terça-feira, 8 de março de 2011

Conselho Nacional Líbio volta a pedir ajuda militar ao Ocidente


Zauia está sob intenso bombardeamento, depois dos raides contra Ras Lanuf


As forças de Muammar Khadafi voltam hoje a pressionar o movimento rebelde em várias frentes, com um novo ataque de artilharia pesada a decorrer contra a estratégica cidade de Zauia, “porta de entrada” oeste para a capital, Trípoli, depois de durante a manhã o porto petrolífero de Ras Lanuf, na Líbia Oriental, ter sido alvo de raides aéreos.
dezenas de veículos abandonaram a cidade, em direcção a Brega 
dezenas de veículos abandonaram a cidade, em direcção a Brega 
Tanques e artilharia posicionados a Leste e Oeste estão a bombardear Zauia, a 44 quilómetros de Trípoli, que se encontra sob controlo da rebelião desde sexta-feira apesar dos continuados contra-ataques lançados pelas forças leais ao regime, nos quais morreram já cerca de 30 pessoas.

Enormes colunas de fumo são avistadas da praça principal da cidade, a Praça dos Mártires, é avançado pela Al-Jazira, e tanques de Khadafi terão mesmo conseguido entrar no centro de Zauia, disparando contra os edifícios em redor. “Este é o mais violento ataque de sempre à cidade”, descreve ao canal árabe o activista político líbio Abdul Jabbar al-Zawi, que se encontra em Zauia.

“Os bombardeamentos continuam, mas as pessoas, sobretudo os jovens, estão a voltar à praça e já conseguiram voltar a controlar o centro”, prossegue a mesma fonte.

Pela manhã, o alvo dos mais intensos ataques das forças do regime fora a cidade petrolífera de Ras Lanuf, na Líbia oriental, onde as linhas rebeldes tinham tomado posição depois de perderem, na véspera, o controlo da localidade vizinha de Benjawad.

Pelo menos dois ataques aéreos foram ali feitos contra postos de controlo da rebelião, os quais responderam com artilharia antiaérea, sem que tenham ocorrido vítimas mortais, avançaram as agências noticiosas. Já ontem as forças de Khadafi tinham fustigado esta cidade portuária petrolífera, sem então serem igualmente relatadas quaisquer vítimas.

Ao amanhecer, em menos de 15 minutos, dezenas de veículos tinham abandonado a cidade em debandada, em direcção a Brega, outra cidade petrolífera, mais para Leste, que se encontra sob o controlo da rebelião desde a semana passada. “Disseram-nos que eles [as tropas de Khadafi] prendem as pessoas e as levam e que, por isso, devíamos partir quanto antes”, explicou um residente de Ras Lanuf ao correspondente da agência noticiosa francesa AFP, já com o carro em marcha, os dois filhos sentados no banco traseiro.

No principal posto de controlo de Ras Lanuf, que os rebeldes conquistaram na sexta-feira, uma vintena de homens armados montava guarda, equipados com armas de defesa antiaérea. E no único hotel, ocupado já quase apenas por jornalistas, a debandada deu-se durante a madrugada, sob a insistência dos funcionários que instavam toda a gente a partir. “É urgente, urgente, têm que se ir embora, todos”, gritavam, descrevia a AFP. "Alguns jornalistas voltaram entretanto, mas os funcionários do hotel não", conta a Al-Jazira.

As duras batalhas do fim-de-semana em Benjawad saldaram-se com 12 mortos e mais de 50 feridos, de acordo com o mais recente balanço, feito esta manhã por fontes médicas locais. A cidade fora conquistada pela rebelião no sábado, já com os olhos postos num avanço sobre Sirte, a cidade natal de Khadafi, e que acolhe uma importante base militar, a uns cem quilómetros para Oeste, mas as forças do regime reconquistaram-na logo no dia seguinte.

“Ouvimos que as nossas posições [em Ras Lanuf] vão ser bombardeadas, por isso levámos as nossas armas daqui, para o deserto”, explicou cede pela manhã de hoje um rebelde num dos postos de controlo da cidade, à beira da auto-estrada em direcção para Leste. Um outro indicou à agência noticiosa britânica Reuters que as forças da rebelião tinham retirado para o deserto com o propósito de organizar um ataque para recuperar Benjawad, a 60 quilómetros de distância de Ras Lanuf.

Num novo apelo à comunidade internacional, o porta-voz do Conselho Nacional Líbio – organismo criado em Bengasi, primeira cidade “libertada”, para dar “cara política” à rebelião – Mustafá Gheriani insistiu na necessidade de uma intervenção externa contra Khadafi. “O Ocidente tem que fazer algo, e depressa, ou este louco [em referência ao líder líbio] vai atacar os campos de petróleo. Ele é como um lobo ferido. Se o Ocidente não intervier, com ataques aéreos tácticos, ele pode deixar os campos sem funcionarem durante muito tempo.

Gheriani afirmou ainda que as forças rebeldes têm neste momento cerca de 17 mil combatentes espalhados pela região em volta da cidade de Ajdabiya, na Líbia oriental, para Leste das cidades petrolíferas de Brega e Ras Lanuf, e onde se encontra uma importante base militar com toneladas de armamento.

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