sábado, 7 de abril de 2012

São eles os salvadores

 



É, por inerência, a posição mais ingrata no futebol. Para a história, o guarda-redes não dá vitórias, só sofre derrotas. O mito é desfeito ao analisar a prestação dos dois guarda-redes que se vão defrontar segunda-feira em Alvalade, no dérbi dos dérbis, e a influência direta que têm na campanha das respetivas equipas no campeonato: Rui Patrício, ao evitar três derrotas e quatro empates, impediu que o Sporting enfrentasse, por esta altura, a pior época de sempre, classificando-se com 34 pontos no meio da tabela - nunca os leões terminaram abaixo do quinto lugar; Artur, decisivo em três empates e duas vitórias do Benfica, assume papel determinante na conquista de sete pontos que possibilitam aos encarnados estarem na luta, ombro a ombro, pelo título de campeões nacionais.
O desmentido da história fica, assim, concretizado pela crueza dos números, em análise restrita ao campeonato, sem avaliar a preponderância assumida nas competições europeias - como a que teve Rui Patrício em Manchester ou em Kharkiv, por exemplo -, na Taça de Portugal ou na Taça da Liga, nem o carácter decisivo das suas intervenções em jogos que as suas equipas venceram por margem confortável - mas cujo desfecho poderia ser bem diferente, se não tivessem sido heróis em momentos cruciais. O paradigma foi ilustrado na perfeição na receção do Benfica ao Paços de Ferreira: após o bis de Saviola, Michel reduziu de penálti e Artur, com uma defesa "impossível", impediu o empate a cabeceamento de Melgarejo (aos 57'), que poderia comprometer o triunfo folgado (4-1) que acabaria por se verificar com os golos de Luisão (65') e Nolito (67'). Este é, de resto, um registo que se repete ao longo da época, não sendo Artur tão "determinante" quanto Rui Patrício devido precisamente à maior capacidade concretizadora do Benfica frente ao Sporting, o que confere um carácter mais decisivo às ações do número um dos leões e de Portugal.
A seleção das Quinas é, também, outro denominador comum entre os dois guardiões. Se, neste momento, Rui Patrício é dono inequívoco - sobretudo, segundo o critério de Paulo Bento - da baliza de Portugal, a verdade é que o primeiro empurrão foi dado... por Artur. O guarda-redes titular do Benfica remeteu ao banco Eduardo e abriu as portas ao jovem leão, que não dá margem de afirmação a Marcelo - mesmo que o compatriota de Artur já tenha assumido estar pronto a suceder ao esquerdino de Marrazes e até já se tenha "candidatado à seleção do Brasil", afiançando que Mano Menezes o conhece bem dos escalões de formação.
Há um campo a separá-los, na segunda, uma série de pontos (20, no total) em comum. Decisivos como nunca, determinantes como sempre, Rui Patrício e Artur têm o dérbi nas mãos.
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