Um sismo como o do Japão no Leste europeu seria "catástrofe nuclear mundial”
Carlos Varandas, director do Centro de Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico e presidente do Conselho de Administração da Agência Europeia para o ITER – o projecto mundial que estuda a viabilidade da fusão nuclear, uma energia nuclear quase limpa – não tem dúvidas: “Se este sismo tem acontecido no leste da Europa estaríamos perante uma catástrofe nuclear mundial”.
O fumo continua a sair da central de Fukushima nesta imagem de hoje
O especialista vai quatro a cinco vezes por ano ao Japão e em todas as vezes que visitou o país sentiu pequenos sismos. Conhece bem a realidade do nuclear no país mas, nos últimos dias, o contacto com os colegas japoneses tem sido difícil.
“É um pouco complicado saber ao pormenor o que se está a passar. Sabe-se que o sistema de arrefecimento [em quatro centrais e principalmente em Fukushima] deixou de funcionar e que isso aumentou a pressão dentro dos contentores do núcleo. Falamos na ordem de milhares de graus centígrados, o que pode provocar o derretimento do aço inox da câmara que envolve o reactor. Aí temos uma situação muito grave”, descreve Carlos Varandas.
Por tudo isto, o trabalho principal das equipas nestas centrais nucleares tem sido o arrefecimento desta câmara do reactor, recorrendo a água do mar e ácido bórico.
“Penso que a nuvem muito branca que se vê por cima da central [de Fukushima] será de vapor de água, uma vez que podem ter tido necessidade de abrir as válvulas para libertar vapor de água para aliviar a pressão. Isto não é demasiado perigoso, mas pode libertar algumas partículas radioactivas”. Daí ter ocorrido a evacuação de centenas de milhares de habitantes no raio de 20 quilómetros em torno da central, uma vez que os índices de radioactividade eram superiores ao recomendado, explica Carlos Varandas.
Para além do contentor de inox que isola o reactor, que é a primeira barreira de protecção contra a radiação, há também várias camadas de betão: “Com o sismo, este betão pode ter aberto fissuras. Não tenho informação se isso aconteceu mas é provável e isso sim é mais preocupante”. E o especialista alerta para o facto da costa do Japão onde estão instaladas as centrais estar virada para o continente americano. “Com certeza que as autoridades americanas também já estão em alerta e já ofereceram ajuda."
Segundo os serviços meteorológicos do Japão, o vento que tem soprado para sul nos últimos dias vai mudar a partir de amanhã podendo trazer mais para terra a radiação existente no ar. "Em última instância o que pode acontecer é ter de tapar o reactor com várias camadas de betão, como aconteceu em Chernobil. Isso em caso extremo”.
Carlos Varandas frisa o grau de preparação do Japão para lidar com estas situações. E a credibilidade internacional da Agência de Segurança Nuclear japonesa que está no terreno. “É um país muito bem preparado para este tipo de coisas. Se este sismo tem acontecido no Leste da Europa estaríamos perante uma catástrofe nuclear mundial. Mas, como ouvi ontem o professor Marcelo de Sousa dizer, a natureza tem mais força que o homem. E trata-se de uma central [a de Fukushima com 40 anos, que é normalmente o limite de vida de uma central nuclear”.
E em termos energéticos, não há como evitar, mesmo no caso do Japão, país com elevado risco sísmico, a energia nuclear: “O Japão não tem alternativa ao nuclear, mesmo que a quisesse evitar, devido à sua taxa elevada de industrialização”. E, em última análise, se tiver de se levar a cabo o encerramento das quatro centrais nucleares em risco – Fukushima 1 e 2 mais Tokai, a 120 quilómetros de Tóquio, e ainda Onogawa, mais a norte – a situação energética do Japão fica muito comprometida, lembra Varandas.
“É um pouco complicado saber ao pormenor o que se está a passar. Sabe-se que o sistema de arrefecimento [em quatro centrais e principalmente em Fukushima] deixou de funcionar e que isso aumentou a pressão dentro dos contentores do núcleo. Falamos na ordem de milhares de graus centígrados, o que pode provocar o derretimento do aço inox da câmara que envolve o reactor. Aí temos uma situação muito grave”, descreve Carlos Varandas.
Por tudo isto, o trabalho principal das equipas nestas centrais nucleares tem sido o arrefecimento desta câmara do reactor, recorrendo a água do mar e ácido bórico.
“Penso que a nuvem muito branca que se vê por cima da central [de Fukushima] será de vapor de água, uma vez que podem ter tido necessidade de abrir as válvulas para libertar vapor de água para aliviar a pressão. Isto não é demasiado perigoso, mas pode libertar algumas partículas radioactivas”. Daí ter ocorrido a evacuação de centenas de milhares de habitantes no raio de 20 quilómetros em torno da central, uma vez que os índices de radioactividade eram superiores ao recomendado, explica Carlos Varandas.
Para além do contentor de inox que isola o reactor, que é a primeira barreira de protecção contra a radiação, há também várias camadas de betão: “Com o sismo, este betão pode ter aberto fissuras. Não tenho informação se isso aconteceu mas é provável e isso sim é mais preocupante”. E o especialista alerta para o facto da costa do Japão onde estão instaladas as centrais estar virada para o continente americano. “Com certeza que as autoridades americanas também já estão em alerta e já ofereceram ajuda."
Segundo os serviços meteorológicos do Japão, o vento que tem soprado para sul nos últimos dias vai mudar a partir de amanhã podendo trazer mais para terra a radiação existente no ar. "Em última instância o que pode acontecer é ter de tapar o reactor com várias camadas de betão, como aconteceu em Chernobil. Isso em caso extremo”.
Carlos Varandas frisa o grau de preparação do Japão para lidar com estas situações. E a credibilidade internacional da Agência de Segurança Nuclear japonesa que está no terreno. “É um país muito bem preparado para este tipo de coisas. Se este sismo tem acontecido no Leste da Europa estaríamos perante uma catástrofe nuclear mundial. Mas, como ouvi ontem o professor Marcelo de Sousa dizer, a natureza tem mais força que o homem. E trata-se de uma central [a de Fukushima com 40 anos, que é normalmente o limite de vida de uma central nuclear”.
E em termos energéticos, não há como evitar, mesmo no caso do Japão, país com elevado risco sísmico, a energia nuclear: “O Japão não tem alternativa ao nuclear, mesmo que a quisesse evitar, devido à sua taxa elevada de industrialização”. E, em última análise, se tiver de se levar a cabo o encerramento das quatro centrais nucleares em risco – Fukushima 1 e 2 mais Tokai, a 120 quilómetros de Tóquio, e ainda Onogawa, mais a norte – a situação energética do Japão fica muito comprometida, lembra Varandas.
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