Obama aconselha regimes do Médio Oriente a não travarem o desejo de liberdade dos seus povos e considera positivos sinais dados pelos militares egípcios.
O Egipto viveu o seu primeiro dia de calma desde o início dos protestos
O Egipto viveu esta terça-feira - aniversário do profeta Maomé - o seu primeiro dia de calma desde o início da revolta que derrubou o Presidente Hosni Mubarak, em contraste com os protestos que ganham fôlego noutros países do Médio Oriente. Desejoso de prolongar este "regresso à normalidade", o Exército egípcio reafirmou que pretende entregar o poder dentro de seis meses a um Presidente "eleito li- vremente" e deu posse à comissão que vai propor, no prazo de dez dias, as alterações à Constituição.
Ontem, numa conferência de imprensa em Washington, o Presidente dos Estados Unidos fez uma pausa na política interna para voltar a falar à região que mais tem sido notícia desde o início do ano. Saudou os sinais en- viados pelos militares egípcios - "É evidente que ainda há muito a fazer, mas o que vimos até aqui é positivo" - e deixou um recado a países "aliados e inimigos" na região.
"Ninguém pode manter indefinidamente o poder através da coerção", disse Barack Obama, lembrando que?"o mundo mudou" e no Médio Oriente há hoje uma "geração dinâmica disposta a agarrar a sua oportunidade". Mas o principal destinatário da mensagem era mesmo o Irão, onde na segunda-feira chegaram os primeiros ecos da onda de contestação popular. "É irónico que o regime iraniano faça de conta que celebra o que aconteceu no Egipto, quando na realidade age em claro contraste com o que ali se passou, dis- parando e espancando pessoas", lamentou Obama. Disse esperar que "o povo iraniano tenha coragem para continuar a expressar o seu desejo de maior liberdade".
Ainda assim, e numa alusão aos que o acusam de instigar os protestos, sublinhou que não cabe aos "EUA decidir o que acontece no Irão".
No Cairo, reuniu-se ontem pela primeira vez a comissão nomeada pelos militares para rever a Constituição, entretanto suspensa. Chefiada pelo juiz Tareq al-Bishry, considerado independente e moderado, o grupo tem por missão rever cinco artigos, incluindo os que restringiam as candidaturas à presidência ou permitiam ao chefe de Estado enviar civis suspeitos de terrorismo para os tribunais militares, noticiou a AFP. No entanto, o Exército promete que terá em conta outras propostas que lhe sejam feitas para "garantir o carácter democrático e a transparência das eleições". Mas não confirmou a informação, adiantada na véspera pela oposição, de que as alterações serão submetidas a referendo no prazo de dois meses.
Apesar de saudar estas iniciativas, a oposição egípcia lembra que estão por cumprir outras reivindicações, como o levantamento do estado de emergência, em vigor há décadas, e a libertação das centenas de presos políticos. "Precisamos de uma ponte que reforce a confiança entre o povo e o Exército", disse Essam al-Aryan, dirigente da Irmandade Muçulmana, numa inédita entrevista à televisão pública. O movimento islamista confirmou ainda a intenção de transformar-se em partido político - algo que lhe estava barrado pela actual Constituição.
A oposição quer também ver cumprida a promessa feita pelos militares de investigar o paradeiro dos desaparecidos durante os 18 dias de protestos. Segundo cálculos de uma ONG egípcia, são ainda "várias centenas".
Ontem, numa conferência de imprensa em Washington, o Presidente dos Estados Unidos fez uma pausa na política interna para voltar a falar à região que mais tem sido notícia desde o início do ano. Saudou os sinais en- viados pelos militares egípcios - "É evidente que ainda há muito a fazer, mas o que vimos até aqui é positivo" - e deixou um recado a países "aliados e inimigos" na região.
"Ninguém pode manter indefinidamente o poder através da coerção", disse Barack Obama, lembrando que?"o mundo mudou" e no Médio Oriente há hoje uma "geração dinâmica disposta a agarrar a sua oportunidade". Mas o principal destinatário da mensagem era mesmo o Irão, onde na segunda-feira chegaram os primeiros ecos da onda de contestação popular. "É irónico que o regime iraniano faça de conta que celebra o que aconteceu no Egipto, quando na realidade age em claro contraste com o que ali se passou, dis- parando e espancando pessoas", lamentou Obama. Disse esperar que "o povo iraniano tenha coragem para continuar a expressar o seu desejo de maior liberdade".
Ainda assim, e numa alusão aos que o acusam de instigar os protestos, sublinhou que não cabe aos "EUA decidir o que acontece no Irão".
No Cairo, reuniu-se ontem pela primeira vez a comissão nomeada pelos militares para rever a Constituição, entretanto suspensa. Chefiada pelo juiz Tareq al-Bishry, considerado independente e moderado, o grupo tem por missão rever cinco artigos, incluindo os que restringiam as candidaturas à presidência ou permitiam ao chefe de Estado enviar civis suspeitos de terrorismo para os tribunais militares, noticiou a AFP. No entanto, o Exército promete que terá em conta outras propostas que lhe sejam feitas para "garantir o carácter democrático e a transparência das eleições". Mas não confirmou a informação, adiantada na véspera pela oposição, de que as alterações serão submetidas a referendo no prazo de dois meses.
Apesar de saudar estas iniciativas, a oposição egípcia lembra que estão por cumprir outras reivindicações, como o levantamento do estado de emergência, em vigor há décadas, e a libertação das centenas de presos políticos. "Precisamos de uma ponte que reforce a confiança entre o povo e o Exército", disse Essam al-Aryan, dirigente da Irmandade Muçulmana, numa inédita entrevista à televisão pública. O movimento islamista confirmou ainda a intenção de transformar-se em partido político - algo que lhe estava barrado pela actual Constituição.
A oposição quer também ver cumprida a promessa feita pelos militares de investigar o paradeiro dos desaparecidos durante os 18 dias de protestos. Segundo cálculos de uma ONG egípcia, são ainda "várias centenas".
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