O economista e sociólogo Carlos Lopes vai assumir em Julho o cargo de secretário executivo da Comissão Económica para África. Lopes foi nomeado por Ban Ki-moon, secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na sexta-feira, 23. Este bissau-guineense, filho de cabo-verdianos da ilha do Fogo, vai acumular esta função com os cargos de secretário-geral adjunto da ONU e de director executivo do UNITAR (United Nations Institute for Training and Research), facto que já mereceu louvores do governo de Cabo Verde.
Carlos Lopes garante que a sua prioridade será transformar a CEA, cuja vocação principal é apoiar as estratégias de desenvolvimento do continente, no maior “núcleo de pensadores” de África. Ele que é o africano-lusófono que mais alto subiu na hierarquia da ONU e o primeiro a ocupar o cargo de SG-Adjunto e chefe da CEA –, órgão que se dedica ao continente, com mais de 300 economistas entre os seus cerca de 800 funcionários.
Ao longo da sua carreira, Lopes criou já várias instituições, incluindo o Famoso instituto de pesquisa da Guiné Bissau, destruído pela guerra de 1998 tido como um especialista em desenvolvimento institucional, esteve sempre associado a grandes processos de reforma no sistema das Nações Unidas.
Trabalhou no Instituto Nórdico de Estudos Africanos, foi representante da ONU no Zimbabué e no Brasil, responsável pelo departamento de políticas de desenvolvimento do PNUD, director político do secretário-geral Kofi Annan. Hoje dirige duas instituições de formação e pesquisa da ONU: a UNITAR, em Genebra, e o UN Staff College, em Turim.
Lopes também foi o artífice dos sofisticados programas de Knowledge Systems do PNUD. Liderou a reflexão sobre o reforço de capacidades, incluindo a co-organização do livro referência “Capacity for Development”, que contou com a contribuição do Prémio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. Durante mais de quatro anos dirigiu um portfolio de projectos do PNUD no valor de mil milhões de dólares. Desde 2006 é sub-secretário geral da ONU.
A sua formação em estudos do desenvolvimento foi obtida no conhecido Graduate Institute for International and Development Studies, em Genebra. Possui também um doutoramento em História da África pela Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Tem publicados mais de 20 livros, como autor ou organizador, e cerca de 180 artigos académicos. Criou e faz parte de comités editoriais de várias revistas académicas.
Foi o impulsionador do primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano da África Austral, que contou com um prefácio de Nelson Mandela. Recebeu vários prémios e reconhecimentos, incluindo duas comendas brasileiras (Cruzeiro do Sul e Mérito Cultural), um Doutorado Honoris Causa da Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro, e a nomeação vitalícia para a Academia de Ciências de Lisboa.
É membro de instituições e redes africanas como o CODESRIA, Conselho para o Desenvolvimento das Ciências Sociais em África, onde continua a trabalhar como membro do Comité Científico. Faz parte do Conselho do Instituto Africano da Governança, apoiado pela Comissão Económica para a África. Também integra a direcção das revistas Géopolitiques Africaines, African Sociologial Review e African Identities e a rede brasileira “Crises e Oportunidades”.
É constantemente solicitado para funções directivas, fazendo parte de doze órgãos de direcção, incluindo a presidência do Conselho Geral do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. É organizador de vários fora de alto nível, nomeadamente os Encontros Mundiais de Genebra, que já tiveram vários Prémios Nobel, incluindo o nigeriano Wole Soyinka.
Já foi orador principal em eventos como a Aula Magna da Politécnica de Maputo ou o Congresso Nórdico de Estudos de Desenvolvimento, só para citar os casos mais recentes. Já deu aulas em Universidades de ponta de mais de duas dezenas de países, da França ao Japão, do México à China, passando por vários países africanos.
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