrida já neste quadro de ajuda – em que a assistência do fundo é negociada entre o país e a Comissão Europeia, o BCE e o FMI – e Portugal terá o pacote de assistência definido antes de uma flexibilização, previsivelmente em Junho, do actual fundo – visto entre os 17 do euro como a tábua de salvação dos países em dificuldades.

Em Março, os Estados-membros assumiram um acordo de princípio que estabelece o reforço da capacidade efectiva de empréstimo do fundo de 220 mil milhões de euros para 440 mil milhões de euros.

Como a Grécia e a Irlanda, Portugal terá de assumir compromissos, já que os programas de assistência financeira concedidos aos dois países resgatados foram accionados para permitir o equilíbrio, a prazo, das finanças públicas desses países. A contrapartida é o cumprimento de um plano de austeridade negociado com os governantes. Planos “draconianos”, como corre na imprensa internacional: descidas dos salários, redução das pensões, aumento da carga fiscal e restrições às contratações e cortes na função pública.

Dizia há dias Regling, falando do “período particularmente difícil” que a Europa atravessa na zona euro: “A Grécia fez grandes progressos, mas tem ainda mais anos [em que vai precisar de aplicar medidas de austeridade]. A mesma coisa na Irlanda. Portugal conhece uma batalha política interna. Veremos se pede ou não assistência. Se o fizer, estaremos preparados [para accionar o programa de emergência] ”.

Portugal pediu e o FEEF está pronto. O montante estimado por Bruxelas ronda os 80 mil milhões de euros, e será Klaus Regling que os irá reunir, quando o valor ficar finalmente definido, através de dotações dos Estados-membros do euro e do FMI. Uma estratégia, como diz, que serve para autonomizar as três economias tidas como as mais frágeis da moeda única e assim evitar o contágio a outros países da zona euro.