segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cabo Verde esconde carros de luxo roubados na Europa

 

Cabo Verde estará a ser transformado num grande armazém para ocultar carros de luxo roubados na Europa. Uma investigação da polícia francesa descobriu e desmantelou na semana passada uma rede internacional que rouba automóveis de marcas como Mercedes, Audi, Touaregs ou BMW topo de gama e os encaminha em contentores para Cabo Verde, a partir do porto de Le Havre, na França. A rede, com possível ligação ao narcotráfico, integra franceses, polacos, portugueses e um casal cabo-verdiano, já detidos pelas autoridades gaulesas.

Cabo Verde esconde carros de luxo roubados na Europa
Mercedes CLS, Audi, BMW Série 6, X5 e X6, Argus, Volkswagen Touareg… Dezenas destes carros de luxo que circulam em Cabo Verde, sobretudo na cidade da Praia, terão sido roubados em diversos países da Europa. Uma investigação, de onze meses, da polícia francesa concluiu que o nosso país é o destino final de muitos automóveis de alta gama que vêm sendo alvo de home-jacking (roubo de veículos em casa do proprietário) em países como a França, Alemanha e Holanda.
Segundo noticia o jornal Le Parisien, o trabalho era feito por uma rede internacional que utilizava o porto de Le Havre, no Norte da França, para enviar dentro de contentores os automóveis roubados, que seriam depois desembarcados no Porto da Praia. Esta máfia, de acordo com aquele diário parisiense, integra cidadãos de diferentes nacionalidades, sendo um deles cabo-verdiano de 32 anos, com passaporte português, e que vive na região Norte de Paris. Foi, aliás, a partir de um embarque solicitado pelo cidadão de origem cabo-verdiana que o esquema começou a dar nas vistas e a rede pôde ser desmantelada.
Esse indivíduo, que tem passagem na polícia por roubo de carros, foi apanhado em flagrante em Janeiro deste ano quando embarcava três BMW X6 no porto de Le Havre com destino a Portugal, onde a sua companheira, também de nacionalidade cabo-verdiana, aguardava a mercadoria. A cidade da Praia era o destino final, mas a polícia interceptou o transporte, conseguindo com isso desmantelar toda a rede.
Os documentos apresentados semana passada ao Tribunal de Seine-et-Marne, um distrito do norte da França, acusam o cidadão cabo-verdiano e mais oito elementos, entre portugueses, franceses e polacos, de terem aplicado o golpe de “home-jacking” em pelo menos 26 carros de luxo, entre Maio do ano passado e Janeiro deste ano. Em três meses, o grupo roubou 18 automóveis topo de gama em diferentes capitais europeias, mas com maior incidência nos bairros nobres de Paris.
Os suspeitos foram apresentados ao Tribunal de Meaux, na região de Seine-et-Marne, que lhes ordenou a prisão preventiva, sob a acusação de extorsão, roubo, receptação de roubo e formação de quadrilha. Até agora, as autoridades francesas só conseguiram recuperar dez carros, estando a investigar o paradeiro de mais 33 automóveis de luxo dados como desaparecidos – haverá mais carros roubados sem queixa na polícia – e que, possivelmente, estarão em Cabo Verde.
O esquema
A organização por detrás destes roubos tem ramificações por quase toda a Europa, e, acredita a polícia, com ligações ao submundo do narcotráfico. Isto porque os traficantes têm grandes dificuldades em comprar cash automóveis zero km nos stands europeus, já que a fiscalização nesses países obriga a que façam a declaração de rendimento. Daí optarem por comprar essas belas máquinas no mercado negro, e a um preço elevado, o que, segundo o Le Parisien, despoletou uma vaga sem precedentes de carros roubados.
O trabalho operacional, ou seja, o roubo propriamente dito, era feito por jovens delinquentes entre 18 e 20 anos. Esses jovens percorriam os bairros luxuosos nos arredores de Paris, Munique e Amesterdão à procura de automóveis topo de gama, como um Mercedes CLS, BMW nas sérios 6, X5 e X6, Audi e Wolkswagen Touareg, máquinas cujo valor de mercado anda entre os 11 mil contos por unidade e os 70 mil contos, o preço do Argus.
 Aplicado o golpe de home-jacking, os carros eram encaminhados para outro país, destacando-se aqui a Polónia, onde eram “desossados” para nova montagem. Este serviço, segundo a polícia, era feito pelo casal cabo-verdiano e um cidadão português, que é tido como o grande cabecilha da organização. Terá sido ele a contratar três polacos que percorriam as diferentes cidades num semi-reboque que transportava os carros para nova montagem, alteração do número de chassis, mudança de cor, etc. Numa busca efectuada às instalações da rede na Polónia, a polícia descobriu de uma assentada 16 carros desmontados e que deveriam estar novamente equipados em menos de um mês, para posterior embarque rumo a Cabo Verde.
 Entretanto, segundo o Le Parisien, que cita fonte policial, esta rede internacional poderia ainda estar em actividade se um dos seus elementos não tivesse cometido um descuido, durante um home-jacking efectuado em Paris: deixou para trás um cartão multibanco e uma chave de arranque electrónica ainda virgem.
 Este caso não chegou a ser reportado à Polícia Judiciária cabo-verdiana. Mas, para as autoridades francesas recuperarem os automóveis que supostamente estão em Cabo Verde terão de solicitar a intervenção do Ministério Público, no quadro da cooperação judiciária existente entre os dois países. Ou seja, mesmo que a PJ identifique os automóveis roubados na Europa e que circulam na Praia, a Procuradoria-Geral da República terá de analisar eventuais implicações e enquadramento na lei cabo‑verdiana.
Ligações ao narcotráfico
  Embora pareça novo, a verdade é que os rumores de que carros roubados na Europa estariam a ser encaminhados para o nosso país não é de agora. Para já, sempre se fez essa ligação com o submundo do narcotráfico, como, agora, as autoridades francesas suspeitam. Aliás, a própria Polícia Judiciária nacional sabe que em muitas casas do interior de Santiago estão escondidas dezenas de automóveis de alta gama pertencentes a indivíduos supostamente ligados ao tráfico de droga.
 A localidade de Loura, concelho de São Domingos (zona pobre com cerca de 400 habitantes e estrada de terra batida), detém o recorde de maior quantidade de carros de luxo do país. Consta que um indivíduo demorou menos de um ano em Portugal para trazer à sua localidade dezenas dessas máquinas de alta cilindrada (Touaregs, BMW) que guarda na cave da sua casa.
 Na verdade, não são apenas veículos de luxo que são roubados na Europa e exportados para Cabo Verde. Camiões, motos e até caterpillares já terão sido furtados em Portugal, França e Holanda e colocados nos barcos que fazem ligação com estas ilhas. O esquema, ao que se sabe, também envolve (sobretudo no caso dos automóveis) funcionários das próprias concessionárias, que emitem a documentação necessária para viabilizar o embarque sem criar suspeitas.

1 comentário:

  1. Ladrão que rouba ladrão tem 100anos de perdão toda a sustentabilidade europeia foi furto de roubo e em grande escala que deixou todos os africanos despenados isto não chega nem a 0,1% do que nos foi extorquido no passado para dar a autonomia e oportunidade que os europeus Tem hoje mas a crise vais fazer-vos pagar uma parte do que devem pagar

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