A empresária angolana Isabel dos Santos chega a Cabo Verde. E com ela vêm avultados investimentos no mercado das ilhas. A presença do Administrador da BIC no nosso país, na semana passada é outro filão que vai render nos próximos tempos, no sector financeiro e ligado à Imobiliária Turística. Por ora a notícia segura é que Isabel dos Santos vai entrar em força no sector das telecomunicações em Cabo Verde. A magnata, filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos e a quinta mulher mais rica de África, será a próxima sócia maioritária da empresa de telecomunicação móvel T+. “São investimentos de vulto”, considera uma fonte que conhece bem os meandros do negócio.
O negócio já está fechado e, segundo fontes deste jornal, Isabel dos Santos vai entrar em grande, com um forte investimento na operadora liderada por Marco Bento e catapultar a T+ para uma posição “invejável” no mercado cabo-verdiano de telefonia móvel. A empresa, conforme o seu presidente do Conselho de Administração já disse, tem neste momento uma quota de mercado de 25 por cento, mas pretende atingir os 40 por cento a curto prazo. E a entrada do novo parceiro vem precisamente injectar o capital de que precisa para chegar à liderança do sector.
Entretanto, ainda não se sabe se a empresária vai entrar na T+ individualmente, como sucede na Portugal Telecom e na Zon Multimédia, ou se através da sua empresa para o sector, a Kento, detentora de 25 por cento da Unitel, sociedade angolana de telecomunicações. Para já, os responsáveis da T+ não querem falar sobre o assunto, não antes de o negócio estar preto no branco. Mas Marco Bento não se importa de vender na totalidade a operadora que fundou há quatro anos. “A T+ tem uma identidade e qualquer empresa que a comprasse deveria manter essa identidade. O tipo de participação não me importa – ser maioritário ou não. O importante é que se guarde a identidade da T+ que é conhecida pela marca, pelas cores e leveza”, disse a um jornal.
Mas este negócio também quer dizer dinheiro. E se para a T+ isto significa virar para os petrodólares angolanos, para Isabel dos Santos este investimento é o tiro de partida para a sua entrada efectiva no mercado cabo-verdiano. Aliás, Angola começa a dar sinais de querer alargar o seu investimento a Cabo Verde, fugindo um pouco de Portugal, onde já domina quase todos os sectores da economia, desde a banca às telecomunicações e energia. Prenunciam-se valentes e pesados investimentos angolanos nos mais variados sectores da nossa economia. Um sinal desses novos tempos chega da própria embaixada de Angola na cidade da Praia que com a nova embaixadora, reforçou a sua presença nas ilhas, com vários conselheiros e adidos (imprensa, cultura, comercial, etc).
E a primeira investida angolana parece vir logo de cima, com Isabel dos Santos, uma das mais influentes empresárias africanas, a entrar pela porta grande das telecomunicações. Um sector que, diga-se, conhece bem, através das suas participações em várias empresas ligadas ao sector, sobretudo em Angola e Portugal. Além de ter 25% da Unitel, Isabel dos Santos é a segunda maior accionista da Portugal Telecom e da Zon Multimédia (10,8%) – aliás, está a negociar a compra da participação da Caixa Geral de Depósitos, tornando-a na principal accionista da PT.
Roda da fortuna
Aos 38 anos, Isabel dos Santos, considerada a quinta mulher mais rica de África, é também accionista de referência do Banco Português de Investimentos (BPI), do Banco BIC (de Angola e de Portugal), tem participações na Sonangol e na petrolífera portuguesa Galp.
Começou por gerir o Miami Beach, um clube de praia na ilha de Luanda, mas rapidamente passou para os diamantes e as telecomunicações. Na banca, antes do BPI, já possuía uma participação de 20% no Banco Espírito Santo Angola e de 25% no BIC Português, onde tem como sócio Américo Amorim.
As participações financeiras de Isabel dos Santos estão concentradas na ‘holding’ GENI, mas o primeiro passo para consolidar o seu estatuto de empresária aconteceu em 1997. Nesse ano criou a empresa Urbana, a qual ganhou o contrato para a limpeza e saneamento da cidade de Luanda. Posteriormente, entrou no negócio dos diamantes através das empresas Sodian e Ascorp.
A Santoro Holding Financial, outra holding da empresária angolana, é um grupo totalmente privado, onde o principal objectivo tem sido fazer investimentos que permitam criar valor. A revista Exame, especializada em economia e negócios, escreve que “tirar partido das oportunidades que Angola, um país em franco crescimento, oferece, bem como usar as parcerias internacionais para entrar em sectores estratégicos como a banca e a energia fazem parte do ADN do grupo de Isabel dos Santos”.
Sem comentários:
Enviar um comentário