quarta-feira, 25 de abril de 2012

Guiné-Bissau: Governante angolano diz que golpe foi preparado após morte de Malan Bacai Sanhá

 

O golpe de Estado realizado a 12 de Abril na Guiné-Bissau começou a ser preparado logo a seguir à morte do Presidente Malan Bacai Sanhá, a 09 de Janeiro, acusou esta terça-feira, 24, em Luanda um governante angolano.

Guiné-Bissau: Governante angolano diz que golpe foi preparado após morte de Malan Bacai Sanhá
 
A acusação foi feita pelo vice-ministro da Defesa, Salvino de Jesus Sequeira "Kianda", que implicou o antigo Presidente e actual candidato presidencial Kumba Ialá no golpe, durante uma intervenção no debate realizado esta terça-feira no parlamento angolano, para a votação de uma resolução sobre a Guiné-Bissau.
Segundo Salvino Sequeira, Kumba Ialá manobrou os militares guineenses para protagonizarem um golpe de Estado, tendo mesmo dado uma soma de dinheiro ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general António Indjai.
"A preparação do golpe de Estado começou a partir da morte do ex-Presidente Malam Bacai Sanhá" e, nessa ocasião, o ex-Presidente Kumba Ialá chegou a Bissau, proveniente do estrangeiro, salientou Salvino Sequeira.
Kumba Ialá ter-se-á dirigido ao Estado-Maior General das Forças Armadas, depois de ter apresentado condolências à família de Bacai Sanhá, onde se reuniu com o general António Indjai, a quem entregou uma soma em dinheiro.
"O Chefe de Estado das Forças Armadas da Guiné-Bissau e o candidato Kumba Ialá são parentes. A mulher de Kumba Ialá é tia do CEMFA", explicou o general "KIanda", acrescentando que, uma vez no Estado-Maior, Ialá "fez um discurso aos militares que lá estavam e, inclusive, tirou dinheiro e entregou ao Chefe de Estado-Maior General".
Na intervenção hoje perante os deputados angolanos, o vice-ministro da Defesa caracterizou as forças armadas guineenses como sendo maioritariamente formadas por antigos guerrilheiros.
"As forças armadas da Guiné-Bissau têm um efectivo de quatro mil homens e a maioria deles são elementos que vieram da guerrilha. Quase todos eles são guerrilheiros e, até hoje, infelizmente, mantêm aquela consciência guerreira. Acham que eles é que são os donos do país e que nenhum político dentro da Guiné-Bissau deverá falar mais alto do que um militar", considerou.
"Daqui podemos ver por que é que os golpes de estado na Guiné-Bissau vêm sucedendo uns atrás de outros", reforçou.
Relativamente à alegação feita por deputados da oposição acerca do material bélico levado pelo contingente militar angolano para a Guiné-Bissau, considerado desproporcional face ao objectivo do envio daqueles efectivos, para a reforma dos sectores de defesa e segurança guineenses, Salvino Sequeira respondeu que não é "com paus e brinquedos" que se formam militares.
"O protocolo fala de formação de pessoal e as forças da Guiné-Bissau não podem ser formadas com paus ou brinquedos. Teve que se levar armamento, teve que se levar técnicas de combate, teve que se levar técnicas de fogo, portanto, o que é que lhes vamos ensinar se eles não têm armamento?", questionou.
Salvino Sequeira acrescentou que Angola mantém estacionados na Guiné-Bissau 232 militares e 38 polícias, razão pela qual considera não ter fundamento que aqueles 270 efectivos representem uma ameaça à estabilidade guineense.

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