"Não vou deixar esta terra, morrerei aqui como um mártir"
O líder líbio Muammar Khadafi discursou hoje ao povo pela primeira vez após nove dias de protestos. "Eu não sou Presidente, sou o guia da revolução", disse, recusando qualquer hipótese de afastamento. Segundo os números oficiais, os confrontos na Líbia causaram já 300 mortos, um número próximo do que tinha já sido avançado pela Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos.
Khadafi considerou no seu discurso que a imagem da Líbia perante o mundo está a ser distorcida pelos manifestantes. Adiantou que o país já pagou um preço elevado no passado e disse: "Nós os líbios resistimos aos Estados Unidos e Reino Unido no passado, não iremos render-nos".
Ao desvalorizar os autores dos protestos, o líder líbio disse que os manifestantes são jovens a quem foram dadas "drogas alucinogénicas". Confrontado com a revolta popular, adiantou que permanecerá na Líbia como "guia da revolução" e que "não tem um posto oficial do qual possa demitir-se".
Khadafi pediu aos seus apoiantes para saírem à rua na quarta-feira. "Lutarei até a última gota do meu sangue com o povo líbio atrás de mim". E adiantou: "Se for necessário, usaremos a força de acordo com a lei internacional e a Constituição". Pediu ainda aos seus apoiantes que defendam o regime que lidera desde 1969. "Todos os jovens devem criar amanhã comités de defesa da revolução: eles protegerão as estradas, as pontes, os aeroportos. Todos devem tomar o controlo das ruas, o povo líbio deve tomar o controlo da Líbia, vamos mostrar-lhes o que é uma revolução popular."
Num tom de ameaça, Khadafi disse que, de acordo com a legislação do país, a violência contra o Estado é condenada com a pena de morte. Perante protestos populares sem precedentes, insistiu que irá lutar "até à última gota de sangue" e que os manifestantes estão "a brincar com a unidade do país".
Em resposta ao pedido dos manifestantes para abandonar o poder, o líder líbio garantiu que não o fará. "Não vou deixar esta terra. Morrerei aqui como um mártir". Para Khadafi, os manifestantes são "apenas alguns terroristas". E ao negar as notícias desta segunda-feira sobre bombardeamentos com aviões militares em Trípoli, voltou à ameaça: "Ainda não usámos a força, mas iremos fazê-lo se for preciso."
Confrontos podem ter feito mais de 300 mortos
De túnica castanha, tom ríspido, o líder líbio procurou minimizar a dimensão dos protestos que já se prolongam desde dia 15 e que têm causado uma forte contestação internacional. Segundo a Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos os confrontos causaram já entre 300 e 400 mortos no país.
As autoridades líbias apresentaram ao final da tarde, pela primeira vez, números oficiais em relação às vítimas dos confrontos. Segundo o seu comunicado, citado pela AFP, morreram 300 pessoas, entre elas 242 civis e 58 militares, dos quais 104 civis e 10 militares em Bengasi, 63 civis e 10 militares em Al-Baida e 29 civis e 36 militares em Derna.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu esta terça-feira para debater a situação na Líbia e o embaixador da Alemanha, Peter Wittig, apelou a uma acção "rápida e clara", enquanto a alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navy Pillay, exigiu a abertura de um inquérito internacional independente sobre a violência na Líbia, adiantou a AFP.
Várias testemunhas têm relatado aos órgãos de informação internacionais que têm sido usados tanques e aviões militares para conter os protestos. O agora antigo major do Exército Hany Saad Marjaa contou à Reuters que algumas regiões na parte oriental do país já não estão sob controlo de Khadafi. "O povo e o Exército estão de mãos dadas aí."
Ministros demitem-se
Têm havido várias dissidências entre os militares e ainda esta segunda-feira dois pilotos desviaram os seus aviões para Malta após terem recebido ordens para bombardear as zonas dos protestos. Mas não só. Também o ministro da Justiça abandonou o Governo, na segunda-feira, por estar contra a repressão das manifestações.
Após o ministro da Defesa, também o ministro do Interior, Abdel Fattah Younes al-Abidi, anunciou numa declaração transmitida pela estação de televisão Al-Jazira que apoia a revolução, demite-se e apela ao Exército para se juntar à população e às suas "aspirações legítimas".
Os confrontos na Líbia começaram na segunda maior cidade do país, Bengasi, mas alastraram depois à capital, Trípoli. A presidente da Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos, Souhayr Belhassen, disse à AFP que a violência continuou durante esta terça-feira e que as milícias e as forças de segurança fiéis a Khadafi estavam a arrombar portas, a pilhar e disparar sobre as pessoas. "É impossível tirar os corpos das ruas."Os Estados Unidos reagiram aos acontecimentos na Líbia através da secretária de Estado, Hillary Clinton, que considerou estar-se perante "um banho de sangue inaceitável". E também a Liga Árabe decidiu suspender a participação da Líbia nas suas reuniões "até que as autoridades líbias aceitem as reivindicações do povo e garantam a segurança no país".
