A Direcção Geral das Pescas (DGP) transferiu 300 mil euros, 33 mil contos, para a empresa Atlantic Tuna, sediada em São Vicente, para transformar dois atuneiros em pesqueiros de pelágicos (cavala e melva). O propósito, diz o director-geral Adalberto Veira, é aumentar a captura e, com isso, resolver o crónico problema de falta de matéria-prima que a fábrica de conservas Frescomar enfrenta.
São dois os atuneiros que vão ser requalificados e emprestados à Frescomar. Segundo Adalberto Veira, está tudo a postos – orçamento e equipa técnica contratada –, pelo que o trabalho de transformação dos atuneiros em pesqueiros de pelágicos (melva e cavala) deverá arrancar em breve. “Queremos ter mais barcos no mar a pescar para podermos dar resposta ao consumo de pelágicos”, justifica o director-geral das Pescas.
Questionado se a requalificação desses barcos acontecerá nos estaleiros da Cabnave, Adalberto Vieira esquiva a resposta. “O que posso garantir é que a transformação dos atuneiros será feita no país, e a Cabnave pode ser uma opção”.
Esses atuneiros, 10 unidades no total, foram mandados construir de raiz em Peniche, Portugal, pelo governo de Cabo Verde que pagou 135 mil contos por unidade. O custo global destes barcos foi superior a um milhão de contos (cerca de 12 milhões de dólares), financiados pelo Banco Africano do Desenvolvimento (BAD) e pelo Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África (Badea), com o objectivo de relançar a pesca em São Vicente.
Ao longo dos anos, esses barcos, de 26 metros cada revelaram-se pouco práticos em termos operacionais. E foi por isso que passaram a maior parte do tempo atracados no Porto Grande ou ancorados na Cabnave. Um deles chegou a ser mandado para a Brava a fim de facilitar a ligação marítima da ilha com as demais a Sotavento, mas a medida suscitou fortes críticas dos partidos da oposição.
Em 2008, cinco desses barcos foram enviados para Cuanza Sul (Angola), onde deviam dedicar-se à pesca do atum. Também esta operação fracassou e os barcos retornaram a S.Vicente. Pelo menos agora, tudo indica que vão passar a ter utilidade, no caso a resolver as conhecidas dificuldades da fábrica Frescomar em encontrar matéria-prima suficiente no mercado de Cabo Verde para as necessidades de produção. A empresa tem estado a importar melva do Marrocos para garantir a produção.
E é o próprio DGP a reconhecer que, com a transformação dos atuneiros em barcos de pesca de pelágicos, resolve-se o problema de falta de matéria-prima na Frescomar. Quanto aos restantes oito barcos, Rui Vera-Cruz, presidente da Sociedade Cabo-verdiana e Angolana de Pesca (Atlantic Tuna), explica que quatro já não pertencem à empresa e os quatro restantes vão ser comprados proximamente.
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