O Ministério Público deduziu acusação criminal, esta semana, a dezena e meia de pessoas alegadamente relacionadas com a operação Lancha Voadora e, ao mesmo tempo, mandou confiscar os bens patrimoniais dos suspeitos e de mais cinco empresas sediadas na cidade da Praia. Do grupo, constam os nomes de três funcionários da imobiliária Editur (Nilton Jorge, Sandro Spencer e Nerina Rocha), processados por terem supostamente mentido à equipa de investigação, na eventual tentativa de encobrirem o patrão, o arguido José Teixeira.
Conforme apurou este jornal, Veríssimo Pinto, Paulo Pereira, Quirino dos Santos, Carlos Gomes Silva, António “Totony” Semedo, Ernestina “Nichinha” Pereira, Ivone de Pina Semedo e Luís Ortet, todos presos na cadeia de S. Martinho, foram acusados, de uma forma global, dos delitos de tráfico de droga agravado, associação criminosa para tráfico, detenção e posse de arma de guerra e lavagem de capitais. No caso específico do ex-Presidente da Bolsa de Valores, o Ministério Público relacionou-o formalmente com os crimes de associação criminosa, tráfico e lavagem de capitais, os três delitos de que vinha acusado desde o início da investigação deste caso e que o mandaram para a prisão preventiva na cadeia de São Martinho. “Não há nenhuma alteração nesse aspecto”, soube A Semana.
No tocante aos outros arguidos, o proprietário da Escola de Condução Prevenção Rodoviária, José “Djoy” Gonçalves, o mestre de barcos Jacinto Mariano, o gestor da Editur, José Teixeira, e José Alexandre Oliveira, todos a aguardar julgamento em liberdade, acabaram acusados de associação criminosa, lavagem de capitais e posse de arma de guerra.
Além das pessoas individuais, cinco empresas pertencentes a alguns dos arguidos acabaram também implicadas neste mediático processo pelo Ministério Público. São os casos da Imopraia, Autocenter, Editur, Aurora Internacional e da imobiliária Tecno-Lage. A primeira sociedade pertence a Paulo Pereira – tido como um dos grandes cabecilhas da rede de droga -, a segunda ao ex-Presidente da Bolsa de Valores, Veríssimo Pinto, a terceira e a quarta geridas pelo empresário José Teixeira, e a quinta fruto de uma sociedade empresarial entre António “Totony” Semedo e Luís Ortet.
Feitas as contas, serão quinze pessoas e cinco empresas que estão formalmente implicadas neste processo judicial. Recorde-se foi desencadeado por uma operação da PJ intitulada Lancha Voadora e que culminou na apreensão de 1501,3 quilos de cocaína pura na cidade da Praia, em Outubro de 2011. Isto além de veículos, uma lancha, armas de guerra e munições que estavam na posse de pessoas entretanto detidas pelas autoridades policiais.
Agora que conhecem as acusações que impendem sobre os seus constituintes, os advogados interessados têm um prazo de quinze dias para solicitarem ao Tribunal da Praia a abertura de Audiências Contraditórias Preliminares (ACP). Esse procedimento é uma espécie de pré-julgamento, em que o juiz analisa os argumentos e as provas apresentados pela defesa e a acusação e decide se o caso deve ou não ser submetido a uma audiência de julgamento. Se nenhuma ACP acontecer, o Tribunal da Praia terá que julgar os réus no espaço máximo de dois anos, por haver pessoas detidas preventivamente.
Por enquanto, a investigação da PJ está encerrada, a não ser que venham a surgir novas informações susceptíveis de envolver outros suspeitos neste mediático caso de narcotráfico. A operação Lancha Voadora, refira-se, facultou a maior apreensão de droga em Cabo Verde, país que, há muitos anos, tem sido utilizado como plataforma para o transbordo de drogas destinadas ao mercado europeu.
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