terça-feira, 15 de novembro de 2011

Empresário Jorge Spencer Lima com “duras críticas” à administração pública cabo-verdiana

Cidade da Praia, 15 Nov (Inforpress) - O empresário Jorge Spencer Lima (Scapa), teceu segunda-feira, na Praia, “duras críticas” à administração pública cabo-verdiana e disse que alguns sectores do Governo “vêem o sector privado nacional como um alvo a bater”.
Jorge Spencer Lima, que falava na qualidade de embaixador da Semana Global de Empreendedorismo em Cabo Verde, que decorre 14 a 20 de Novembro, afirmou que o país não poderá desenvolver “sem uma colaboração franca, directa e leal” entre o sector público e privado cabo-verdiano.
“Os cabo-verdianos, em vez de nivelarem por alto, querem nivelar por baixo. A primeira reacção deles é ver alguém a subir e puxá-lo para baixo”.
“A nossa posição, a nossa cultura e a nossa mentalidade devem alterar na procura do melhor para si, para os seus parceiros, para o seu vizinho e irmão e não querer que todos fiquemos na miséria”, defendeu o empresário.
De acordo com Spencer Lima, “não se deve fazer política de miséria, mas sim política de riqueza”, onde cada um tem a sua parte, o seu caminho e possa a desfrutar dos benefícios que este país tem para dar a todos.
“Temos que ir contra as barreiras, mudar as mentalidades e afirmar em Cabo Verde uma classe empresarial forte e capaz”, que contribua para o desenvolvimento de Cabo Verde e da sua população.
Fez saber que também que a classe empresarial cabo-verdiana tem enfrentado vários problemas, nomeadamente de acesso ao crédito.
O empresário reconheceu que “houve momento em que o acesso ao crédito melhorou grandemente em Cabo Verde, mas confirmou que, depois da recessão económica internacional, os bancos retraíram-se e agora a situação está muito mais difícil e as exigências são muito maiores em relação à garantia e à própria taxa de juro que subiu”.
Tudo isso tem os seus “efeitos negativos” no ambiente de negócios, lamentou Jorge Spencer Lima, que criticou, igualmente, a ineficiência energética no país.
“Não podemos trabalhar num país onde a energia parece um “pisca-pisca”. Onde a água é cara. Há que estabilizar determinadas infra-estruturas”, comentou.
Reconheceu que o Governo tem feito “um esforço na infra-estruturação do país, mas entende que a água e a energia são elementos fundamentais para um país que se quer transformar num centro internacional de prestação de serviço.
O primeiro-ministro, José Maria Neves, por sua vez, reconheceu algumas críticas, advogando a necessidade de inverter a situação. Aconselha a “roturas a diferentes níveis da administração pública cabo-verdiana que ainda “é lenta, excessivamente burocratizada e orientada mais para o seu desempenho interno do que externo”.
O processo transformacional de Cabo Verde passa pela “mudança de atitudes em relação ao trabalho, ao risco, à produtividade e à nossa capacidade de empreendimento”, precisou.
José Maria Neves admitiu que “a administração pública cabo-verdiana tem uma reduzida capacidade de negociação com o seu ambiente negocial e que presta pouca atenção ao ambiente contextual em que labora”.
O chefe do Executivo prometeu transformar Cabo Verde num centro internacional de prestação de serviços no domínio do turismo, transportes aéreos e marítimos, tecnologias informacionais, economias criativas, agro-negócios e energias renováveis.
A aposta nesses sectores são oportunidades de negócios para as empresas e os jovens cabo-verdianos, afirmou José Maria Neves.
Para transformar Cabo Verde num centro internacional de serviços, o PM disse que o Governo tem de modernizar as infra-estruturas do país com investimentos, nas estradas, portos, aeroportos, água, saneamento, telecomunicações e energia.
“É preciso trabalhar também para densificar o sector privado nacional que ainda é débil”, sugeriu.
Segundo José Maria Neves, constatou-se em Cabo Verde que, por várias razões históricas do nosso percurso, “existe uma atitude negativa” em relação ao sector privado, uma questão cultural de fundo que é preciso alterar, sugeriu.
José Maria Neves assegurou que o país tem de “investir fortemente” no desenvolvimento do capital humano e trabalhar para a densificação do sector privado nacional, que é “ainda débil, com muitas fragilidades, não assume muitos riscos e é avesso à procura de alianças de parcerias” no país e no mercado internacional.
Na sua perspectiva, “é fundamental que o Governo, em parceria com o sector privado, trabalhe no sentido da mobilização de recursos juntos das instituições financeiras internacionais para o desenvolvimento da classe empresarial cabo-verdiana”.

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