sexta-feira, 25 de março de 2011

Veiga e Santos de costas voltadas

 

A escolha de Carlos Veiga para 2º vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional poderá ter aberto novas fissuras no MpD. Jorge Santos, que ocupava esse cargo na anterior legislatura, não gostou mesmo nada de ter sido preterido e agora estará por detrás de um movimento interno para afastar Veiga da liderança do partido em 2012. Nessa lógica, um dos potenciais candidatos seria Elísio Freire, apoiante de Jorge Santos, cuja liderança da bancada parlamentar ventoinha está balançada e em risco, frente à oposição de Janine Lélis, da ‘entourage’ de Veiga.

Veiga e Santos de costas voltadas 
 
O presidente do MpD, Carlos Veiga, e o número-dois do partido, Jorge Santos, estão de costas voltadas desde a última reunião da Direcção Nacional ventoinha que indicou Veiga para o lugar de segundo-vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional. Santos, que ocupara esse cargo na anterior legislatura e esperava ser, por isso, a primeira escolha, não ficou contente com tal “despejo”, por entender que se tratou de uma “estratégia abusiva” para o afastar dos lugares de destaque. E tem-no dito aos seus pares mostrando todo o seu descontentamento pela forma como o processo se desenrolou. Afinal, Jorge Santos não quer engolir mais esta desfeita ao seu orgulho de dirigente nacional e militante extremado na defesa das causas do MpD. E promete reagir a este novo golpe que o reduz a mero deputado nacional, apesar de, teoricamente, continuar a ser vice-presidente do MpD.
“O que mais levaria Carlos Veiga a querer esse lugar no Parlamento? Ele (Veiga) goza do estatuto de ex-primeiro-ministro, com todas as regalias de um chefe de governo, pelo que podia perfeitamente liderar o partido da bancada, permitindo que outras figuras também se afirmassem no Parlamento”, elucida uma fonte próxima de Jorge Santos. A mesma fonte realça ainda que o objectivo de Carlos Veiga e do seu núcleo de apoiantes, entre eles Mário Silva e José Filomeno Monteiro, é afastar Jorge Santos e elementos da sua ala ideológica dos lugares de decisão, minimizando a sua importância política dentro e fora do MpD.
Esta teoria aplicar-se-ia a Elísio Freire, apoiante de Jorge Santos e até aqui líder da bancada parlamentar ventoinha, mas que há muito deixou de gozar da confiança política do presidente do MpD. Ao que consta, Carlos Veiga não o quer a liderar o grupo parlamentar, estando por isso a apoiar Janine Lélis. Esta, que com o marido Humberto Cardoso integra a ‘entourage’ veiguista, é candidata à liderança da bancada. José Tomás Veiga, primo, tem sido visto em campanha a favor de Janine Lélis junto dos membros da Comissão Política, órgão que irá indicar o nome do próximo líder do grupo parlamentar do MpD.
Junto dos apoiantes de Jorge Santos reina também a ideia de que estas acções mais não são do que consequências das posições que tomaram no seio do partido depois da derrota nas legislativas, alguns deles culpabilizando Carlos Veiga pelo desaire. E as relações terão ficado mais tensas desde a última DN do MpD, que confirmou a confiança no líder do partido, após boa parte dos membros ter abandonado a sala. Ainda nessa reunião, muita boa gente tentou transformar Carlos Veiga no candidato presidencial do MpD.
E para esse “volte-face” nas posições até então assumidas não só pelo próprio Carlos Veiga, como também indirectamente pelo MpD quando o fez liderar a campanha das legislativas, os seus proponentes baseavam-se nos resultados da sondagem da Afrobarómetro divulgada recentemente por A Semana. Só que, ao que este jornal apurou, tal proposta teve a oposição de Jorge Santos e seu grupo de apoiantes, o que não terá agradado aos indefectíveis de Veiga.
Igualmente agastado com a postura do presidente do seu partido, Jorge Santos terá desabafado com os seus pares que Carlos Veiga não deve continuar à frente do MpD. Segundo as nossas fontes, Santos estará por trás de um movimento com proporções a nível nacional para afastar Veiga da liderança do partido em 2012, depois das eleições autárquicas e na Convenção ordinária do partido. Ideia, aliás, defendida à boca fechada por grande parte dos militantes do MpD, garante a nossa fonte. O próprio Jorge Santos estaria a perfilar-se para reassumir a presidência do maior partido da oposição. Outro potencial pretendente seria Elísio Freire, tido como um candidato natural pelo seu percurso dentro do MpD – foi presidente da JpD e é líder do grupo parlamentar. Mais: o economista e presidente da Promitur, Olavo Correia, e Francisco Tavares, este, presidente da CM de Santa Catarina, são nomes de quem se fala, engrossando a lista de pretendentes à liderança do MpD.

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