O governador do Banco de Cabo Verde, Carlos Burgo, garantiu esta segunda-feira,9, durante a sua audição no parlamento, que o sistema financeiro nacional está sólido e credível e que a prisão de ex-presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (Veríssimo Pinto) no âmbito do caso Lancha Voadora não afectou a credibilidade da instituição.
Com base em evoluções recentes, Burgo avança que as estimativas do Banco de Cabo Verde para o crescimento da economia apontam para uma taxa de crescimento do PIB à volta de 5%. «Em conclusão, entende o BCV que o sistema financeiro nacional está sólido e é credível. A capacidade do BCV em matéria de supervisão do sistema financeiro é adequada, pesem embora as insuficiências resultantes de riscos emergentes mas que vão sendo suprimidas. Prova dessa adequação é que o sistema funciona globalmente bem, prestando serviços à economia e à sociedade, e os compromissos são cumpridos», referiu o governador do Banco Central num relatório de cerca 10 páginas, entregue à Comissão Especializada de Assuntos das Finanças e Orçamento da AN.
O documento fundamenta que o sistema financeiro, com destaque para o sector bancário, vem melhorando gradualmente o seu empenho na prevenção da lavagem de capitais, mas revela que o número de comunicações de operações suspeitas remetidas à Unidade de Informação Financeira (UIF) vem aumentando rapidamente. «Em 2011, registou-se um crescimento dos valores envolvidos nas Comunicações de Operações Suspeitas, em cerca de 184% relativamente a 2010, ascendendo a 5.4 milhões de contos, o que corresponde a aproximadamente 4% do PIB nacional», revela Carlos Burgo, para quem «o importante desafio que aqui se nos coloca a todos é o de prevenir e combater a lavagem de capitais», mas sem pôr em risco a actividade financeira e económica .
MpD e PAICV não se entendem
Entretanto, o MpD e o PAICV não se entendem quanto às informações prestadas pelo governador do BCV na sede do parlamento. O maior partido da oposição considera, através do deputado Abrão Vicente, que Carlos Burgo refugiou-se no segredo de justiça para não responder às questões polémicas levantadas, com destaque para o envolvimento do ex-presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (Veríssimo Pinto) na lavagem de capitais descoberto com a operação Lancha Voadora. O estranho caso que levou à suspensão de dois administradores de um banco comercial - o Banco Africano de Investimento (BAI Cabo Verde). O MpD promete, por isso, retomar esse dossier com uma interpelação ao governo na próxima sessão plenária da AN.
Já o PAICV, na voz de Euclides de Pina, manifestou-se "muio satisfeito" com as informações do governador do BCV sobre a «boa saúde financeira e a credibilidade» do sistema financeiro nacional. «Entendemos que a montanha pariu um rato, porque o MpD criou muita espectativa com essa audição ao governador do Banco de Cabo Verde. Mostrou, durante a audição parlamentar, que não estava interessado em conhecer a saúde financeira e a credibilidade do sistema financeiro nacional, mas sim fazer barulho e criar factos políticos à volta dessa matéria, na sequência do caso Lancha Voadora», replica o deputado tambarina, que considera esclarecedora as informações do Banco Central. ADP
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