A insegurança e a falta de energia dominaram boa parte do debate do Estado da nação desta sexta-feira, 29, na Assembleia Nacional. Também o abastecimento de água, o desemprego, a educação e as políticas de economia marcaram o debate. Não faltaram troca de acusações entre os dois maiores partidos- PAICV e MpD- no Parlamento.
“O tráfico de droga é um caminho de sangue”, assume a ministra da Administração Interna, Marisa Morais. Na hora em que tomou a palavra assumiu ainda que “não aceita corrupção generalizada na Polícia Nacional, como escreveu um jornal” e saiu em defesa dos profissionais “dignos e sinceros”.
O debate esteve debaixo de “fogo cruzado” onde o atentado, na semana passada, contra o juiz Faustino Varela e a droga que deu à costa no interior de Santiago, assim como a que desapareceu das instalações da Polícia Nacional na Praia foram os exemplos mais citados pela oposição, para atacar o governo e acusá-lo de “falta de políticas em matéria de segurança nacional”.
Da parte do governo, a ministra Marisa Morais diz que o executivo “está a tomar medidas” e apelou aos deputados para “não fazerem de algumas situações um cenário calamitoso”.
“A questão da droga é grave e reagimos, a questão das armas é grave e reagimos e no que diz respeito ao cerco do tribunal, devo dizer que acredito na independência da Justiça e às vezes é preciso deixar que as instituições funcionem”, assegurou a ministra, para quem “não há Estados sem criminalidade, nem segurança absoluta” e a título de exemplo falou da Noruega, que recentemente sofreu dois atentados.
À tarde, a educação, o emprego e juventude estiveram em debate, mas a questão da energia voltou à carga. A política energética do governo foi alvo de crítica, novamente por parte da oposição e o Primeiro-ministro saiu em defesa do seu executivo dizendo que a Electra “está a ser dividida em duas empresas, Norte e Sul, para ajudar a resolver os problemas existentes”.
“O governo está a fazer vários investimentos para que a Praia tenha um depósito de fuel pesado que se vai reflectir numa poupança de 400 mil contos por ano e vamos combater o roubo de energia”, disse José Maria Neves.
No final do dia, o líder da UCID acabou por reafirmar ao asemanaonline que o Estado da Nação “é negativo” e adiantou que “já sabia que não ia ficar esclarecido no final do debate”. “É o sexto debate a que nós assistimos e o senhor Primeiro-ministro já nos acostumou, nestes debates, a pintar o país da forma como bem entende”, considerou António Monteiro.
Também o presidente do MpD considerou que o Estado da nação “é mau, os resultados não são bons, apesar de muita propaganda” e também revelou que não ficou esclarecido.
“Nunca é. Neste formato nunca é. Temos 01h27 e o PAICV e o Governo têm, os dois, mais de três horas, portanto fica muito difícil debater as questões assim. Na próxima reforma do Parlamento, quando se tratarem as questões de fiscalização política temos de ser colocados em pé de igualdade”, reivindicou Carlos Veiga que também sugeriu a alteração do modelo de debate. “Temos de vir aqui debater um tema e se o fizermos durante uma tarde com certeza aprofundaremos esse tema, só ano a ano não há tempo”.
Por seu turno, o Primeiro-ministro disse que a nação “não está rosa nem negra” e que o governo “está a trabalhar para enfrentar os desafios do momento” e quanto aos esclarecimentos do debate, considera que “a oposição pode contribuir mais para os esclarecimentos”.
“Eu disse, durante todo o debate, que fiquei decepcionado com a prestação da oposição. Não trouxeram questões essenciais para o Estado da nação, para além de uma ou outra questão que, efectivamente, existem mas devíamos fazer um debate muito mais abrangente sobre o Estado da nação, ou seja, temos de ser mais produtivos neste confronto”, concluiu José Maria Neves.
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