quinta-feira, 16 de junho de 2011

Metade do peixe consumido no mundo é criada em viveiros

Cerca de metade do peixe e crustáceos consumidos no mundo, 47 por cento, é criada em viveiros, conclui um estudo divulgado ontem em Washington e em Banguecoque. A aquacultura, diz ainda o documento, é menos nociva para o Ambiente do que a criação de gado.

Em 2008, a Ásia forneceu 91 por cento do pescado criado em aquacultura nos lagos, rios e águas costeiras em todo o mundo, revela o relatório “Blue Frontiers: Managing the environmental costs of aquaculture”, das organizações não governamentais Conservation International e WorldFish Center. A Europa produz 4,4 por cento.
De acordo com o relatório, a carpa é a espécie mais produzida na Ásia, o salmão na Europa e na América Latina.
A enguia, salmão e camarão estão entre as espécies de aquacultura com maior impacto ambiental, devido “ao alto consumo de energia e à grande quantidade de peixe usado como ração”; do lado oposto está a criação de moluscos (mexilhões e ostras), mariscos, algas marinhas (aquelas mais abaixo na cadeia alimentar e que não necessitam de alimentação adicional).
"Com o pescado disponível na natureza a atingir níveis alarmantes e sem precedentes de esgotamento, a produção cultivada precisa ser considerada como uma alternativa”, alertou, em comunicado, Sebastian Troeng, vice-presidente de conservação marinha da Conservation International. De facto, as Nações Unidas estimam que mais de 84 por cento dos stocks piscícolas do planeta estão esgotados ou sobre-explorados.
Ainda assim, “há inúmeras preocupações bem fundamentadas sobre a aquacultura em relação aos seus impactos nos ecossistemas marinhos e na pesca extractiva”, salienta Troeng.
Aquacultura com menos impactos ambientais que pecuária
Depois de dois anos de estudos, o relatório conclui que, ainda tenha um impacto ambiental, “a aquacultura é mais eficiente do que outras formas de produção de proteína animal, como a pecuária”, nomeadamente a criação de gado bovino e suíno. “Os produtos da aquacultura contribuem menos para as emissões globais de nitrogénio e fósforo do que a carne suína e bovina, o que reduz o impacto nas alterações climáticas por quilo de alimento produzido”, explicam os autores, em comunicado.
Tendo em conta que a procura por produtos de aquacultura “continuará a crescer ao longo das próximas duas décadas”, os autores do relatório pedem uma gestão mais sustentável dos viveiros e de redução dos impactos ambientais.
"Deve haver uma troca mais ampla de conhecimento e tecnologia, com directrizes políticas e acções para promover a sustentabilidade e o investimento na pesquisa para preencher as lacunas de conhecimento”, comentou, Stephen Hall, director-geral do WorldFish Center e principal autor do relatório. “Esses esforços podem levar a uma indústria mais sustentável ecologicamente, um objectivo importante, caso queiramos responder à futura procura mundial de pescado".

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