Basílio Ramos, vice-presidente do PAICV e ministro de Estado e da Saúde nos sucessivos governos de José Maria Neves, está indicado como o próximo presidente da Assembleia Nacional, assegura fonte altamente posicionada. O reeleito deputado pelo círculo do Sal recusa-se a falar sobre o assunto, mas deixa tudo em aberto.
O PAICV está já a trabalhar para distribuir tarefas aos 38 deputados que, a partir do dia 11, vão representar o partido no parlamento cabo-verdiano. Por isso, a composição da nova Mesa da Assembleia Nacional será o principal assunto de um encontro do grupo parlamentar que acontece no dia 10. Quase ao mesmo tempo estará a reunião do Conselho Nacional, para a escolha do candidato que o PAICV irá apoiar nas presidenciais do próximo mês de Agosto.
Já se sabe que Aristides Lima, ao fim de 16 anos a chefiar a Casa Parlamentar, não se recandidata a mais um mandato como Presidente da AN, para poder levar avante o seu projecto presidencial. Diante deste facto, logo depois das legislativas começaram as movimentações no seio do partido tambarina para encontrar o homem certo para comandar a Mesa da AN na próxima legislatura.
E, após contactos com várias pessoas da “máquina tambarina”, este jornal está em condições de avançar que Basílio Ramos, o reeleito deputado pelo Sal, é um forte candidato à sucessão de Aristides Lima na AN. É que perante uma maioria absoluta (38 deputados) pouco folgada, José Maria Neves prefere jogar no seguro para, também a partir dali, garantir a estabilidade governativa de que precisará durante o próximo quinquénio. É a outra peça fundamental na trilogia que o presidente do PAICV e também próximo primeiro-ministro busca na legislatura que ora começa para mudar à vontade – dentro e fora de portas. Um governo, um Presidente e uma AN segura. Só assim será possível alcançar o sonho de um governo de unidade Nacional? Quem sabe!
A ideia-força da cúpula tambarina é, na óptica do interlocutor deste jornal, ter à frente da Presidência da República e do Parlamento figuras que, dentro do quadro da cooperação institucional que deve existir entre os diferentes órgãos de soberania, possam garantir, sem sobressalto, a execução do programa “Mais Cabo Verde”, sufragado nas eleições de 6 de Fevereiro último. Isto tudo para evitar cenários de crise política, como os de finais da década de 90 com Carlos Veiga a navegar entre dois presidentes “meticulosos” – o PR António Mascarenhas Monteiro e Espírito Santo, então Presidente da AN. Daí, fundamenta a nossa fonte, nada melhor do que apostar em Basílio Ramos, que foi, nos últimos anos, um dos homens de confiança de JMN no aparelho do partido e do Estado – vice-presidente do PAICV e Ministro de Estado e da Saúde.
“Basílio Ramos pode ser o novo presidente da Assembleia Nacional. Reeleito deputado pelo Sal, Ramos tem sido, desde a década de 90, a segunda figura da hierarquia do PAICV. Além de vice-presidente do partido, exerceu cargos de responsabilidade, como os de secretário-geral do PAICV e ministro do Estado e da Saúde nos sucessivos governos de José Maria Neves. É, portanto, um homem da confiança de JMN e é natural que ascenda a segunda figura da hierarquia do Estado, presidindo a AN”, confidencia fonte tambarina.
Abordado por este jornal, Basílio Ramos recusa-se para já a abrir o jogo, por considerar ser ainda muito cedo para tal. “Está a dar-me uma novidade (risos). Não vou, por isso, pronunciar-me sobre o assunto, porque nem sequer fui abordado nesse sentido pelos órgãos apropriados do PAICV”. O político não descarta, porém, tal hipótese: afirma que está sempre disponível para servir o PAICV lá onde for possível. Mas Basílio Ramos faz questão de realçar que as pessoas devem, no entanto, cultivar o princípio de que podem fazer, enquanto sociedade civil, outras coisas que não seja a política.
Governo e outras movimentações
Mas as movimentações no tocante à constituição da Mesa da AN não ficam por aqui. Um “lobby” está também a funcionar no sentido de o vice-presidente cessante, Júlio Correia, ascender “naturalmente” ao cargo de presidente do parlamento cabo-verdiano. O mesmo acontece com o deputado Felisberto Vieira, que saiu politicamente reforçado, na qualidade de presidente da Comissão Política Regional de Santiago Sul, com os recentes resultados eleitorais obtidos pelo seu partido na região metropolitana da Praia.
Seja como for, tanto a composição da Mesa da AN quanto a liderança da bancada parlamentar do PAICV ficarão clarificadas a partir da reunião do dia 10. Até lá, todos os cenários estão em aberto, já que, conforme as nossas fontes, não estão postas de parte reviravoltas políticas de última hora. Entretanto, o Presidente da República ouviu esta semana os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar, tendo em vista a formação do novo governo. Pedro Pires deverá, após a sessão constitutiva da AN marcada para 11 deste mês, nomear e empossar José Maria Neves, na qualidade de líder do partido mais votado, como o primeiro-ministro de Cabo Verde. Neves terá, por sua vez, 15 dias para, nos termos da Constituição, formar o seu executivo e fazer passar, no parlamento, o respectivo programa de governação. O líder do PAICV tem, por isso, uma agenda de trabalho sobrecarregada nos próximos dias.
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