domingo, 20 de novembro de 2011

Operação Leoa Ferida: Procuradoria acusa oito pessoas

    

O Ministério Público já deduziu a acusação formal de oito pessoas supostamente envolvidas na operação “Leoa Ferida” sob a tutela da procuradora Killy Almada. São: o proprietário do “Consultório de Fisioterapia, traumatologia, Reumatologia e Reabilitação Física”, Zeferino Ferreira Vaz, três médicos (dois cubanos e um cabo-verdiano), um funcionário do instituto Admilton Cardoso de Pina e mais três arguidos no caso que lesou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) em milhares de contos.

Operação Leoa Ferida: Procuradoria acusa oito pessoas
Ao que conseguimos apurar, as investigações efectuadas pela PJ e coordenadas pela Procuradora Killy Almada revelaram que as denúncias feitas pelo INPS em Junho eram mais graves do que inicialmente se pensava. “Foram constituídos mais arguidos e reunidas mais provas, acabando a Procuradoria por deduzir acusação formal contra dez pessoas. As investigações confirmaram ainda que houve envolvimento directo de funcionários do INPS. Aliás, para além do Admilton, que está neste momento proibido de se aproximar de qualquer instalação do INPS, houve abandono de lugar e fuga de outros funcionários, que se encontram em parte incerta, estando ainda por apurar se terão ou não envolvimento em outros processos”, indica uma fonte do A Semana.
Segundo a nossa fonte, “as ondas de choque” dentro do INPS têm sido terríveis e vão continuar. Aliás, já determinaram a instrução de vários processos disciplinares internos devido a suspeitas que poderão levar à abertura de mais dossiers. “Dos dez acusados, apenas dois estão detidos, Zeferino Vaz e António Aroche, os que mais beneficiaram com a burla. A sua detenção aconteceu no dia 26 de Junho, dois dias depois da prisão do Admilton de Pina. Mas foi Vaz quem mais ganhou com esta fraude, inclusive ele terá burlado os demais comparsas com quem partilhava os ganhos”.
que vai defender o médico Odair Manuel dos Reis Carvalho, de 30 anos. Para se ter ideia, as provas recolhidas pela PJ indicam que o grupo terá falsificado a assinatura de centenas de beneficiários, entre 300 a 400 pessoas. “Ficou provado que o INPS tinha razão. Aliás, a PJ acabou por indiciar muito mais pessoas do que as inicialmente denunciadas pelo instituto, o que demonstra que a quadrilha era mais bem organizada do que se supunha”, frisa. Por tudo isso, adivinha-se um julgamento pesado, com o envolvimento de vários advogados, incluindo o gabinete de Carlos Veiga,
Os demais acusados continuam sob fortes medidas de segurança, designadamente Termo de Identidade e Residência (TIR), não podem sair do país e foram obrigados a pagar uma elevada caução. Estas medidas são resultado de uma investigação efectuada pela PJ desde 24 de Junho, e que arrolou 11 indivíduos como pertencentes a um grupo organizado que vinha burlando o INPS em milhares de contos, através de facturas e recibos falsos. Destes, só oito têm culpa formada, outros três processos foram arquivados por insuficiência de provas.
A operação começou com a detenção de um funcionário do INPS em Santa Catarina, Admilton de Pina, no dia 24. Prosseguiu depois com a prisão dos médicos e fisioterapeutas António Arouche, Jesus Hidalgo e Odair Carvalho. A sustentar a acusação um conjunto de provas, num total de 15 volumes com milhares de páginas que atestam que o grupo praticou 71 crimes de falsificação de documentos, corrupção activa e uso de atestados ou certidões falsos. Igual número de crimes é imputado a Admilton Pina, que terá praticado crimes de corrupção passiva e peculato. Outros há que se limitaram a falsificar documentos. Mas para chegar a estes resultados, a PJ teve de realizar diligências em vários pontos do país, em simultâneo, incluindo Santa Catarina, Sal e Praia.
Fontes desta polícia estranham por isso que o processo, que foi instruído sob a coordenação da procuradora Killy Almada, tenha transitado para as mãos do seu colega António Claret no momento da acusação. Seria recomendável, dizem, que a magistrada continuasse no processo por dominar os factos, pois foi ela quem recebeu a denúncia, promoveu as prisões iniciais e dedicou semanas de trabalho e estudo ao dossier em causa.
De referir ainda que, até agora, o INPS só conseguiu recuperar três milhares de contos. Acredita-se, no entanto, que depois do desencadear da operação policial “Leoa Ferida”, e tendo em conta as provas reunidas, haverá desenvolvimentos, incluindo novos processos- -crime contra outros sujeitos, entre médicos, clínicas, ópticas, não sendo de excluir o envolvimento de mais funcionários do INPS.

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