O antigo primeiro-ministro islandês Geir Haarde, que chefiava o Governo quando, em 2008, o sistema bancário do país colapsou, começou a ser julgado esta segunda-feira por negligência num tribunal especial, o Landsdómur, em Reiquejavique. Na abertura do processo, o ex-governante rejeitou “todas as acusações”, que considerou infundadas.
Geir Haarde, de 60 anos, demitiu-se quando os três maiores bancos do país faliram (e o país entrou numa profunda crise), alegando que precisava de tratar um cancro do esófago. “Esta é a primeira vez que tenho a oportunidade de responder perguntas sobre este caso”, sublinhou no tribunal.
A acusação no processo contra Geir Haarde defende que o então primeiro-ministro pelo Partido da Independência (conservador) cometeu violações “a partir de Fevereiro de 2008 e até ao início de Outubro” do mesmo ano de forma intencional “ou por negligência grosseira, na sua maioria violações contra as leis de responsabilidade ministerial”.
A acusação formal foi apresentada por um grupo de deputados que considerou que Haarde desvalorizou as advertências de que as três maiores instituições financeiras da Islândia (Glitnir, Landsbanki e Kauthing) estavam em perigo de colapsar.
Geir Haarde, que anunciou a saída da coligação de Governo em Janeiro de 2009, diz ter feito apenas o que pensava ser o melhor para o país. O antigo primeiro-ministro foi um dos quatro políticos apontados como responsáveis por um relatório de peritos, publicado em 2010 sobre a crise financeira e o colapso do sector bancário. Mas o Parlamento considerou, em Setembro de 2010, que Haarde deveria ser o único a ser julgado pela crise.
O tribunal especial de Reiquejavique, que pode julgar ministros ou ex-ministros, decidiu em Outubro do ano passado descartar duas de seis acusações contra o antigo chefe de Governo.
A dívida dos três bancos chegou a ser dez vezes superior à da economia do país, obrigando a uma intervenção pública. O Estado deixou de pagar ao exterior, a moeda afundou e o desemprego disparou para cerca de 10 por cento. A situação explosiva levou o Governo, ainda sob a liderança de Haarde, a negociar com o Fundo Monetário Internacional uma linha de crédito no valor equivalente a 1,56 mil milhões de euros.
Depois da profunda crise em que o país mergulhou, a economia está agora recuperar. Em 2011, cresceu 3 por cento e a previsão do PIB para este ano é de 2,5 por cento. O desemprego está a recuar (para 7,1 por cento).
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