O MpD pode vir a retirar o seu apoio à candidatura de Jorge Carlos Fonseca para as eleições presidenciais deste Verão. Pelo menos é isto que pretende Victor Osório, membro da Direcção Nacional do partido, ao impugnar o processo de escolha de Fonseca, alegando violação dos estatutos e irregularidades nos procedimentos seguidos pela Direcção Nacional na hora de decidir o candidato presidencial que o MpD iria apoiar. Por detrás deste esquema de secretaria estará o desejo secreto de muito boa gente que quer fazer o processo voltar à estaca zero para poder baralhar as cartas e encarar cenários até agora não vislumbrados. E nesse tudo é possível nada é de se descartar, até uma candidatura surpresa de Veiga.
Victor Osório, membro da Direcção Nacional do MpD, deu entrada na mesa da DN, presidida por Rui Figueiredo Soares, de um pedido de impugnação do processo que ditou a escolha de Jorge Carlos Fonseca como o candidato a apoiar pelos ventoinhas nas eleições presidenciais que se avizinham. Osório terá alegado violação dos estatutos do partido no que toca aos prazos para a tomada de tal decisão, fora outras irregularidades, nomeadamente o facto de o outro pretendente ao apoio ventoinha, Amílcar Spencer Lopes, se encontrar ausente do país, a efectuar contactos com seus potenciais apoiantes em Portugal.
Esta impugnação, que foi pedida há uma semana e meia, sensivelmente, deve agora subir ao Conselho Jurisdicional do MpD, esperando-se um veredicto nos tempos que se seguem. Por ora, o presidente desse órgão, o jurista João Santos (S. Vicente), disse que ainda não chegou nada nesse sentido. A Semana sabe que esse pedido de Victor Osório surge na sequência da carta enviada por Amílcar (Mikinhas) Spencer Lopes dias depois da DN que chumbou o seu nome como candidato apoiado pelo MpD (só conseguiu 6 votos dos seus companheiros da Direcção Nacional). Mas tanto Amílcar Spencer Lopes quanto Victor Osório apontam o facto de 12 dos membros da DN terem abandonado a sala antes da votação por, alegadamente, não concordarem com a forma como a questão foi agendada e discutida, para denunciar irregularidades nos procedimentos que devem seguir decisão tão importante.
O Conselho Jurisdicional dirá da sua justiça, mas se der cabimento à impugnação interposta pelo jurista Victor Osório, a questão presidencial voltará a ficar baralhada nos lados do MpD, quanto mais não seja porque muitos acalentam ainda a esperança de ver Carlos Veiga a apresentar-se como candidato do partido nessas presidenciais de Verão. Aliás, Veiga vem sendo pressionado por muito boa gente do partido para entrar na corrida ao Palácio do Plateau. Estes, que já estavam afoitos com a última sondagem do Afrobarómetro publicada na edição nº 974 deste jornal, agora viram as suas esperanças redobradas com a “racha” existente dentro da família PAICV. Acham que se na altura Veiga era o único candidato da área do MpD que podia vencer as presidenciais frente aos “Homens” do PAICV, agora por maioria de razão, com Aristides Lima e Manuel Inocêncio em campos opostos, esta é a vez de Veiga realizar o seu sonho de ser presidente da República de Cabo Verde. Os mais maldosos vêem atrás dessa iniciativa de Osório, uma mãozinha à entourage de Veiga – José Filomeno, Ulisses Silva, José Tomás Veiga (primo), Eunice Silva e o próprio Amílcar Spencer Lopes – a deitar achas à fogueira para ver se sai fumo branco no vaticano ventoinha.
O certo é que esse novo elemento pode provocar um volte face que, à partida, não favorece em nada o Zona enquanto candidato que já tem como dado adquirido o apoio ventoinha.
O próprio Carlos Veiga, ao que se diz nos corredores do partido ventoinha, estará por detrás deste expediente de secretaria para afastar Jorge Carlos Fonseca da corrida, pelo menos com o apoio do MpD. Embora ainda se mantenha decidido a não se candidatar às presidenciais, a verdade é que Fonseca nunca foi o candidato predilecto do líder ventoinha. É, de resto, sabido a distância que há muito separa os dois homens, cujas desavenças tiveram o seu epílogo no afastamento de Jorge Carlos Fonseca do governo e seu posterior abandono do partido para, juntamente com Eurico Monteiro, fundar o PCD.
Além disso, todas as sondagens apontam para uma derrota de Jorge Carlos Fonseca frente a qualquer dos candidatos da ala paicevista, motivo q.b. para os ventoinhas tentarem agora a redifinição do seu campo político e redesenharem um candidato com maiores probabilidades de ganhar as presidenciais. E aqui volta a surgir o nome de Carlos Veiga como possível concorrente à cadeira do Presidente da República, uma hipótese tida como bastante séria e com fortes probabilidades de vir a efectivar-se. Até porque, o líder do MpD já fez saber junto aos seus pares que não pretende ficar muito tempo como segundo vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional.
Resta agora ao Conselho de Jurisdição do MpD emitir o seu despacho quanto ao pedido de impugnação formulado por Victor Osório – a decisão deve sair dentro de dias. Daqui pode surgir um revés no apoio do partido ao candidato para as eleições presidenciais, um facto que está a deixar a candidatura de Jorge Carlos Fonseca em pânico, além de provocar um abalo fortíssimo nas hostes ventoinhas.
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