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, falou ao telefone com Khadafi, por ser a Itália a antiga colonizadora e o principal parceiro económico do país, adiantou a AFP. Mas terá obtido do líder líbio apenas uma resposta: "A Líbia está bem".
Ao desvalorizar os autores dos protestos, o líder líbio disse que os manifestantes são jovens a quem foram dadas "drogas alucinogénicas". Confrontado com a revolta popular, adiantou que permanecerá na Líbia como "guia da revolução" e que "não tem um posto oficial do qual possa demitir-se".
Khadafi pediu aos seus apoiantes para saírem à rua na quarta-feira. "Lutarei até a última gota do meu sangue com o povo líbio atrás de mim". E adiantou: "Se for necessário, usaremos a força de acordo com a lei internacional e a Constituição". Pediu ainda aos seus apoiantes que defendam o regime que lidera desde 1969. "Todos os jovens devem criar amanhã comités de defesa da revolução: eles protegerão as estradas, as pontes, os aeroportos. Todos devem tomar o controlo das ruas, o povo líbio deve tomar o controlo da Líbia, vamos mostrar-lhes o que é uma revolução popular."
Num tom de ameaça, Khadafi disse que, de acordo com a legislação do país, a violência contra o Estado é condenada com a pena de morte. Perante protestos populares sem precedentes, insistiu que irá lutar "até à última gota de sangue" e que os manifestantes estão "a brincar com a unidade do país".
Em resposta ao pedido dos manifestantes para abandonar o poder, o líder líbio garantiu que não o fará. "Não vou deixar esta terra. Morrerei aqui como um mártir". Para Khadafi, os manifestantes são "apenas alguns terroristas". E ao negar as notícias desta segunda-feira sobre bombardeamentos com aviões militares em Trípoli, voltou à ameaça: "Ainda não usámos a força, mas iremos fazê-lo se for preciso."
Confrontos podem ter feito mais de 300 mortos
De túnica castanha, tom ríspido, o líder líbio procurou minimizar a dimensão dos protestos que já se prolongam desde dia 15 e que têm causado uma forte contestação internacional. Segundo a Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos os confrontos causaram já entre 300 e 400 mortos no país.
As autoridades líbias apresentaram ao final da tarde, pela primeira vez, números oficiais em relação às vítimas dos confrontos. Segundo o seu comunicado, citado pela AFP, morreram 300 pessoas, entre elas 242 civis e 58 militares, dos quais 104 civis e 10 militares em Bengasi, 63 civis e 10 militares em Al-Baida e 29 civis e 36 militares em Derna.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu esta terça-feira para debater a situação na Líbia e o embaixador da Alemanha, Peter Wittig, apelou a uma acção "rápida e clara", enquanto a alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navy Pillay, exigiu a abertura de um inquérito internacional independente sobre a violência na Líbia, adiantou a AFP.
Várias testemunhas têm relatado aos órgãos de informação internacionais que têm sido usados tanques e aviões militares para conter os protestos. O agora antigo major do Exército Hany Saad Marjaa contou à Reuters que algumas regiões na parte oriental do país já não estão sob controlo de Khadafi. "O povo e o Exército estão de mãos dadas aí."
Ministros demitem-se
Têm havido várias dissidências entre os militares e ainda esta segunda-feira dois pilotos desviaram os seus aviões para Malta após terem recebido ordens para bombardear as zonas dos protestos. Mas não só. Também o ministro da Justiça abandonou o Governo, na segunda-feira, por estar contra a repressão das manifestações.
Após o ministro da Defesa, também o ministro do Interior, Abdel Fattah Younes al-Abidi, anunciou numa declaração transmitida pela estação de televisão Al-Jazira que apoia a revolução, demite-se e apela ao Exército para se juntar à população e às suas "aspirações legítimas".
Os confrontos na Líbia começaram na segunda maior cidade do país, Bengasi, mas alastraram depois à capital, Trípoli. A presidente da Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos, Souhayr Belhassen, disse à AFP que a violência continuou durante esta terça-feira e que as milícias e as forças de segurança fiéis a Khadafi estavam a arrombar portas, a pilhar e disparar sobre as pessoas. "É impossível tirar os corpos das ruas."Os Estados Unidos reagiram aos acontecimentos na Líbia através da secretária de Estado, Hillary Clinton, que considerou estar-se perante "um banho de sangue inaceitável". E também a Liga Árabe decidiu suspender a participação da Líbia nas suas reuniões "até que as autoridades líbias aceitem as reivindicações do povo e garantam a segurança no país".
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, falou ao telefone com Khadafi, por ser a Itália a antiga colonizadora e o principal parceiro económico do país, adiantou a AFP. Mas terá obtido do líder líbio apenas uma resposta: "A Líbia está bem".
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