A selecção cabo-verdiana de futebol cancelou a sua digressão aos Estados Unidos da América, onde tinha agendado dois jogos na Universidade de Harvard no final deste mês. Motivo? Num total de 11 processos já remetidos, os EUA recusaram conceder vistos a oito jogadores e ainda ao médico cubano da selecção nacional.
Lito (Académica da Praia), Ró (Desportivo), Manice (Mindelense), Platini (Vulcânicos), Kadú e Madjer (Boavista), Quatu (Derby) e Beckam (Sal Rei) são os oito jogadores, mais o médico, a quem os EUA recusaram a entrada no seu território. Num total de 11 processos remetidos ao Consulado, apenas três – Dário (Sporting Praia), Devon (Santa Maria) e Nelito (Académico do Sal) – receberam permissão de entrada nas terras do Tio Sam.
Mário Semedo respeita mas não compreende decisão
Visivelmente triste e aborrecido com esta decisão, o presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Mário Semedo, informa que entregou todos os documentos necessários para a obtenção dos vistos. E a própria Universidade de Harvard, que formalizou o convite e comprometeu-se com as despesas, entrou em contacto com o Cônsul americano na Praia, Robert Dahlke. Mas este recusou a dar os vistos a parte dos jogadores “residentes”.
Mário Semedo diz ainda que a selecção nacional não teve tratamento especial, já que as razões dadas foram as mesmas para qualquer processo de recusa de vistos. Por isso, o presidente “lamenta profundamente” esta decisão. Apesar de respeitar as leis americanas, diz não compreender esta posição, avançando que a selecção nacional, “uma instituição séria” que representa um país inteiro, “deveria merecer outro tipo de tratamento”.
“Foi com muita pena que acolhemos esta decisão. A nossa grande comunidade nos EUA também tem contribuído para o desenvolvimento daquele país. Além disso, organiza actividades e grandes manifestações de apoio e carinho à nossa selecção”, lamenta o presidente da FCF, adiantando que, além dos jogos, estavam programadas outras actividades, como um jantar de homenagem aos “Tubarões Azuis”.
Mário Semedo, que deixa em aberto a possibilidade de a nossa selecção ir aos EUA noutra oportunidade, diz, entretanto, que, por agora, não será possível reverter esta decisão junto do Consulado Americano, já que não vai insistir em enviar os processos de pedido de vistos. Mas para não alongar muito mais em polémicas, considera que este é um “assunto sensível” que deve ser tratado pela FCF, pelo que não manifesta interesse por uma possível intervenção do Governo.
Dário quer vencer EUA dentro de campo para mostrar revolta
Foi ao lado de um dos capitães da selecção nacional, o Dário, que Mário Semedo apareceu à imprensa para dar esta triste notícia para o futebol e para o desporto nacional. Ainda assim, Dário diz não estar triste com este balde de água fria num momento em que a selecção está a crescer como equipa, mas, sim, “indignado e revoltado”, já que não vai poder levar o nosso futebol à comunidade cabo-verdiana nos EUA.
Mas para superar este “tratamento infeliz” da Embaixada americana, o médio do Sporting da Praia lança um desejo em jeito de resposta e desforra: marcar um jogo e ganhar aos EUA dentro de campo. “O meu desejo é que um dia possamos nos enfrentar dentro do campo para mostrarmos a nossa indignação e esfregar a derrota na cara deles”, atira confiante o Dário, também ele visivelmente aborrecido.
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