WikiLeaks: Loureiro dos Santos acusa ex-embaixador de ressabiamento contra Forças Armadas
Ex-chefe Exército explica as posições críticas do antigo diplomata com ignorância e com o facto de os EUA terem perdido negócios em Portugal. Governo e partidos cautelosos.
A compra dos submarinos foi considerada pouco sensata pelo embaixador Stephenson
Loureiro dos Santos viu ressentimento nos telegramas da Embaixada dos EUA em Lisboa. O Governo português preferiu o silêncio, embora sem conseguir esconder o incómodo pelas revelações ontem divulgadas pelo semanário Expresso, em que o ex-embaixador americano Thomas Stephenson classifica o comportamento do Ministério da Defesa como desejoso de adquirir "brinquedos caros" e permeável a pressões europeias.
Sendo "um homem de Bush" que viu a indústria militar norte-americana perder negócios para a Europa, as críticas do embaixador às Forças Armadas só podem ser vistas como um sinal de "ressabiamento". É assim que o general Loureiro dos Santos, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, reage às considerações do embaixador.
"Revela uma posição de ressabiamento pelo facto de não nos terem conseguido vender aquelas sucatas [fragatas Hazar] Perry". Embora admitindo que ali surgem "coisas que são óbvias" como a definição de prioridades na aquisição de equipamento militar, o general lembra o embaixador norte-americano como sendo um "homem de Bush" que não gostou de sentir que "a maior parte dos militares portugueses que se pronunciaram sobre a estratégia Bush diziam que aquilo era tudo menos certo". E depois destaca a "falta de credibilidade" e "ignorância" que alguns telegramas evidenciam sobre o estado actual das Forças Armadas Portuguesas.
Sobre a caracterização das chefias militares, em número excessivo e pouco dados à iniciativa, Loureiro dos Santos desvaloriza-a. Reconhece que o ratio entre o oficialato e os soldados está "desproporcionado", mas explica que tal tem uma razão e dá um exemplo: "Este ano, o Governo decidiu reduzir o número de militares em três mil. Isso não significa que se possa diminuir os efectivos", alerta. Para diminuir no número de militares, o executivo terá de cortar naqueles que estão a contrato e não nos que estão no quadro. E os oficiais estão maioritariamente no quadro.
O Expresso publicou ontem excertos de telegramas do embaixador Thomas Stephenson de 2009 nos quais afirma que a política de compras de armamento em Portugal "é guiada pelo desejo de ter brinquedos caros". O diplomata é arrasador para a pasta da Defesa e incorre em alguns erros factuais, como dizer que Portugal tem apenas um C-130. Outro é que os submarinos - compra pouco sensata - não têm sistema de mísseis.
Outra das notícias relaciona-se com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e as más relações com o ex-presidente Rui Machete, a ponto de o embaixador o acusar de má gestão e aproveitamento do cargo. "Cada um diz os disparates que quer", comentou Rui Machete à TSF, afirmando que mais importante que as declarações do diplomata norte-americano é o "bom trabalho" desenvolvido entre a FLAD e a embaixada. Sobre as más relações com a representação norte-americana em Lisboa, o antigo presidente da FLAD apenas afirma que alguns "gostavam que a fundação fosse um instrumento ao serviço da embaixada".
Durante o dia de ontem, o silêncio do Governo foi oficial e o incómodo nos partidos que passaram pelo poder - PSD e CDS participaram nas decisões de compra - pressente-se. O actual ministro da Defesa limitou-se a criticar a divulgação dos telegramas. O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, desvalorizou o assunto e disse que as revelações "têm pouca adesão à realidade". O CDS-PP e o ex-ministro da Defesa Paulo Portas ficaram em silêncio.
Sendo "um homem de Bush" que viu a indústria militar norte-americana perder negócios para a Europa, as críticas do embaixador às Forças Armadas só podem ser vistas como um sinal de "ressabiamento". É assim que o general Loureiro dos Santos, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, reage às considerações do embaixador.
"Revela uma posição de ressabiamento pelo facto de não nos terem conseguido vender aquelas sucatas [fragatas Hazar] Perry". Embora admitindo que ali surgem "coisas que são óbvias" como a definição de prioridades na aquisição de equipamento militar, o general lembra o embaixador norte-americano como sendo um "homem de Bush" que não gostou de sentir que "a maior parte dos militares portugueses que se pronunciaram sobre a estratégia Bush diziam que aquilo era tudo menos certo". E depois destaca a "falta de credibilidade" e "ignorância" que alguns telegramas evidenciam sobre o estado actual das Forças Armadas Portuguesas.
Sobre a caracterização das chefias militares, em número excessivo e pouco dados à iniciativa, Loureiro dos Santos desvaloriza-a. Reconhece que o ratio entre o oficialato e os soldados está "desproporcionado", mas explica que tal tem uma razão e dá um exemplo: "Este ano, o Governo decidiu reduzir o número de militares em três mil. Isso não significa que se possa diminuir os efectivos", alerta. Para diminuir no número de militares, o executivo terá de cortar naqueles que estão a contrato e não nos que estão no quadro. E os oficiais estão maioritariamente no quadro.
O Expresso publicou ontem excertos de telegramas do embaixador Thomas Stephenson de 2009 nos quais afirma que a política de compras de armamento em Portugal "é guiada pelo desejo de ter brinquedos caros". O diplomata é arrasador para a pasta da Defesa e incorre em alguns erros factuais, como dizer que Portugal tem apenas um C-130. Outro é que os submarinos - compra pouco sensata - não têm sistema de mísseis.
Outra das notícias relaciona-se com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e as más relações com o ex-presidente Rui Machete, a ponto de o embaixador o acusar de má gestão e aproveitamento do cargo. "Cada um diz os disparates que quer", comentou Rui Machete à TSF, afirmando que mais importante que as declarações do diplomata norte-americano é o "bom trabalho" desenvolvido entre a FLAD e a embaixada. Sobre as más relações com a representação norte-americana em Lisboa, o antigo presidente da FLAD apenas afirma que alguns "gostavam que a fundação fosse um instrumento ao serviço da embaixada".
Durante o dia de ontem, o silêncio do Governo foi oficial e o incómodo nos partidos que passaram pelo poder - PSD e CDS participaram nas decisões de compra - pressente-se. O actual ministro da Defesa limitou-se a criticar a divulgação dos telegramas. O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, desvalorizou o assunto e disse que as revelações "têm pouca adesão à realidade". O CDS-PP e o ex-ministro da Defesa Paulo Portas ficaram em silêncio.
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